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9 de abril de 2020

Como na primeira Ceia...

Esta Homilia do Reverendíssimo Padre Paulo Ricardo, é uma relíquia, que deve ficar registrada na história da Igreja! Para muitos que querem tê-la por escrito, fizemos aqui a transcrição. Abaixo, colocaremos o link do vídeo do Padre. Agora, eis o texto, palavra por palavra:

Uma Ceia sem comungantes...


+ Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Meus queridos irmãos e irmãs, nós estamos celebrando a Quinta-feira Santa. E a grande Missa nós celebramos é a Missa da Ceia do Senhor, a Instituição da Eucaristia e do Sacerdócio Católico. É nessa Missa que tradicionalmente se faz também o Rito do Lava-pés. Então, popularmente ela é conhecida como Missa do Lava-pés. Este ano, provavelmente, na maior parte das Missas que celebradas no mundo não haverá lava-pés, por causa das circunstâncias de pandemia do Coronavírus.

Também vivemos uma coisa muito especial, a respeito dessas celebração da Missa da Ceia do Senhor. No dia de hoje, liturgicamente falando, era proibido que os Padre celebrassem essa Missa como "Missa privada", ou seja, só se podia celebrar essa Missa publicamente. E, portanto, os Padres, que quisessem, não tivessem condição de fazer, tinham que se unir a outros Sacerdotes para uma concelebração. Uma Missa que a Igreja quer que seja pública pela celebração da Ceia do Senhor e do Sacerdócio.

Este ano, extraordinariamente, a Santa Sé, por causa da situação de pandemia, deu então a faculdade aos Sacerdotes, todos Sacerdotes, de celebrarem esta Missa privadamente.

A maior parte das Missas são celebradas sem a presença dos fiéis, e aí, de repente, toda esta situação nos leva a viver espiritualmente este momento, esta Quinta-feira Santa de uma forma especialíssima.

Como é que eu gostaria de contribuir para que você viva isso de forma especial. Você deve estar dizendo: "Meu Deus, a Festa da Eucaristia. A Festa em que foi instituído o Santo Sacrifício da Missa, em que JESUS Se deu em Comunhão e eu não vou poder comungar! Padre, que terrível, que tragédia, que horror!"


Sim! Eu não quero amenizar em nada a dor que isso significa às almas santas, às almas devotas, às almas que verdadeiramente compreender o que é a comunhão sacramental.

Mas, nesta Quinta-feira Santa... nesta Quinta-feira Santa tão fora do normal, do padrão, nós somos chamados a nos unir à Nossa Senhora: MARIA não estava no Cenáculo! Ela estava no andar de baixo.

JESUS estava lá em cima com os doze Apóstolos celebrando a Eucaristia. JESUS estava instituindo o Sacerdócio. Foi na última ceia que JESUS ordenou os 12 Apóstolos, ordenou inclusive Judas. Foi na Última Ceia que JESUS então, instituiu extraordinariamente, misticamente, sobrenaturalmente aquele Sacramento de Amor: "Tomai... isto é Meu Corpo... Bebei... este é o Cálice do Meu Sangue e da Nova e Eterna Aliança". Os Apóstolos comungaram, mas MARIA não comungou. A Mãe Santíssima não estava lá. Por quê? Claro! JESUS estava instituindo a Eucaristia e só poderia estar presentes aqueles que iriam receber o mandato: "Fazei isto para celebrar a Minha Memória!" Esse mandato:

"Haec quotiescúmque pecéritis, in Mei Memóriam faciétis."

"Hoc fácite in meam commemorationem."


"Fazei isto na Minha Memória." Esta ordem de JESUS, é a ordenação. Mulheres não estavam, porque JESUS ordenou somente homens. Os discípulos não estavam lá, estavam somente os 12 Apóstolos. Na primeira Ceia, a primeira vez que a Eucaristia foi celebrada, a Eucaristia foi, vamos usar... não é bem isso, mas... a Eucaristia foi, uma Missa "privada". O mundo estava presente naquele Cenáculo, mas na verdade, estavam lá somente os Sacerdotes ordenados: os dignos, como São João, que se reclinou no peito de JESUS, e os indignos, como Judas, que já havia concebido o pecado de trair JESUS. Todos eles foram ordenados, todos eles comungaram. JESUS lavou os pés de cada um deles.


É nesta Noite Santa, meus queridos irmãos, que nós, Sacerdotes, que todos os anos nos inclinamos para lavar os pés dos outros no ritual do Lava-pés, este ano deveríamos nos deter um momento na frente do Sacrário, "in sinu Jesu", reclinados no peito de JESUS, e deixar que ELE nos lave os pés, como São Pedro deixou... como Judas deixou.


Sim, nesta Noite Santa, nesta noite que nós precisamos ir para JESUS. Portanto, é aqui que nós devemos nos unir, todos os fiéis católicos aos Sacerdotes, nesta noite santíssima... você como leigo, como leiga, unido à Virgem MARIA, lá fora, fora do Cenáculo, mas não fora da Comunhão espiritual.


Eu tenho certeza, pela vida de santidade e a plenitude de Graça do Coração da Virgem MARIA, que enquanto Ela estava lá mexendo com as panelas, no andar de baixo com outras mulheres santas, levando os pratos para cima... Eu tenho certeza que quando JESUS pronunciou aquela Palavra: "Isto é Meu Corpo que é dado...", um raio da Graça divina fez brotar no Coração de MARIA uma explosão de alegria, porque a Eucaristia existe! Embora, Ela não pudesse receber!


É um momento místico de nós nos unirmos à Virgem Santíssima, é momento extraordinário de nós nos unirmos à nossa Mãe, e com o mesmo coração, com os mesmo sentimentos do Imaculado Coração de MARIA, comungarmos espiritualmente... com cada Sacerdote nos recantos do mundo, que vão erguendo as Hóstias místicas e espirituais, que vão erguendo o mundo em sacrifício oferecido à DEUS!

Cada Sacerdote que celebra Missa, que eleva o Corpo de nosso Senhor e Seu Preciosíssimo Sangue, eleva o mundo, oferecendo à DEUS, nossos pecados, para que sejam perdoados, nossos atos de virtudes e de sofrimento, para que sejam coroados, e tudo isso, em Cristo oferecido.


Meus queridos, a Noite Santa da Instituição da Eucaristia também nos leva a adorar JESUS, depois da Missa "in coena Domini", da Ceia do Senhor, todos os anos estávamos tão acostumados... o Sacerdote terminava de distribuição da Comunhão, colocava a âmbula sobre o altar, e incensando o Santíssimo Sacramento... iniciava o coro: "Pange lingua gloriosi, Corporis Mysterium", "Ó língua, proclama o Mistério Glorioso do Corpo Santíssimo de Cristo. E ao som do nosso conhecido "Tão Sublime Sacramento", "Tantum ergo Sacramentum", íamos com as 'matracas' tocando na direção do altar da Reposição para passar aquela Noite, unidos a JESUS em momento de adoração com ELE, para que pelo menos até a meia noite, nós cumpríssemos aquele mandato, que miseravelmente os primeiros apóstolos não cumpriram. JESUS olhou para Pedro, Tiago e João e disse: "Não pudestes vigiar, ficar em vigília e rezar uma hora Comigo?" Durante anos e anos nós nos acostumamos na Comunidade Paroquial, distribuir os horários desta vigília durante à noite, e todos acorriam ao Sacrário... em muitos lugares isso não será possível... Mas "os verdadeiros adoradores", o Senhor os quer "em espírito e em verdade". "De tal forma, mulher, que Eu te digo que está chegando a hora, e é agora, que nem aqui e nem em Jerusalém, o PAI será adorado, mas será adorado em espírito e em verdade."


Primeiro, em verdade. Nós precisamos adorar a DEUS em verdade. Meus queridos, isso significa que quantas e quantas vezes pudemos ir ao Sacrário, adorar JESUS e simplesmente o que agente fez ocupar um lugar no genuflexório ou esquentar um banco de Capela. Nossa adoração de 'corpo presente' por assim dizer... não estávamos lá verdadeiramente 'em espírito e em verdade'.


Mas hoje, nesta Noite, nesta noite misteriosa que DEUS fez para nós, você pode enviar o seu Anjo da Guarda lá num Sacrário esquecido, num recanto deste planeta, diga ao seu Anjo da Guarda: "Vai, meu Santo Anjo, descobre, descobre um Sacrário, onde ninguém se lembrou que JESUS está lá, onde JESUS nesta noite não terá companhia de um coração adorador. Vamos adorar! Adorar JESUS!



Meus irmãos, é a noite da Eucaristia, é a noite da Adoração, é a noite de nós verdadeiramente mostrarmos que não existe paredes que nos impeça de adorar JESUS. Como aquelas paredes do Cenáculo não deixaram MARIA espiritualmente 'de fora', somente fisicamente... como aquelas paredes do Cenáculo, não impediram que MARIA comungasse espiritualmente, mas somente que comungasse sacramentalmente, nós, com a ajuda dos nossos Anjos da Guarda, com a ajuda da Virgem Santíssima e dos nossos Santos de devoção, vamos, vamos ao encontro, vamos acorrendo ao encontro do Senhor, porque é ELE que, nesta noite canto o Seu hino de louvor a DEUS!



O Arcebispo Fulton Sheen recorda que, em toda a Sagrada Escritura... não está em nenhum lugar registrado que JESUS tenha cantado, a não ser nesse momento... Quando JESUS saiu do Cenáculo para ir em direção ao Jardim da Agonia, o Getsêmani, o Horto das Oliveiras, ali JESUS cantou. JESUS saiu cantando em direção ao Seu Sacrifício.


Portanto, meus irmãos, não deixemos que este Hino de Louvor desta noite se cale. Sim, os microfones de nossas igrejas estarão desligados. Sim, os homens não ouvirão o canto, mas o canto dos Anjos, dos nossos Anjos da Guarda em cada Sacrário, o canto que brota de nosso coração, em cada lugar que está JESUS Eucarístico, o nosso canto suba aos céus, e que os Coros Celestes nos ajudem a cantar, e não deixar JESUS cantando sozinho. Com aquele mesmo impulso de caridade que você cantou um dia, junto com um grupinho, e viu que a voz estava vacilando, e você aumentou o volume da sua voz, para sustentar o canto... aumente o volume do seu coração, e sustente o canto de louvor.


Esta noite santíssima é uma noite que deve marcar nossas almas para o resto das nossas vidas... que Semana Santa será, será se ela for verdadeiramente a Semana santíssima em que nós, com nossos corações, nos voltamos para Cristo.

Que ocasião maravilhosa! Que Semana Santa diferente, sofrida, doída! Mas ao mesmo tempo, que Semana Santa de Kairós, de tempo oportuno, de impulso espiritual.


Vamos, irmãos, vamos, subamos o Getsêmani. Subamos com ELE, subamos! E se no seu coração está ali uma angústia, uma agonia pelo momento que vivemos, saiba: a sua angústia estava lá no Coração de JESUS naquela noite e nos Seus suores de Sangue, ELE carregou a sua dor.


Que o seu Anjo da Guarda venha então, de volta, para consolar você, como DEUS enviou um Anjo para consolar JESUS no Horto das Oliveiras.


DEUS abençoe você. + Em Nome do PAI, e do FILHO, e do ESPÍRITO SANTO. Amém.


Clique aqui para assistir o vídeo desta Homilia

21 de abril de 2019

Ressuscitou Verdadeiramente! Aleluia! Aleluia!


Sequência da Páscoa

Cantai, cristãos, afinal
Salve ó vítima pascal!
Cordeiro inocente, o Cristo
Abriu-nos do Pai o aprisco

Por toda ovelha imolado
Do mundo lava o pecado
Duelam forte e mais forte
É a vida que vence a morte

O Rei da vida, cativo
Foi morto, mas reina vivo!
Responde, pois, ó Maria
No teu caminho o que havia?

Vi Cristo ressuscitado
O túmulo abandonado
Os Anjos da cor do Sol
Dobrado ao chão o lençol

O Cristo que leva aos céus
Caminha à frente dos seus!
Ressuscitou, de verdade!
Ó Cristo Rei, piedade!




Sequentia Paschalis

Victimae Paschali laudes
Immolent christiani.

Agnus redemit oves:
Christus innocens Patri
Reconciliavit peccatores.

Mors et vita duello
Conflixere mirando:

Dux vitae mortuus,
Regnat vivus.

Dic nobis Maria,
Quid vidisti in via?

Sepulcrum Christi viventis,
Et gloriam vidi resurgentis:

Angelicos testes,
Sudarium, et vestes.

Surrexit Christus spes mea:
Praecedet suos in Galilaeam.

Scimus Christum surrexisse
A mortuis vere:
Tu nobis, victor Rex, miserere.

Amen. Alleluia.



31 de março de 2019

Aproximai-vos confiadamente...!

Estamos entrando no mês em que celebramos a Paixão e morte de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, assim como a vitória da Ressurreição e a Festa da Misericórdia. Neste tempo, os cristãos são convidados, de maneira especial, a aproximarem-se do Sacramento do Perdão.


Embora atualmente, já seja bem comum para muitos católicos buscar a Confissão mensalmente, ou até semanalmente, existem ainda um grande número de pessoas que tem muita dificuldade com este Sacramento.

Quando Jesus caminhava pelas terras de Israel e curava os doentes, perdoando seus pecados, os judeus indignados gritavam: “Só Deus pode perdoar os pecados!” (Mc 2,7). De fato, só Deus pode perdoá-los; mas o que eles não sabiam, ou não queriam crer, era que Jesus é Deus. Hoje, passados mais de dois mil anos de Sua Ressurreição, muitos continuam dizendo tal qual os fariseus: “Eu me confesso diretamente com Deus, pois só Ele pode perdoar os pecados!”; “Ah! Não vou confessar com um padre, que pode ser até um homem mais pecador do que eu!”; “Não tenho pecado! Nunca matei, nem roubei!”

Após a Sua ressurreição, Jesus apareceu aos Apóstolos, soprou sobre eles e disse: “A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Atos 20,21-23). Mas alguém poderia ainda questionar: “Ah! Mas isso era com os apóstolos! Eles morreram! Os padres de hoje não podem fazer isso!” Bem, veja em Atos 1,16-26, nos primeiros dias da Igreja nascente, o exemplo claro do que hoje a Santa Igreja chama de sucessão apostólica: a eleição de São Matias.

O poder que Jesus tem de perdoar os pecados, Ele confiou aos Seus apóstolos, e isso vem sendo passado de geração em geração até os nossos dias. Assim, no Sacramento da Confissão, não é o padre que está dando o perdão, pois naquele momento, ele age “in Persona Christi”, ou seja, na Pessoa de Cristo. Quem perdoa é Jesus, que usa do sacerdote como um canal para derramar Seu perdão e Sua Graça.

São Paulo afirmou: “Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo, por Cristo, e nos confiou o Ministério desta Reconciliação... e pôs em nossos lábios a mensagem da Reconciliação. Portanto, desempenhamos o encargo de Embaixadores em Nome de Cristo, e é Deus mesmo que exorta por nosso intermédio. Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus!” (II Cor 5,18-20).

“Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade. Se pensamos não ter pecado, nós O declaramos mentiroso e a Sua palavra não está em nós” (I Jo 1,8-10).

“Confessai os vossos pecados uns aos outros” (Tg 5,16). Quão Bom é Deus, pois podemos confessar com o sacerdote, que nos compreende em nossas misérias, pois é ser humano pecador como nós, e não precisamos nos confessar com os Anjos, que são Seres Puríssimos, diante dos quais, muitos, apenas por vê-los, caíram por terra aterrorizados (cf. Mt 28,4).

Mas... o que está por trás de todos estes questionamentos, é o mesmo ponto: vergonha, respeito humano, orgulho. São João Bosco dizia que os pecados que mais levam para o Inferno são os pecados de “respeito humano”. Este pecado fere diretamente o Primeiro Mandamento, de amar a Deus acima de tudo, pois se dá um respeito às situações humanas acima do respeito e temor que se deve dar a Deus. Assim, pela vergonha do que o outro pode pensar, muitas vezes se cala um pecado a vida toda, e se perde eternamente, e assim, “inutiliza os meios tão poderosos e eficazes de que Deus se serve para nos atrair a Si.”

“Ó alma, quem quer que sejas neste mundo, ainda que teus pecados sejam negros como a noite, não temas a Deus, tu, frágil criança, porque grande é o poder da Misericórdia Divina!” (Sta. Faustina; D.1652). “Aproximemo-nos, pois, confiadamente do Trono da Graça, a fim de alcançar Misericórdia e achar a Graça de um auxílio oportuno.” (Heb 4,16).

Não há pecado, por maior que seja, que não possa ser perdoado pela Misericórdia de Deus. O pecado contra o Espírito Santo, no qual se diz que não tem perdão, é aquele pecado de quem se obstina na incredulidade, de não crer no Amor e no Perdão de Deus; afinal, Ele não obriga ninguém a receber o Seu perdão, mas, ao mesmo tempo, “o amor de Cristo nos constrange” – dizia São Paulo – afirmando ainda: “Eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós”. (cf. II Cor 5,14; Rom 5,8). Veja! Ele já morreu por amor a você, mesmo antes de você nascer! Mesmo sabendo que você cometeria todos estes pecados! Mesmo assim, Ele quis te criar. E foi também a seu respeito, que Ele suplicou: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34).

Então! Aquela alma que lia esse artigo, entrou em si e refletiu: “Ó Senhor, quantas graças deixastes para mim, através da Santa Igreja, pelos Sacramentos! «Enquanto me conservei calado, mirraram-se-me os ossos, entre contínuos gemidos, pois, dia e noite, Vossa Mão pesava sobre mim; esgotavam-se-me as forças como nos ardores do verão.» Mas, já sei o que irei fazer: «Vou confessar o meu pecado, e não mais dissimular a minha culpa. Sim, vou confessar ao Senhor a minha iniquidade.» (cf. Sal 31). Criarei coragem, levantar-me-ei, irei ao sacerdote, e direi: “Padre, há tanto (tempo) não me confesso, e os meus pecados são esses...”

Depois que aquela alma colocou-se diante de uma imagem de Jesus Crucificado, e junto à Santíssima Mãe Maria, fez o Exame de Consciência, foi à Igreja e, no Confessionário, falou tudo o que lembrava, sem nada ocultar, o Sacerdote lhe disse: “Deus, Pai de Misericórdia, que, pela Morte e Ressurreição de Seu Filho, reconciliou o mundo Consigo e enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo Ministério da Igreja, o perdão e a paz.” E continuando, in Persona Christi, completou: “Eu te absolvo dos teus pecados, em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.”

Nesse momento, essa alma estava tão feliz que, entre lágrimas, respondeu apenas: 'Amém!', e nem percebeu que, quando, “estava ainda longe, seu Pai o viu” e, após a Confissão, Ele ”movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou... e falando aos servos (Anjos), disse: Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lhe, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés... Façamos uma festa, pois este Meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado” (Lc 15,20-24).

Agora, imaginemos: E se não existisse a Confissão? Imagina se, depois que pecássemos, não tivéssemos mais nenhuma chance, e fossemos condenados para sempre?! Mas o Pai Eterno nos dá a oportunidade de recomeçarmos, e nos dá o Seu perdão, “pelo Sangue de Cristo... que purifica a nossa consciência das obras mortas” (cf. Hb 9,14).

Que grande Graça do Amor e Misericórdia de Deus! O perdão é para todos: para você, para mim! O perdão só não está disponível para aquele que acha que não precisa dele. Este Sacramento é o Trono da Graça de Deus, aproveitemos dele enquanto podemos, e lembremos que: “o Confessionário é o único Tribunal onde você entra como réu, declara-se culpado, e sai absolvido.” Deus é Bom!

29 de março de 2018

Via-Sacra ditada por JESUS à Ir. Josefa Menendez, mística falecida em odor de santidade

Pode-se rezar no início de cada Estação, a Jaculatória:
D.: Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor JESUS CRISTO, e Vos bendizemos;
T.: Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo!

E no fim de cada Estação, pode-se rezar:
D.: Ave Maria... Tende piedade de nós, Senhor!
T.: Tende piedade de nós!
D.: Que as almas dos fieis defuntos,
T.: pela Misericórdia de Deus, dencansem em paz. Amém.

Nosso Senhor JESUS CRISTO fez esta Via-Sacra com a Irmã Josefa na quarta-feira da Semana Santa, em 28 de março de 1923.

«Josefa, vem Me contemplar no doloroso caminho do Calvário no qual vou derramar meu Sangue. Adora-o e oferece-o a Meu PAI Celestial para que sirva à salvação das almas.


1ª Estação: JESUS é condenado à morte

Escuta como pronunciam contra Mim a sentença de morte. Vê com que silêncio, paciência e mansidão meu Coração a recebe.

Almas que procurais imitar minha conduta, aprendei a guardar silêncio e a serenidade diante do que vos contraria.

Orações que Josefa rezava depois de cada Estação:
- PAI Eterno, recebei o Sangue Divino que JESUS CRISTO, Vosso Filho, derramou na Sua Paixão. Por Suas Chagas, por Sua cabeça traspassada pelos espinhos, por Seu Coração, por Seus méritos divinos, perdoai as almas e salvai-as.
- Sangue Divino do meu Redentor, adoro-vos com grande respeito e grande amor para reparar os ultrages que recebestes das almas.

2ª Estação: JESUS com a Cruz às costas

Olha a Cruz que põem sobre os meus ombros. Grande é o seu peso, porém muito maior é o amor que sinto pelas almas.

Almas que me amais, comparai o vosso sofrimento com o amor que Me tendes e não deixeis que o desânimo apague a chama deste amor.

Oração para depois de cada Estação: PAI Eterno, recebei o Sangue Divino que JESUS...

3ª Estação:  JESUS cai pela primeira vez

O peso da Cruz Me faz cair por terra, porém o zelo pela salvação das almas Me faz levantar e Me dá novo ânimo para seguir o caminho.

Almas que chamei para partilhar o peso da Minha Cruz; vede se vosso zelo pelas salvação das almas, vos dá nova vida para prosseguir no caminho da abnegação e da renúncia, ou se vosso amor próprio excessivo, abate vossas forças e não vos deixa suportar o peso da Cruz.

Oração para depois de cada Estação: PAI Eterno, recebei o Sangue Divino que JESUS...

4ª Estação: JESUS encontra Sua aflita Mãe

Aqui encontro minha santíssima e querida Mãe. Contempla o martírio destes dois Corações; porém, a dor de um e da do outro se reunem para se fortalecer mutuamente, e embora doloroso, o amor triunfa.

Almas que caminhais pela mesma senda e tendes o mesmo ideal, que a vista de vossos mútuos sofrimentos vos anime e vos fortaleça para que o amor triunfe. Que a união na dor vos sustente e vos faça abraçar generosamente os espinhos do caminho.

Oração para depois de cada Estação: PAI Eterno, recebei o Sangue Divino que JESUS...

5ª Estação: JESUS recebe socorro do Cireneu

Olhai como este homem aceita por um pequeno interesse essa carga penosa e cruel. Olhai também como Meu Corpo vai perdendo as forças.

Almas que abraçastes o estado de perfeição, se a vossa coragem fraqueja diante do esforço que supõe a luta contra a natureza, considerai que vos haveis comprometido a levar minha cruz não por uma pequena quantia nem por um gozo passageiro, senão para adquirir a vida eterna, procurar a mesma ventura a muitas outras almas.

Oração para depois de cada Estação: PAI Eterno, recebei o Sangue Divino que JESUS...

6ª Estação: JESUS imprime a Face no véu de Verônica

Olhai a caridade com que essa mulher vem enxugar Meu rosto e como por amor vence todo respeito humano.

Ah! Vós que por amor haveis abandonado o mundo e o que mais amáveis, não deixeis que agora um ligeiro temor de perder a reputação ou a fama, vos impeça de enxugar Meu rosto com atos de generosidade e de amor. Vede como o Sangue O cobre!

Oração para depois de cada Estação: PAI Eterno, recebei o Sangue Divino que JESUS...

7ª Estação: JESUS cai pela segunda vez

A Cruz esgota Minhas forças. O caminho é longo e penoso. Ninguém se apresenta para sustentar-Me e Minha angústia é tal, que caio pela segunda vez.

Não desanimeis, almas que caminhais após Mim, se em vossa vida sem consolo humano e cheia de aridez, vos virdes abandonados de todo consolo espiritual. Reanimai-vos à vista de vosso Modelo no caminho do Calvário. Vede que é pela segunda vez que cai, porém se levant e segue seu caminho até o fim. Se quiserdes tomar um pouco de força, vinde e beijai-Lhe os pés.

Oração para depois de cada Estação: PAI Eterno, recebei o Sangue Divino que JESUS...

8ª Estação: JESUS fala às mulheres

As mulheres de Jerusalém choram ao ver-Me em tal estado de ingomínia. O mundo chora diante do sofrimento, porém, Eu vos digo, almas que me seguis pelo caminho estreito, que mais tarde o mundo vos verá andar por vastos prados floridos, ao passo que ele e os seus, caminharão sobre o fogo que eles mesmos se prepararam com seus gozos.

Oração para depois de cada Estação: PAI Eterno, recebei o Sangue Divino que JESUS...

9ª Estação: JESUS cai pela terceira vez

Olha que já estou perto do Calvário e caio pela terceira vez. Deste modo darei forças às pobres almas que próximas da morte eterna, se enterncerão com o Sangue das feridas causadas por esta terceira queda; este lhes dará Graça para se levantarem uma última vez e chegar a conseguir a vida eterna.


Almas que desejais imitar-Me, não recuseis nunca um ato que vos custe, ainda que vos produza novas feridas! Que importa! Esse sangue dará a vida a uma alma. Imitai vosso Modelo que se adianta até o Calvário.


Oração para depois de cada Estação: PAI Eterno, recebei o Sangue Divino que JESUS...


10ª Estação: JESUS é despojado de Suas vestes

Olhai com que crueldade Me despojam de Minhas vestes. Contemplai como permaneço em silêncio e num abandono total.

Deixai-vos despojar de tudo o que possuis, seja de vossos bens ou de vossa vontade própria. Em troca, Eu vos cobrirei com a túnica da pureza e com os tesouros de Meu próprio Coração.


Oração para depois de cada Estação: PAI Eterno, recebei o Sangue Divino que JESUS...


11ª Estação: JESUS é pregado na Cruz

Já cheguei ao cimo do Calvário, onde vou entregar-Me à morte. Já me colocam e pregam na Cruz. Nada tenho; nem mesmo a liberdade para mover a mão ou o pé. Porém não são os pregos, mas o amor que me prende, por isso não sai dos Meus lábios nem uma queixa, nem um suspiro.

Vós que estais pregadas na Cruz da vida religiosa e presa a ela pelos vossos Votos, que são os pregos do amor, não vos queixeis, não murmureis, quando estes cravos benditos vos rasagarem as mãos e os pés. Vinde e beijai os meus, aqui encontrareis força.


Oração para depois de cada Estação: PAI Eterno, recebei o Sangue Divino que JESUS...


12ª Estação: JESUS morre sobre a Cruz

A Cruz é Minha companheira no caminho do Calvário e na Cruz exalo o meu último suspiro.

Almas que tivestes a Cruz por companheira inseparável durante a vossa vida, ficai certas de que em seus braços exalareis vosso último suspiro; porém, ficai certas também que ela será a porta por onde entrareis na vida. Abraçai-a com ternura e amai-a como o maior de vossos tesouros.


Oração para depois de cada Estação: PAI Eterno, recebei o Sangue Divino que JESUS...



13ª Estação: JESUS é descido da Cruz

Olhai com que caridade este homem justo se encarrega de descer Meu Corpo da Cruz. Coloca-O nos braços de Minha Mãe. Ela O adora; beija-O, deixa cair suas lágrimas sobre Meu rosto e sobre todos os meus membros. Depois, O entrega aos que vão embalsamá-Lo e depositá-Lo no Sepulcro.

Almas escolhidas e chamadas para serem esposas e vítimas, vinde! Tomai Meu Corpo e embalsamai-O com o aroma de vossas virtudes. Adorai Suas chagas. Beijai-as e deixai que as lágrimas caiam sobre o Meu Corpo.
Dizei também uma palavra de consolo à minha querida Mãe, que é também vossa.


Oração para depois de cada Estação: PAI Eterno, recebei o Sangue Divino que JESUS...


14ª Estação: JESUS é sepultado

Olhai com que delicadeza Me põe no Sepulcro. É novo e portanto limpo da mais ligeira macha.

Almas que Me estais unidas por laços tão estreitos como são os vossos votos, procurai todas delicadezas que vos inspire o amor, a fim de que vosso coração esteja limpo e ornado para sepultar-me por um amor terno, um amor fore, um amor constante e generoso.


Oração para depois de cada Estação: PAI Eterno, recebei o Sangue Divino que JESUS...


Oração final

Ó Meu PAI! Ó PAI Celeste! Vede as Chagas de Vosso Filho e dignai-Vos recebê-las a fim de que as almas se abram à Vossa Graça.

Os pregos que traspassaram Suas Mãos e Seus Pés traspassem os corações endurecidos, Seu Sangue os cubra e os mova ao arrependimento.

O peso da Cruz sobre os ombros de JESUS, Vosso Divino Filho, obtenha que as almas descarreguem seus crimes no Tribunal da Penitência.

Ofereço-Vos, ó PAI Celeste, a Coroa de espinhos de Vosso Filho bem-amado. Pela dor que ela Lhe causou, fazei que as almas se deixem penetrar com verdadeira contrição de seus pecados.

Ofereço-Vos, ó Meu PAI, ó DEUS de Misericórdia, o abandono de Vosso Filho sobre a Cruz, Sua sede e todos os Seus tormentos, a fim de que os pecadores encontrem consolo e paz na dor de suas faltas. 

Enfim, ó DEUS cheio de compaixão, em nome da perseverança com a qual JESUS CRISTO, Vosso Divino Filho, Vos rogou por aqueles que O crucificavam, peço-Vos e suplico-Vos concedais às almas o amor do próximo e a perseverança no bem.

E assim como os tormentos de Vosso Filho bem-amado terminaram na bem-aventurança sem fim, assim também sejam os sofrimentos das almas que fazem penitência; eternamente coroadas com a recompensa da Vossa Glória. Amem.

Reza-se ainda: 1 Pai-nosso; 1 Ave-Maria e 1 Glória, nas intenções do Sumo Pontífice, para alcançar as indulgências desta santa devoção.

Irmã Josefa no seu humilde trabalho.
Ela costumava entrar em êxtase
mesmo durante o trabalho cotidiano.
Uma breve apresentação: Irmã Josefa Menendez foi uma moça humilde e temente a DEUS. Nasceu em Madrid a 4 de fevereiro de 1890. Nasceu em uma família pobre, mas profundamente católica, e com seu trabalho de costureira ajudou no sustento da família.

Em 1919, com 29 anos, foi aceita como Irmã Coadjutora na Sociedade do Sagrado Coração. E foi entre os tarefas humildes da cozinha, rouparia e trabalhos comuns que JESUS revelou a ela os Segredos do Seu Sagrado Coração. As revelações de JESUS e os fatos da vida desta grande mística estão descritos em um livro entitulado "Apelo ao Amor". Livro belíssimo!

Veja mais sobre a vida da Irmã Josefa no Blog "Heronínas da Cristandade": http://heroinasdacristandade.blogspot.com.br/2016/09/soror-josefa-menendez-e-as-mensagens-do.html

25 de março de 2018

A Paixão de Cristo segundo o médico cirurgião

Esta meditação abaixo foi retirada dos escritos de Pierre Barbet, um médico cirurgião católico, que durante muitos anos estudou o Santo Sudário confrontando-o com as passagens Bíblicas relativas à paixão de JESUS.

Ele deixou um livro sobre o assunto, chamado:
"A Paixão de Cristo segundo o Cirurgião".


«Eu sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por treze anos vivi em companhia de cadáveres e durante a minha carreira estudei a fundo anatomia. Posso portanto escrever sem presunção:

1) A Paixão, na verdade começou no dia de Natal, pois que JESUS, em Sua onisciência, soube sempre, sempre viu e quis os sofrimentos que aguardavam Sua Humanidade. O primeiro Sangue derramado por nós foi o da Circuncisão, oito dias após o Natal. Bem se pode imaginar o que será para um homem a previsão exata de seu martírio. 

No entanto, é no Getsêmani que vai começar o holocausto. JESUS, tendo feito os Seus comerem a Sua Carne e beberem o Seu Sangue, os conduz noite adentro para o Jardim das Oliveiras, como de costume.


Deixa-os se acomodarem  perto da entrada, conduz um pouco além seus três íntimos, afasta-Se à distância de uma pedrada, para se preparar orando. Sabe que Sua hora está chegando...



[Então] "começou a ter pavor e a angustiar-Se" (Mc 14,33). Contém esta taça, que deve beber, duas amarguras: a primeira é o ter de assumir os pecados dos homens, ELE, o Justo, para resgatar Seus irmãos e é, sem dúvida, o mais duro: uma prova que não podemos imaginar... "PAI, se queres, afasta de Mim este cálice; no entanto, que não se faça a minha vontade, mas a Tua." (Lc 22,42)

A luta é simplesmente espantosa; um Anjo vem reconfortá-Lo... "E Seu suor tornou-se como coágulos de Sangue caindo pela terra." (Lc 22,44).

Notemos que o único evangelista que relata o fato é um médico. E nosso venerado Lucas... o faz com precisão de um clínico. A hematidrose é um fenômeno raríssimo. Se produz em condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo.

O terror, susto, a angústia terrível de sentir-Se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado JESUS. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o Sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então escorre por todo o corpo até a terra.

Notai que essa hemorragia microscópica se produz em toda a pele, que fica portanto atingida e prejudicada em seu conjunto, e de algum modo, dolorida e mais sensível para todos os golpes futuros.

2) Conhecemos a farsa do Processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de JESUS a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede, e então ordena a flagelação de JESUS. Os soldados despojam JESUS e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. 


A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos.

As marcas do Sudário de Turim são inúmeras; a maior parte das chicotadas são sobre os ombros, sobre as costas, sobre a região lombar e também sobre o peito.

De acordo com as marcas deixadas no Sudário, os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra.


A cada golpe JESUS reage em um sobressalto de dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de Sangue.

3) Depois, vem o escárnio da Coroação. Com longos espinhos, mais duros que os da [planta] Acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (e os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo). No Sudário se percebe que um forte golpe de bastão - dado obliquamente - deixou sobre a Face direita de JESUS um horrível ferimento pisado; o nariz foi deformado por uma fratura da cartilagem.


4) Pilatos, depois de ter mostrado aquele Homem dilacerado à multidão feroz, O entrega para ser crucificado. Colocam sobre os ombros de JESUS o grande braço horizontal da Cruz; pesa uns cinqüenta quilos.

A estaca vertical já está plantada sobre o Calvário. JESUS caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheia de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O percurso, felizmente, não é muito longe, cerca de 600 metros. Mas JESUS, fatigado, arrasta um pé após o outro, e frequentemente cai sobre os joelhos. Seus ombros estão cobertos de chagas! Quando ELE cai por terra, a viga lhe escapa, escorrega, e Lhe esfola o dorso.

5) Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas a sua túnica está colada nas chagas e tirá-la produz dor atroz.

Quem já tirou uma atadura de gaze de uma grande ferida percebe do que se trata. Cada fio de tecido adere à carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um puxão violento. Há um risco de toda aquela dor provocar um desmaio, mas ainda não é o fim.

O sangue começa a escorrer. JESUS é deitado de costas, as Suas chagas se incrustam de pó e pedregulhos. Depositam-No sobre o braço horizontal da Cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração dos pregos. Horrível suplício!

Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), apoiam-no sobre o pulso de JESUS, com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira.

JESUS deve ter contraído o rosto assustadoramente. O nervo mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que JESUS deve ter provado: uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se pelos ombros, atingindo o cérebro. A dor mais insuportável que um homem pode provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos: provoca uma síncope e faz perder a consciência. 

Em JESUS não. O nervo é destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o Corpo for suspenso na Cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará três horas (seis horas, segundo o Evangelho de São Marcos).

O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam JESUS, colocando-O primeiro sentado e depois em pé; consequentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam-se à estaca vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da Cruz sobre a estaca vertical. Os ombros da vítima esfregam dolorosamente sobre a madeira áspera.

A ponta cortante da grande coroa de espinhos penetram o crânio. A cabeça de JESUS inclina-Se para frente, uma vez que o diâmetro da coroa o impede de apoiar-Se na madeira. Cada vez que o Mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudas de dor.

Pregam-lhe os pés.

Ao meio-dia JESUS tem sede. Não bebeu desde a tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue. A boca está semiaberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, Lhe queima, mas ELE não pode engolir. Tem sede.

Um soldado Lhe estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz.

Um estranho fenômeno se produz no corpo de JESUS. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos, se curvam. É como acontece a alguém ferido de tétano. A isto que os médicos chamam tetania, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. 

O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. JESUS respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, Seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois Se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico. JESUS é envolvido pela asfixia. Os pulmões cheios de ar não podem mais se esvaziar. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita.

Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, JESUS toma um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforça-Se a pequenos golpes, Se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração torna-se mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial. Por que este esforço? Porque JESUS quer falar: “PAI, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem!”

Logo em seguida o Corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ELE na Cruz: cada vez que ELE quer falar, deverá levantar-Se tendo como apoio o prego dos pés. Inimaginável dor!

Atraídas pelo sangue que ainda escorre e pelo coagulado, enxames de moscas zunem ao redor do Seu Corpo, mas ELE não pode enxotá-las. Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura diminui. Logo serão três da tarde. JESUS luta sempre: de vez em quando Se eleva para respirar. A asfixia periódica do infeliz que está destroçado. Uma tortura que dura três horas (seis horas segundo São Marcos).


Todas as Suas dores, a sede, as câimbras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, Lhe arrancam um lamento: “Meu DEUS, Meu DEUS, porque Me abandonastes?”.

Depois, JESUS grita: “Tudo está consumado!”.

Em seguida num grande brado diz: “PAI, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito”.

E morre. Em meu lugar e no seu!»

O crucifixo esculpido pelo médico 'Charles Villandre'
segundo o Sudário

Doutor Pierre Barbet
NOTA: Pierre Barbet (1884-1961), foi um francês católico, médico e cirurgião-chefe do Hospital Saint Joseph em Paris. Depois de largo estudo sobre o Santo Sudário de Turim, e também baseado em sua experiência nos Campos de Batalha da Primeira Guerra Mundial, ele escreveu a conclusão de seu estudo intitulando-o: "Um médico no Calvário", que depois resultou no livro A Paixão de Cristo segundo o cirurgião.

«O doutor Pierre Barbet como cirurgião, impressionou-se com os sofrimentos físicos de Cristo.

Os Evangelistas, narrando a Paixão do Senhor, dizem que Ele foi flagelado, coroado de espinhos e crucificado. Mal podemos imaginar o que contêm estas expressões.

Doutor Barbet estudou vinte anos o assunto. A luz da anatomia revelou-lhe sofrimentos tão tremendos no Senhor que ele não resiste mais fazer a Via-Sacra! Ouvindo a exposição de suas pesquisas, [o Papa Pio XII, na época ainda Cardeal Pacelli] pálido de emoção exclamou: "Não sabíamos disto! Ninguém nô-lo havia dito!"» (texto da contra-capa do livro: A Paixão de Cristo segundo o cirurgião - Edições Loyola).