11 de abril de 2017

Santa Gemma Galgani

Apresentamos hoje uma breve exposição da vida de Santa Gemma Galgani, uma das patronas do nosso Blog.

Alma mística, viveu de maneira especial a «Passio DOMINI». Ela teve todos os sinais da Paixão de Jesus, desde o suor de sangue, e as marcas da flagelação e da coroação de espinhos, até as chagas, inclusive a do coração.

Se ela chegava muito perto do Sacrário, suas vestes, na região do coração, começavam a queimar-se, pelo fogo do amor que ela tinha a Jesus.

De fato, após sua morte, verificaram, pela autopsia, que seu coração era muito maior que o volume normal, e tinha afastado do lugar algumas costelas. Ela bem dizia que sentia-se que seu coração não cabia no peito, pois Jesus tinha colocado o Amor d'Ele dentro do seu pequenino coração.

Assim, atrás de uma singela e modestíssima aparência, esconde-se uma santa extraordinária, que convivia com os Santos Anjos e Santos de uma maneira extremamente familiar... Uma verdadeira mística, em pé de igualdade com os grandes santos da Igreja, como São Pio de Pietrelcina e muitos outros.
Gemma em êxtase

Gemma Maria Humberta Pia Galgani nasceu em 12 de março de 1878, em Camigliano, um vilarejo situado perto da cidade de Lucca, na Itália. Seu pai, era um próspero farmacêutico e descendia do Beato João Leonardi. Sua mãe era também de origem nobre. Mas muito mais nobres eram por serem profundamente cristãos e piedosos, sabendo educar seus filhos nos caminhos da santidade. Os Galgani formavam uma feliz família católica tradicional, que foi abençoada por Deus com oito filhos. Gemma foi a quinta filha, sendo a primeira menina.

Os sinais extraordinários, que mais tardes foram conhecidos, na verdade acompanharam a santa menina desde a infância, que via seu Santo Anjo da Guarda com frequência, de tal modo que pensava (assim como São Pio, e muitos outros santos também pensavam) que isto era algo normal, e que todas as outras pessoas também tinham visões e êxtases...
Santa Gemma aos 7 anos,
com sua irmã Angelina.

Aos 7 anos, quando recebeu o Sacramento da Crisma, enquanto estava em oração, ouviu Jesus lhe pedir, se Lhe davas sua mãe. A princípio exitou, dizendo: «Sim, mas se me levares  também.» «Não, respondeu Jesus, dá-Me tua mãe sem reservas. Agora ficas com teu pai. Te levarei para o Céu mais tarde.» Assim, ela fez o sacrifício de sua mãe, que morreu de tuberculose, pouco tempo depois.

Gemma foi estudar em um semi-internato, dirigido pelas monjas de Santa Zita. Lá ela se destacou entre as alunas, como piedosa e inteligente. Aos 9 anos recebeu a primeira Eucaristia (idade mais cedo do que a permitida na época). Ela suplicava: «Dá-me Jesus... e verão quão boa ficarei. Vou mudar bastante e não vou cometer mais nenhum pecado! Dá-me Jesus! O desejo tanto, não posso viver sem Ele!» Preparou-se para este tão grandioso e solene acontecimento. Fez sua Primeira Comunhão no dia 20 de junho de 1887, na Festa do Sagrado Coração de Jesus. Ela escreveu sobre este momento: «É impossível explicar o que se passou então entre mim e Jesus. Ele Se fez sentir, oh! tão fortemente na minha alma!»

Pais de Gemma
Em 1897 seu pai faleceu, deixando Gemma e o irmão na miséria, pois os credores e negociantes inescrupulosos, aproveitaram-se da extrema bondade do Sr. Erico Galgani. Gemma tinha apenas 19 anos, mas já tinha uma profunda experiência e amor no carregamento da Santa Cruz.

Por providência divina, para temperar cada vez mais sua alma no gozo da Santa Cruz, foram lhe surgindo várias doenças: uma curvatura na espinha, que lhe obrigou a usar um espartilho de ferro, que lhe causava muito sofrimento; uma meningite que a deixou temporariamente surda; grandes abscessos surgiram em sua cabeça, de modo que perdeu grande parte dos cabelos, e ainda uma paralisia em seus membros. Os médicos não conseguiam tratá-la de forma eficaz. Até que certo dia, acamada pela doença, lhe chegou às mãos a vida do então Venerável (hoje santo canonizado) Gabriel de Nossa Senhora das Dores, jovem passionista falecido em odor de santidade. Gemma, edificada pela leitura de sua vida, tornou-se devota fiel do Irmão Gabriel, como o chamava.

Assim, no dia 23 de fevereiro de 1899, à meia noite, ouviu perto de seu leito o tilintar das contas de um Rosário, e logo viu o Venerável Gabriel, que lhe aparecia, e lhe dizia: «Queres ficar curada? Reza com fé todas as noites ao Sagrado Coração de Jesus. Virei para rezar contigo a este Sacratíssimo Coração.» E assim se sucedeu, sendo que na Primeira Sexta-feira de março, no término da novena, Gemma ficava milagrosamente curada.

Agora, com perfeita saúde, ela poderia realizar um sonho que acalentou desde a infância, tornar-se monja... Mas Jesus tinha outros planos para sua vida.

Em 08 de junho de 1899, após a Santa Missa em que recebeu a Santa Comunhão, Jesus lhe disse que voltasse para casa, pois tinha uma grande Graça a lhe comunicar. Gemma voltou para casa e entrou no quarto. Logo que começou a rezar, entrou em êxtase... Sentiu uma grande contrição dos seus pecados. Nossa Senhora então lhe apareceu e disse: «Meu Filho Jesus te ama sem medidas e deseja te dar uma Graça. Eu serei uma Mãe para ti. E tu, serás uma verdadeira filha?» A Santíssima Virgem abriu seu manto, e com ele cobriu Gemma. A própria santa relata este momento:

«Naquele momento, Jesus apareceu com todas as Suas Chagas abertas, mas das Chagas não saíam Sangue, mas chamas de fogo. Num instante, aquelas chamas vieram tocar minhas mãos, meus pés e meu coração. Senti como se estivesse morrendo, e teria caído no chão, se minha Mãe não me tivesse segurado, enquanto todo esse tempo permaneci sob o seu manto.» Gemma ficou várias horas nesta posição até que Nossa Senhora beijou sua testa e desapareceu. Gemma então se viu de joelhos, mas ainda sentia uma dor indescritível nas mãos, pés e coração. Ao tentar levantar-se para ir ao leito, percebeu que saía sangue das partes onde sentia as dores. Ela os cobriu o máximo que pôde e só conseguiu subir à cama, ajudada por seu Santo Anjo da Guarda...

Algumas pessoas, incluindo sacerdotes e médicos, testemunharam este milagre dos estigmas, que se repetiram até o fim de sua vida. Uma testemunha ocular declarou: «Saía sangue dos ferimentos dela abundantemente. Quando ela estava de pé, chegava a gotejar no chão, e quando estava deitada, não apenas molhava os lençóis, mas encharcava o colchão todo.»

Estes sinais dos estigmas reapareciam particularmente quando Gemma entrava em êxtase durante as horas da Passio DOMINI (nas noites de quinta-feira pelas 20 horas até as 15 horas de sexta-feira), depois, pouco a pouco iam sumindo, permanecendo apenas uma macha, que ao chegar o domingo não deixava mais nenhum sinal.

Mas além desses estigmas, Gemma começou a manifestar também outros sinais extraordinários da Paixão, como as marcas da flagelação e coroação de espinhos e o suor de sangue, que brotava de seu corpo apenas de ouvir alguma blasfêmia.

Por causa destes sinais místicos, Gemma sofreu muito, pois no início, morava ainda na casa de umas tias, que por falta de discernimento, começaram a divulgar o fato, e chamar pessoas para vê-la em êxtase. Por este motivo, Gemma conseguiu, através de um sacerdote, o acolhimento na Casa de uma piedosa e rica família de 11 filhos, os Giannini. Assim, aos 21 anos foi acolhida pela Senhora Giannini, que mais tarde declarava sobre Gemma: «Posso jurar que, durante os 3 anos e 8 meses em que Gemma esteve conosco, nunca causou o menor problema em nossa família, e nunca vi nela o menor defeito!» Nesta casa, pode viver a piedade e o recolhimento. Jesus havia escolhido esta santa e piedosa família para proteger ali Sua Gemma dos olhares curiosos do mundo. Gemma desejava ardentemente ser religiosa passionista, mas por sua saúde frágil e por causa dos fenômenos místicos não conseguiu. Mas ela mesma profetizou que após a sua morte seria acolhida pelas monjas. De fato, após a sua morte ela foi revestida como monja passionista e hoje, seu corpo repousa no túmulo do Santuário de Santa Gemma Galgani, o Mosteiro Passionista, em Lucca, na Itália.
Padre Germano

A divina providência enviara a Gemma, um piedoso sacerdote passionista para ser seu diretor espiritual, o padre Germano de Santo Stanislau, a quem ela foi totalmente obediente. Este sacerdote logo percebeu que tinha sob seus cuidados uma alma virtuosa e extraordinária, que já tinha passado por todos os estágios da vida interior. Considerando sua vida extremamente santa e piedosa, e as coisas extraordinárias que ela lhe relatava com a maior simplicidade e naturalidade, ele obrigou-a a escrever sua biografia.



Com este diário, também aconteceu um fato extraordinário, narrado por seu diretor espiritual. O inimigo de Deus, enfurecido com este precioso escrito, que com certeza, muito bem faria às almas, tentou destruí-lo, levando-o para o inferno. É o próprio padre Germano que relata o fato:
Diário com as marcas

«Tenho aqui de relatar o que parece inacreditável, mas é um fato real e histórico, no qual não há lugar para jogo da imaginação... O manuscrito de Gemma, quando terminado, foi, sob minhas ordens, entregue aos cuidados de sua mãe adotiva, a Senhora Cecília Giannini, que o manteve escondido em uma gaveta esperando a primeira oportunidade de entregá-lo a mim. Passaram-se alguns dias e Gemma pareceu ver o demônio passar rindo pela janela do quarto onde ficava a gaveta, e então desaparecer no ar. Acostumada a tais aparições, ela não pensou em nada. Mas ele retornando logo depois para molestá-la, como acontecia frequentemente, com uma terrível tentação e tendo falhado, saiu rangendo os dentes e declarando exultante: “Guerra, guerra, o teu livro está nas minhas mãos.”


Diário dentro de relicário
Em seguida, como ela estava obrigada, por obediência, a contar tudo de extraordinário que lhe acontecesse a sua benfeitora (Cecilia Giannini), ela pensou ser obrigada a dizer-lhe o que tinha acontecido. Elas foram, abriram a gaveta e viram que o livro não estava mais lá. Escreveram-me imediatamente, e é fácil de imaginar minha consternação diante da perda de um tal tesouro. O que podia ser feito? Pensei bastante, e então, enquanto estava junto ao túmulo do Abençoado Gabriel das Dores, uma ideia nova veio à minha mente. Resolvi exorcizar o demônio e, assim, forçá-lo a devolver o manuscrito, se ele realmente o tivesse roubado. Com minha estola ritual e água benta fui até o túmulo do Abençoado Servo de Deus e lá, apesar de estar a quase 400 milhas de Lucca, pronunciei o exorcismo em sua forma regular. Deus apoiou meu ministério e, na mesma hora, o escrito foi devolvido ao lugar de onde tinha sido tirado vários dias antes. Mas, em que estado! As páginas estavam chamuscadas de cima a baixo e, em algumas partes, queimadas como se cada uma delas tivesse sido exposta separadamente a um forte fogo, ainda que elas não estivessem tão queimadas a ponto de destruir a escrita. Esse documento, tendo assim passado pelo fogo do inferno, está em minhas mãos. É verdadeiramente um tesouro, como já disse, com informações muito importantes que, se ele tivesse sido destruído, nunca teriam sido reveladas.»
Chapéu e Roupa usada por Gemma

Como relatamos no início, Gemma via seu Santo Anjo desde criança, o que para ela era algo comum. Sua pureza era tal que lhe abria esta possibilidade, pois se os puros de coração verão a Deus no Céu, com certeza, já podem também ver os Anjos na terra.

Sabe-se que Gemma vestia-se com extrema modéstia e simplicidade. Sua veste resumia-se a um vestido preto, com uma capa preta e um chapéu da mesma cor. Não tinha nenhum adorno. Esse comportamento era bem aprovado por seu Santo Anjo.

Certa vez, quando era ainda jovem, resolveu colocar uma corrente com cruz e um relógio de ouro, lembrança de sua mãe. Mas seu Santo Anjo, não tardou a exigir dela a virtude que estava a altura da santidade que Deus a chamava, e com um ar severo, lhe repreendeu: «Lembra-te de que as jóias que devem adornar a esposa de um Rei Crucificado, não são outras senão os espinhos e a Cruz


Familia Giannini que acolheu Gemma como filha adotiva
Ela recebia a graça de sua visita visível várias vezes, para lhe ajudar a rezar e lhe formar nas virtudes. Certa vez, ele pediu que ela escrevesse palavra por palavra o que ele dizia. E este Espírito Angélico de pé ao seu lado lhe foi ditando: «Lembra-te, filha, que Aquele que ama verdadeiramente Jesus fala pouco e suporta muito. Eu te ordeno, em nome de Jesus, de nunca dar a tua opinião a menos que ela seja pedida; de nunca insistir na tua opinião, mas a ficar em silêncio imediatamente. Quando tiveres cometido qualquer erro, acusa-te a ti mesma dele imediatamente sem esperar que os outros o façam... Lembra-te de guardar os teus olhos e considera que os olhos mortificados possuirão as belezas do Céu.»

Em 1902, Gemma ofereceu-se a Deus como vítima pela salvação das almas. Jesus aceitou a sua oferta, e a partir de setembro começou a ficar doente.  Seu estômago não suportava mais nenhum tipo de alimento. Em 21 de setembro de 1902 ela começou a expelir sangue por causa das violentas palpitações de amor que abrasava seu coração.

Começava ao mesmo tempo, um doloroso período, a chamada "noite escura". As consequências dos pecados que ela expiava, caiam pesadamente sobre o seu corpo e sua alma. Ela passava por um verdadeiro martírio espiritual, experimentando aridez e nenhum consolo em seus exercícios espirituais.

Além disso, o inimigo multiplicava seus ataques contra a “virgem de Lucca”. Tentando convencê-la de que ela tinha sido totalmente abandonada por Deus, usava suas diabólicas aparições e até mesmo violência física, batendo em seu delicado e puro corpo.

Uma das freiras que lhe serviu de enfermeira em sua última doença, relatou, como testemunha ocular: «Aquela besta abominável vai ser o fim da nossa querida Gema... são golpes atordoantes, e formas de animais ferozes... deixei-a, com lágrimas nos olhos, porque o demônio a está esgotando.»


Santa Gemma quando partiu para o Céu
Seu pai espiritual, padre Germano, vendo sua luta final, afirmou: «A pobre sofredora passou dias, semanas e meses desse modo, dando-nos um exemplo de paciência heroica e razões para um medo saudável pelo que pode acontecer conosco, que não temos os méritos de Gema, na terrível hora da morte».

Mesmo assim, passando por essas provações, Gemma jamais se queixou, apenas rezava. Já nos dias de sua morte, era praticamente um esqueleto vivo, mas ainda linda, apesar da devastação da doença. Entre suas últimas palavras anotadas, temos: «Não procuro mais nada; sacrifiquei tudo e todos a Deus; agora me preparo para morrer... Agora é mesmo verdade que não me resta mais nada, Jesus. Eu recomendo a minha pobre alma a Ti... Jesus!»

E então, sorrindo com um sorriso celestial, e deixando pender a cabeça para um lado, voou ao céu para os braços de Jesus, seu esposo. Era o dia 11 de abril de 1903. Apesar desta ser a data de sua partida para o Céu, data em que geralmente se festeja o santo, no Brasil, Sua Festa Litúrgica é comemorada em 16 de maio.

Para mais informações sobre Santa Gemma, sugerimos a visita nestes sites, que foram usados como fonte de consulta:


http://www.stgemma.com/
http://www.santuariosantagemma.com/
http://www.stgemmagalgani.com/

Livros indicados:



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