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2 de agosto de 2018

Nossa Senhora Rainha dos Anjos, a Porciúncula e o Perdão de Assis




Dia 02 de agosto é comemorado em toda Igreja a Festa de Nossa Senhora Rainha dos Anjos e o Perdão de Assis.

Esta piedosíssima tradição - como tantas outras - tem sua origem com São Francisco de Assis.

Conta a Legenda Franciscana que em uma noite do Ano do Senhor de 1216, São Francisco, mergulhado em oração e contemplação, na Igreja da Porciúncula, entrou em êxtase. A pequenina Igreja foi invadida por uma grande luz, e o Santo viu sobre o altar Cristo, e à direita, Sua Mãe Santíssima, cercada por uma multidão de Santos Anjos. Francisco prostrou-se com o rosto no chão e adorou o Senhor.

Então, eles lhe perguntaram o que ele queria para a salvação das almas. Francisco respondeu: "Santíssimo Pai, embora eu seja um mísero pecador, Vos peço para todos que, arrependidos e confessados, que vierem visitar esta Igreja, seja concedido o perdão total e generoso, com a remissão completa de todas as culpas."

O Senhor respondeu: "Aquilo que tu pedes, ó Francisco, é muito grande, mas de maiores coisas você é digno, e maiores você terá. Acolho esta tua oração, mas na condição que tu pergunte ao Meu Vigário na terra, da minha parte, esta indulgência."

Francisco apresentou-se assim ao Papa Honório III, que naqueles dias estava em Perúgia e com humildade lhe contou a visão que teve. O Santo Padre ouviu-o atentamente, e depois de algumas dificuldades, deu a aprovação, perguntando-lhe: "Por quantos anos você quer esta indulgência?" Ao que Francisco respondeu: "Santo Padre, não peço anos, mas almas!"

E feliz dirigiu-se para a porta, mas o Pontífice o chamou: "Mas como! Você não quer documentos?!" E Francisco respondeu: "Santo Padre, me basta a vossa palavra. Se esta indulgência é de Deus, Ele pensará como manifestar a Sua Obra. Não preciso de nenhum documento. Esta carta deve ser a Virgem Maria, Cristo seu notário e os Santos Anjos as testemunhas."

E assim, as mesmas graças de Indulgência - sob as condições necessárias para obtê-la - que todas as pessoas que peregrinavam até Roma conseguiam, também foi concedida a todos os que fossem à Porciúncula.

Depois, esta Indulgência do Perdão de Assis, passou a ser para todas as Igrejas Franciscanas do mundo. E mais tarde, o Santo Padre Papa Paulo VI, estendeu este Dom para toda Igreja. Assim, toda pessoa que visitasse - desde o meio-dia de 01 de agosto até a meia-noite de 02 de agosto - uma Capela, Igreja, Santuário, pode alcançar o Dom da Indulgência Plenária; mas sob as mesmas condições habituais. Veja mais abaixo.

Assim, o que tornou conhecido em todo o mundo a Porciúncula, foi este singular previlégio, que atende pelo nome de Perdão de Assis, realizado na Festa de Nossa Senhora Rainha dos Anjos.

Esta pequenina Igreja da Porciúncula - que hoje se encontra dentro da Basílica de Nossa Senhora Rainha dos Anjos, em Assis - foi o berço da Família Franciscana. Lá São Francisco recebeu muitas graças.  Lá morou com seus primeiros frades. Lá cortou os cabelos de Santa Clara e a consagrou como Esposa de Cristo. E foi neste solo sagrado que os Santos Anjos vieram buscar sua alma para levá-la ao Céu.


Diz na Legenda Maior 2,8: "O santo homem amou este lugar mais do que os outros lugares do mundo; pois aqui ele começou humildemente, aqui ele progrediu virtuosamente, aqui ele terminou de maneira feliz, e na morte recomendou este lugar aos irmãos como o mais caro à Virgem".



O pai Seráfico dizia a seus frades: "Cuidai, filhos, para nunca deixardes este lugar. Se fordes expulsos por uma parte, entrai de novo por outra; pois este lugar é verdadeiramente santo e habitação de Deus. Aqui, quando éramos poucos, o Altíssimo nos aumentou; aqui, com a luz de Sua Sabedoria, ele iluminou os corações de seus pobres; aqui, com o fogo do seu amor, inflamou as nossas vontades. Quem rezar aqui com o coração devoto obterá o que pedir, e aquele que o ofender será mais gravemente punido. Por esta razão, filhos, tende em toda honra este lugar da habitação de Deus." (I Celano, 106)

"Francisco, o servo de Deus, pequeno de estatura, humilde de espírito, menor por profissão, enquanto vivia no mundo, escolheu do mundo para si e para os seus uma 'pequena porção' (...). Desde os tempos antigos se chamava Porciúncula o lugar que devia caber por sorte àqueles que absolutamente nada desejavam ter no mundo." (II Celano, 18)

Não se sabe com certeza a origem desta Capela, que foi doada pelos Beneditinos à São Francisco, mas segundo a tradição, foi construída por um grupo de peregrinos que voltavam da Terra Santa, e que nela era venerada uma relíquia do túmulo de Nossa Senhora.

Conta-se que quando os fiéis se reunião lá para rezar, era possível a alguns, ouvirem os Coros dos Anjos, e foi daí que se originou a denominação Nossa Senhora Rainha dos Anjos, que anos mais tarde deu nome à Basílica que cobre a pequena Capelinha da Porciúncula.

Já a data de 02 de agosto, foi determinada para celebrar Nossa Senhora dos Anjos, porque foi neste dia que São Francisco recebeu a indulgência do Perdão, que anos mais tarde veio a ser celebrado por toda a Santa Igreja por um decreto do Papa Pio XII.

CONDIÇÕES PARA RECEBER A INDULGÊNCIA PLENÁRIA DE PERDONO D'ASSISI
(para si ou para os falecidos)

Tal indulgência é lucrável, para si ou para as almas do Purgatório, para todos os fiéis que, a partir do meio-dia de 1º de agosto até meia-noite de 02 de agosto, visitar uma Igreja Franciscana, qualquer outra Basílica Menor, Catedral ou Igreja Paroquial.

As condições para adquirir o Perdão de Assis são aquelas prescritas para todas as Indulgências Plenárias, a saber:

1. Confissão Sacramental para estar na Graça de Deus (nos oito dias anteriores ou posteriores) e rejeição a qualquer pecado;
2. Participação na Santa Missa com Comunhão Eucarística;
3. Visita à igreja da Porciúncula (ou conforme explicado acima) e recitar algumas orações. Em particular:
4. Rezar nas intenções do Santo Padre, o Papa (Credo, o Pai Nosso, Ave Maria e Glória), para reafirmar a sua pertença à Igreja, cujo fundamento e centro visível de unidade é o Romano Pontífice.

Oração a Nossa Senhora Rainha dos Anjos


Augusta Rainha dos Céus e Senhora dos Anjos, vós que recebestes de Deus o poder e a missão de 'esmagar' a cabeça de satanás, humildemente vos rogamos, que envieis as Legiões Celestes, para que às vossas ordens, persigam os demônios, combatendo-os por toda parte, reprimam sua audácia, precipitando-os no abismo. Quem como Deus?! Ó Bondosa e Carinhosa Mãe, vós sereis sempre o nosso amor e a nossa esperança! Ó Divina Mãe, enviai os Santos Anjos em nossa defesa, afastando para longe de nós o cruel inimigo. São Miguel e todos os Santos Anjos, combatei e rogai por nós! Amen.

15 de agosto de 2017

Quaresma de São Miguel Arcanjo

A "Quaresma de São Miguel Arcanjo" surgiu com São Francisco de Assis, que tinha uma grande devoção pelo Arcanjo. No ano de 1224, terminando a Festa da Assunção de Nossa Senhora, São Francisco foi para o monte Alverne, buscando um local distante do povoado, e propício para a oração. Chegando lá, decidiu dedicar 40 dias de oração e jejum em honra do Arcanjo, e em preparação de sua Festa (dia 29 de setembro). Disse ele: "Para honra de DEUS, da Bem-Aventurada Virgem Maria e de São Miguel, Príncipe dos Anjos e das almas, quero fazer aqui uma Quaresma." E foi durante uma Quaresma de São Miguel, dois anos antes de sua gloriosa morte, que o Santo Seráfico recebeu a impressão dos estigmas de JESUS.


Para fazer a Quaresma de São Miguel Arcanjo, você pode preparar um altarzinho em sua casa, colocando:
- uma imagem ou estampa abençoada de São Miguel;
- acender uma vela benta;
- fazer as orações em honra de São Miguel;
- colocar uma intenção, e oferecer uma penitência durante os dias desta Quaresma.

A Quaresma de São Miguel é tradicionalmente iniciada no dia da Assunção de Nossa Senhora (15 de agosto), e termina no dia 28 de setembro, já que a Festa dos Santos Arcanjos é no dia 29 de setembro.

Não existe uma oração específica para a Quaresma de São Miguel, já que São Francisco não deixou nada registrado das orações que ele fazia para esta ocasião.

Popularmente, costuma-se rezar, além da Oração a São Miguel, a Ladainha e a Consagração ao Santo Arcanjo.

Há também quem reze a Coroa ou Terço de São Miguel, e outras orações. Vamos colocar abaixo, as três primeiras orações.

Orações para a Quaresma de São Miguel

Oração a São Miguel
versão reduzida
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede o nosso refúgio contra as maldades e ciladas do demônio! Subjugue-o Deus, instantemente vos pedimos! E vós, Príncipe da Milícia Celeste, pelo Divino Poder, precipitai no inferno a satanás e a todos os espíritos malignos que vagueiam pelo mundo para perderem as almas. Amém.
Veja aqui a versão completa da Oração a São Miguel, composta pelo papa Leão XIII.

Ladainha a São Miguel
Senhor, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Ícone de São Miguel
de Longobardo

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.

Pai Celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do Mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um único Deus, tende piedade de nós.

Santa Maria, Rainha dos Anjos, rogai por nós.
São Miguel Arcanjo, rogai por nós.
São Miguel, cheio da graça de Deus, rogai por nós.
São Miguel, perfeito adorador do Verbo Divino, rogai por nós.
São Miguel, coroado de honra e de glória, rogai por nós.
São Miguel, poderosíssimo Príncipe dos exércitos do Senhor, rogai por nós.
São Miguel, porta-estandarte da Santíssima Trindade, rogai por nós.
São Miguel, guardião do Paraíso, rogai por nós.
São Miguel, guia e consolador do povo israelita, rogai por nós.
São Miguel, esplendor e fortaleza da Igreja militante, rogai por nós.
São Miguel, honra e alegria da Igreja triunfante, rogai por nós.
São Miguel, Luz dos Anjos, rogai por nós.
São Miguel, baluarte dos Cristãos, rogai por nós.
São Miguel, força daqueles que combatem pelo estandarte da Cruz, rogai por nós.
São Miguel, luz e confiança das almas no último momento da vida, rogai por nós.
São Miguel, socorro muito certo, rogai por nós.
São Miguel, nosso auxílio em todas as adversidades, rogai por nós.
São Miguel, arauto da sentença eterna, rogai por nós.
São Miguel, consolador das almas que estão no Purgatório, rogai por nós.
São Miguel, a quem o Senhor incumbiu de receber as almas que estão no Purgatório, rogai por nós.
São Miguel, nosso Príncipe, rogai por nós.
São Miguel, nosso Advogado, rogai por nós.

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, atendei-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.

- Rogai por nós, ó glorioso São Miguel Arcanjo, Príncipe da Igreja de Cristo,
- para que sejamos dignos de Suas promessas. Amém.

Oremos: Senhor Jesus, santificai-nos, por uma bênção sempre nova, e concedei-nos, pela intercessão de São Miguel, esta sabedoria que nos ensina a ajuntar riquezas no Céu, e a trocar os bens do tempo presente pelos da eternidade. Vós que viveis e reinais em todos os séculos dos séculos. Amém.

Consagração a São Miguel

Ó Príncipe nobilíssimo dos Anjos, valoroso guerreiro do Altíssimo, zeloso defensor da glória do Senhor, terror dos espíritos rebeldes, amor e delícia de todos os anjos justos, meu diletíssimo Arcanjo São Miguel, desejando eu fazer do número dos vossos devotos e servos, a vós hoje me consagro, me dou e me ofereço e ponho-me a mim próprio, a minha família e tudo o que me pertence, debaixo da vossa poderosíssima proteção.


É pequena a oferta do meu serviço, sendo como sou um miserável pecador, mas vós engrandecereis o afeto do meu coração; recordai-vos que de hoje em diante estou debaixo do vosso sustento e deveis assistir-me em toda a minha vida e obter-me o perdão dos meus muitos e graves pecados, a graça de amar a Deus de todo coração, ao meu querido Salvador Jesus Cristo e a minha Mãe Maria Santíssima.

Alcançai-me a aqueles auxílios que me são necessários para obter a coroa da eterna glória. Defendei-me dos inimigos da alma, especialmente na hora da morte. Vinde, ó príncipe gloriosíssimo, assistir-me na última luta e com a vossa arma poderosa lançai para longe, precipitando nos abismos do inferno, aquele anjo quebrador de promessas e soberbo que um dia prostrastes no combate no céu.

São Miguel Arcanjo defendei-nos no combate para que não pereçamos no supremo juízo. Amém. 

25 de março de 2017

Onde estiver o teu Tesouro...

Certo dia, São Francisco olhou para o Céu, abriu os braços e, com o coração inflamado de amor, disse: “Pai!”


Depois de um longo tempo de profundo silêncio continuou: “... nosso... que estais no Céu...”.

Naquela pequena palavra, ele encontrou uma infinidade de motivos para louvar a Deus, e permaneceu muito tempo entretendo-se com Ele em oração.

Não é pela força de muitas palavras bonitas e bem elaboradas, que alcançaremos uma perfeita oração: “Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras” (Mt 6,7). Simples palavras, ditas com fé, humildade, amor, sinceridade – e profundidade – dão mais glória a Deus do que horas e horas de palavras vazias, como “nuvens sem água, que os ventos levam”. (Jd 1,12)

Sobre São Francisco disseram: era um homem que “tanto rezava, que havia se transformado, ele mesmo, em oração”. Isso acontecia, porque São Francisco permanecia continuamente na presença divina. “Buscava locais solitários onde colocava sua alma inteiramente em Deus” (Celano, 1ª Vida, 71). Vivia como se realmente visse Deus a seu lado; fazia tudo com Ele e para Ele. Não vivia para agradar os outros, nem a si mesmo, mas só a Deus.

O primeiro fruto da oração é a Luz: quem reza passa enxergar com mais clareza, e vê coisas que os outros não vêem, em si mesmo e em tudo que o cerca, pois é iluminado, esclarecido e guiado pelo Espírito Santo: “Deus é luz e Nele não há treva alguma” (1Jo 1,5). O segundo fruto – depois que a Luz tudo clareia – é caminhar. Deve-se, então, procurar dar passos firmes e constantes, para conseguir galgar os degraus do amadurecimento na vida humana e espiritual, e ganhar o terceiro fruto: a Liberdade dos filhos de Deus, e então dizer com toda a segurança de São Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim...” (Gl 2,20), ou de Elizabeth da Trindade: “Crer que um Ser chamado Amor, habita em nós, a todo instante do dia e da noite, e nos pede que vivamos em sociedade com Ele, foi o que fez de minha vida um céu antecipado”.

É preciso que tenhamos a Deus como nosso único tesouro! Todos nós sabemos disso – por teoria – porque infelizmente não vivemos, e assim, não alcançamos a paz da consciência e do coração: “Se te voltas para as coisas exteriores, depressa afastas a Jesus e perdes a Sua Graça (...) Não queiras que ninguém se ocupe de ti em seu coração, nem te preocupes com o amor de alguém”. (Imit. Cristo II. 8, 3 – 4)

Já ouvimos tantas vezes a sentença de Cristo: “onde está o teu tesouro, lá também está teu coração” (Mt 6,21), porque não buscamos este tesouro para sermos felizes e livres, e ter a verdadeira realização e paz?!...

O caminho para apropriarmos deste tesouro que nos é oferecido certamente é a oração. É algo natural: se amamos alguém, não desejaremos jamais contrariá-lo, e se o temos por nosso tesouro, não quereremos ficar longe dele, mas antes buscaremos nos aprofundar neste relacionamento de amor, para possuir e ser possuídos por ele. E “quanto mais uma pessoa se envolve com as coisas exteriores, mas ela se distrai” (Imit. Cristo II. 1, 7), mais ela perde o contato com o que é eterno.

Oração sem intimidade profunda, não é oração. Não devemos nos relacionar com Deus como algo distante de nós, mas como Aquele que nos conhece por inteiro. “A oração... não é senão tratar de amizade... com quem sabemos que nos ama” (Vida de Sta. Teresa de Jesus. VIII,5), ela deve ser uma entrega, um abandono no amor, com confiança. Como diz o Catecismo: oração é uma “relação viva e pessoal com o Deus vivo e verdadeiro” (CIC § 2558), ou seja, uma convivência íntima.

Se nossa oração se tornou um ato mecânico, onde só se repete o que se aprendeu, mas o pensamento está bem distante (ou até mesmo bem perto: em nós), estamos perdendo tempo; e “o tempo da oração já não mais (nos) pertence” diz Santa Teresa de Jesus d’Ávila (Cam. Perf.XXIII,2); e ela também afirmava: “Não faleis com Deus, pensando em outra coisa”. (Cam. Perf.XXII,8)

É claro que haverá dias em que estaremos mais distraídos, em que seremos mais tentados, etc., mas é preciso que haja uma luta, que seja serena, mas firme e contínua, pois “a oração não se reduz ao surgir espontâneo de um impulso interior; para rezar é preciso querer” (CEC § 1650); e esse querer se traduz em esforço, força de vontade!

Não podemos esperar o dia em que estivermos bem para rezar bem, precisamos procurar rezar bem todos os dias, e “a humildade deve ser o fundamento da oração, pois ‘não sabemos pedir como convém’”. (Rm 8, 26) (CEC § 2559)

Assim, o que mais prende sua atenção e preocupação durante o dia-a-dia: a família? os problemas pessoais? os próprios pecados? os pecados dos outros?, etc.. Na verdade, onde está o seu tesouro?! Você sabe ter intimidade com Ele? Na oração, encontrarás Jesus - o precioso tesouro, pelo qual se vende todo o resto, para adquiri-lo. (cf. Mt 13, 44)

1 de outubro de 2014

Francisco e a Igreja

Quando o jovem de Assis, prostrado diante do altar de São Damião, escutou a voz de Cristo no crucifixo pedindo: “Francisco, vai e restaura a minha Igreja”, pensou, inicialmente, que se tratava da restauração daquela pequena igrejinha. Mais tarde, porém, compreendeu que Deus lhe pedia algo a mais: restaurar o templo de Deus no coração dos homens!

Sua fidelidade à 'senhora pobreza', sua humilde espontaneidade no relacionamento com todos, e sua pureza e simplicidade no trato com as criaturas, fez dele um santo amado e respeitado por milhares de pessoas; desde os simples operários até os mais altos dignitários dos palácios; dos ignorantes até os intelectuais mais cultos; inclusive fora do cristianismo!

Sabe-se que em resposta àquele chamado de Deus, Francisco elevou uma belíssima oração ao Céu: “Ó Altíssimo e Glorioso Deus, iluminai as trevas do meu coração. Dai-me fé reta, esperança certa, caridade perfeita, humildade profunda, sabedoria e discernimento, para cumprir Vossa santa e verdadeira vontade.” Nesta oração, de forma simples, mas profunda, o santo pediu as três virtudes teologais para cumprir o “mandato” de Cristo. E aí está o verdadeiro cerne de seu ideal: conformar-se à vida de Cristo, humilde, obediente, pobre e casto.

No decorrer dos séculos, entretanto, os gestos e expressões do pobrezinho de Assis, foram sendo interpretados de uma forma estranha à mensagem do cristianismo. Seu desejo de paz com todos, foi direcionado para um falso ecumenismo, onde as Verdades da Fé são relativizadas, ou mesmo anuladas; seu exemplo de pobreza evangélica, para uma apologia à luta para solucionar problemas sociais; e seu respeito e amor à criação, para uma visão distorcida de proteção ao meio ambiente.

Em sua primeira homilia, o papa Francisco afirmou: “Se não confessarmos Jesus Cristo, vai dar errado. Tornar-nos-emos uma ONG sócio-caritativa, mas não a Igreja, Esposa do Senhor. [...] Quando não se confessa Jesus Cristo, confessa-se o mundanismo do diabo, o mundanismo do demônio. [...] Quando caminhamos sem a Cruz, edificamos sem a Cruz ou confessamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, somos bispos, padres, cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor”.

Assim, confessar Jesus Cristo, como São Francisco e todos os santos confessaram, é viver a Boa-nova do Evangelho; é carregar cada dia nossa cruz com fé, na simplicidade, na confiança e na caridade.

É ter a coragem e a firmeza de, no mundo de hoje, ser fiel a Deus, e obediente ao que o Sagrado Magistério interpreta e ensina conforme as Escrituras e a Tradição.

É amar a todos como filhos de um mesmo Pai Criador, sem no entanto assimilar crenças contrárias à Fé; e respeitar a criação, sem colocá-la acima do ser humano.

Que São Francisco nos ensine o verdadeiro amor por Cristo, pela Igreja, pelos homens e por toda a criação!
27 março 2013