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1 de agosto de 2018

As lágrimas da Vocação

Imagem do filme: Santa Teresa dos Andes.
Agosto: Mês vocacional!

Queremos, logo no início deste mês, tratar de um assunto muito oportuno: as dificuldades encontradas no início do caminho vocacional.

Este artigo quer ser um estímulo para todos os(as) jovens vocacionados(as) que lutam para realizar a sua vocação, mas não tem o apoio de suas famílias, ou mesmo sofrem pressão psicológica e perseguições, e não sabem a quem recorrer.

Uma frase muito interessante no Evangelho de Mateus é: "Muitos são os chamados, poucos os escolhidos." (Mt 22,14). Mas... o que significaria isso?

Santo Agostinho dizia: "Tenho medo da Graça que passa!" A vocação é um precioso tesouro, e é algo que deve ser levado muito a sério, pois muitos jovens acabam "perdendo" a sua vocação porque não conseguem discerni-la, ou mesmo porque são impedidos de vivê-la.

É claro que DEUS nunca volta atrás no Seu chamamento, e além disso existem pessoas que são chamadas até com mais idade (cf. Mt 20,1-16), mas também pode acontecer que a pessoa chamada perde as oportunidades e a possibilidade de realizar a própria vocação... às vezes por culpa própria, mas às vezes por culpa alheia.

Se por exemplo, esta pessoa que tinha um chamado de DEUS à uma vida consagrada, não realizou a sua vocação religiosa, e abraça a vida matrimonial, provavelmente ela não se sentirá completamente realizada, e assim também não será capaz de fazer o seu cônjuge feliz.

Santo Afonso Maria de Ligório e outros santos eram de opinião que não viver a vocação que DEUS escolheu para nós, seja ela religiosa ou matrimonial, é afastar-se da Graça de DEUS e colocar em risco a salvação da própria alma. É claro que não significa que a pessoa será condenada ao inferno - ainda mais quando ela não teve culpa disso - mas, encontrará mais dificuldades, porque a vocação escolhida por DEUS daria a esta pessoa mais graças e os auxílios necessários para sua santificação e salvação, porque o jugo do Senhor é suave e leve, ao passo que o nosso jugo é pesado.

O que deve fazer um jovem que sente dentro de si um chamado de DEUS para a vida consagrada?

1.    Silêncio: Vocação é como um perfume raro e caro, que se abre somente em ocasiões especiais. A princípio, não espalhe para todo mundo sobre sua vocação, nem mesmo para os seus familiares, mesmo que você ache que eles serão favoráveis. Procure um santo, sábio, maduro e piedoso Sacerdote para diretor espiritual.

E se você suspeita que sua família será contra sua vocação, o melhor seria não contar nada a eles até que você tenha discernido com segurança o caminho que deve tomar, ou o lugar que irá ingressar, e que já tenha um bom diretor espiritual o acompanhando.

Quanto ao fato de a família ser contra a vocação, lembre-se que o próprio JESUS disse: "os inimigos do homem serão os de sua própria casa..." (cf. Mt 10, 35 ss). Santo Tomás de Aquino dizia que "não somos obrigados a obedecer os progenitores quando eles são contra a nossa vocação". E Santo Afonso Maria de Ligório, mestre da Vida Espiritual, e tantos outros santos, afirmavam o mesmo. Quantos santos que conhecemos, que tiveram que fugir de casa, para realizar sua vocação!

2.   Vida de oração: Se para todo cristão, a vida de oração é fundamental, muito mais para quem é chamado para uma consagração especial. Na medida de suas possibilidades, faça uma 'Ordem do dia' para que você possa distribuir os momentos de oração entre suas ocupações. O tempo é algo muito importante, que deve ser bem aproveitado. E só é bem aproveitado se a pessoa dá valor àquilo que ela busca. A disciplina na vida de oração é importante para a perseverança. Vida de oração pode abranger muitos tipos de orações e devoções, mas creio que as principais são: Adoração Eucarística silenciosa, Meditação da Palavra de Deus e o Santo Rosário (ou Terço).
Essas três são as principais, mas não as únicas... não fique preso somente nestas, oração nunca é demais! Mas seja sóbrio, equilibrado, que tudo seja feito dentro das possibilidades da sua vida; não adianta rezar muito, mas rezar mal, ou não adianta rezar muito se deixa seus deveres a cumprir.

2.    Sacramentos: Não menos importante que a Vida de Oração é a vivência dos Sacramentos, claro! E em especial o Sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia (Santa Missa).

Para um vocacionado que realmente quer se fortalecer na sua vida espiritual, e ter o discernimento correto de sua vocação, deve buscar a confissão no mínimo uma vez por mês!

Com o tempo, e com o amadurecimento na vida espiritual, a pessoa verá que este intervalo cairá até para uma semana, ou menos.

Alguém poderia perguntar: mas se a pessoa está crescendo na vida espiritual, como ela deverá ter que confessar mais vezes, não deveria ter menos pecados? Mas a questão aqui é justamente o contrário... na verdade, somos grandes pecadores, mas não enxergamos nossas faltas justamente porque estamos longe da Luz de DEUS. Assim, quando vamos nos aproximamos d'Ele, enxergamos melhor as manchas da nossa alma, e queremos nos livrar delas o mais breve possível.

Os Santos se confessavam com muita frequência. Dizem que São Leonardo de Porto Maurício, confessava-se quase todos os dias. Isto não é de se admirar já que a Palavra de DEUS diz que "o justo cai sete vezes ao dia". Entretanto, devemos ter cuidado neste ponto, para não cair em escrúpulos, ou uma busca espiritual imatura da santidade... ainda não chegamos ao patamar dos santos!

Também a Santa Missa diária é de fundamental importância! É claro que aí entra as possibilidades de cada pessoa, mas se a pessoa pode ir a Santa Missa diariamente, e não vai porque não tem vontade, pode ser um sinal de que ela não está buscando fazer a vontade de DEUS, mas buscando na vida consagrada apenas uma realização pessoal.

3.    Buscar a própria conversão diriamente: "Sede perfeitos como vosso Pai do Céu é perfeito" (Mt 5,48). "Sede santos como Eu sou Santo, diz o Senhor" (I Pd 1,16). A santidade deve ser a aspiração 'obrigatória' de todo cristão, e mais ainda da alma vocacionada à vida consagrada. E isso passa pelos pequenos fatos do dia-a-dia. Assim, um jovem vocacionado não deve esperar o dia em que entrar para a vida religiosa para começar a buscar a santidade.

Entretanto, buscar a santidade, não é já ser santo, e nem fazer cara e postura de santo. Santidade não são atos externos de piedade, santidade é basicamente humildade, caridade e pureza de intenção e de vida. Não adianta ser bem santinho na Igreja e o oposto em casa... É claro que em um ambiente religioso, na Igreja, a pessoa tem mais possibilidade de se manter equilibrado, e talvez em sua própria casa, onde já se está acostumado e se sente à vontade, tendo mais liberdade com os familiares, acaba-se por perder a paciência mais vezes... mas é preciso que se tenha claro que isto não é o ideal, e que temos que buscar sempre a própria conversão, e lutando verazmente contra a hipocrisia, para não se tornar um contratestemunho dentro da própria casa.

Isso me faz lembrar um provérbio muito interessante: "Quando estiver sozinho, vigia teus pensamentos. Em família, sua tolerância. Em sociedade, tua língua."

Pode acontecer também que o jovem que está no início de sua conversão - deparando-se pela primeira vez com toda a realidade da fé, da busca de santidade -, e tem uma família que está distante da fé, começa a cobrar de todos a conversão. Mas não é esse o caminho; cada um tem o seu tempo.

Frequentemente, este jovem passa a ter postura de piedade, mas ainda está bem longe de ser o que deseja ser. Este tipo de "hipocrisia sem-intenção" é muito comum de acontecer, e é reflexo de uma imaturidade. Por isso, é necessário buscar a própria conversão pessoal somente... a oração, a compreensão, o silêncio e o testemunho, são o melhor canal de conversão para a própria família.

São Francisco de Assis dizia: "Cuidado com a sua vida, talvez ela seja o único evangelho que as pessoas vão ler!" E dizia ainda a seus frades: "Pregue o Evangelho em todo o tempo, se necessário, use palavras!" Ou seja, o importante não é parecer santo, nem "pregar como santo", mas buscar a santidade. Não se deve exigir a santidade dos outros, principalmente porque nem nós mesmos ainda o somos.

5.   Foco: Talvez não seja bom ficar procurando de mais, olhando várias Congregações ou Comunidades religiosas! Não existe lugar perfeito! O jovem que procura conhecer muitos lugares, pode correr o risco de não se decidir por nenhum, ou de decidir errado, pois acaba se iludindo, almejando uma Comunidade formada pelos pontos positivos de todas as quais passou ou conheceu...

Ou pode acontecer ainda de que a pessoa queira "fundar a própria Comunidade", justamente porque não achou nenhuma que lhe agradasse. O que, é claro, não seria certo! A fundação de uma Comunidade não é a mesma coisa que a formação de um Grupo de oração.


De qualquer forma, é necessário ter a confiança de que DEUS vai encaminhar para o lugar que ELE escolheu para o vocacionado, seja onde for! E para isso é preciso oração e confiança!

É claro que não é totalmente errado conhecer alguns lugares, mas pontuamos somente que a pessoa tenha em mente que, olhando vários lugares, o risco de ficar em dúvida e de confundir pode ser maior, visto que todos os lugares vão ter coisas boas e ruins... E aí corre-se o risco de querer um lugar com as coisas boas de cada um que se conheceu... e esse lugar não existe... perfeito só o Céu!

6.   Não ter ilusão. Uma Comunidade religiosa não é uma reunião de pessoas santas, mas de pessoas comuns como todos nós, de pessoas pecadoras que estão buscando a santidade. (E olha que, infelizmente, encontram-se também muitos que não estão buscando a santidade; e isso torna a vida comunitária uma grande escola de paciência e caridade).

Mas, enfim, pode até ser que você tenha a graça de entrar em uma Comunidade ou Convento que tenha um santo, mas, na maioria das vezes não é assim, e você precisará ter a maturidade para enfrentar isso. Santa Terezinha afirmou: "Ilusões?! DEUS me concedeu a graça de não ter nenhuma. A vida religiosa deparou-se tal qual eu havia imaginado, com todas as suas dificuldades!" E sabemos o quanto ela sofreu na vida comunitária!

Muitos jovens pensam que têm vocação, mas no fundo, não têm, e  mesmo que não percebam, a busca da vida consagrada é apenas a fuga de uma realidade (física, moral, emocional ou espiritual) que estão vivendo.

Você deve buscar a vida consagrada para responder a um chamado de DEUS, e para colocar sua vida à disposição, para que os outros encontrem a DEUS, e assim encontrem a felicidade eterna, que não se encontra nesta terra. Assim, você não vai buscar em primeiro lugar a sua felicidade, mas fazer a Vontade de DEUS; sua felicidade é consequência do cumprimento da Vontade de DEUS. Isto vale para qualquer vocação, inclusive a matrimonial.

Geralmente nas portas de alguns Mosteiros é escrito. "Aqui é a Casa de DEUS e a porta do Céu!" Sim, a vida religiosa é um céu, mas não um céu no sentido de que não haja dificuldades e tribulações, mas um céu no sentido de que a pessoa vai viver ali só para DEUS. Creio que esse, se não é, deveria ser o verdadeiro significado desta frase.

Talvez, as dificuldades serão até maiores que no mundo, mas a pessoa também terá mais forças e graças para carregar a sua cruz.

Muitos pensam que dos 3 Votos comuns à vida consagrada, os mais difíceis de se viver são os Votos de Castidade ou Pobreza. Pode até ser que seja, para uma pessoa ou outra, mas pode ter certeza que, a Obediência sempre estará junto de um destes, pois a Obediência é o cerne da vida consagrada, porque ela toca o mais profundo do nosso ser, caído pelo pecado original e ferido pelo orgulho. E ser obediente é seguir até a morte de si mesmo, de suas vontades, de seu egoísmo, por amor a DEUS e ao próximo (cf. Fil 2,8; Jo 15,13). Só obedece perfeitamente quem deseja fazer tudo por amor a DEUS, enfim, quem ama e é humilde.

E sobre isso, veja o que Santa Faustina dizia: "O demônio pode ocultar-se até sob o manto da humildade, mas não pode vestir o manto da obediência" (Diário 939). Mas por quê? Justamente porque a obediência é a "verdadeira" humildade. Muitas vezes acontece de um pessoa parecer humilde, mas na verdade não o é. Ter atitudes para aparentar-se humilde diante dos outros, pode ser fruto de uma carência e imaturidade (querer ser amado pelo Superior ou pelos Irmãos), ou fingimento e hipocrisia (querer ser considerado bonzinho e santo). Assim, a obediência revela a verdadeira humildade, porque a pessoa tem que ceder as próprias opiniões e razões, para aceitar a de outrem.

E como se sabe se é ou não humilde? Um exemplo: Imagine que alguém é humilhado publicamente, com certeza esta pessoa vai sofrer dentro de si, mas cada pessoa reagirá de uma maneira diferente à humilhação. Se a pessoa é verdadeiramente humilde, ela não sofrerá tanto. Se a pessoa for muito orgulhosa, ela sofrerá muito com aquela humilhação. Assim, a 'medida' que a pessoa 'sente' a humilhação é a 'medida' do orgulho que ainda tem dentro dela. O verdadeiro humilde é indiferente tanto aos elogios quanto às humilhações.

A vocação é um Dom de DEUS, que a pessoa pode "perder" se não o cultivar, e até mesmo depois de já estar anos e anos vivendo como consagrado; por isso, é preciso lutar a cada dia para perseverar, e não se deixar levar pela rotina e pela tibieza.

Aqui, não nos referimos a "perder a vocação" no sentido de que ela não teria mais vocação, porque aquele chamado de DEUS é como um sinal, que a pessoa terá por toda a eternidade, mas dizemos "perder" a possibilidade de realizá-la ou de perseverar nela; e isso é o pior! Assim, siga os conselhos citados anteriormente.

Se você tem um Testemunho relacionado a estes pontos acima em sua caminhada vocacional, ou mesmo outro ponto relacionado à sua vocação à vida consagrada, e quer publicar aqui em nosso Blog, envie para nós, ele será avaliado, e poderá ser publicado; mas de qualquer forma te responderemos, mesmo que seja privadamente.

Enfim, queremos deixar aqui um alerta aos pais ou responsáveis, principalmente os que não aceitam, ou duvidam, da vocação de seus filhos, ou dependentes.

Santa Ana e São Joaquim, pais de Nossa Senhora,
 levando-a ao Templo para se consagrar a DEUS,
aos 3 anos de idade, conforme a Sagrada Tradição.
Se vocês realmente amam seus filhos, netos, afilhados, sobrinhos, etc., que se dizem vocacionados, não tentem impedi-los de viver a vocação ou de buscar compreendê-la. Ao contrário, apoiem, ajudem, façam de tudo para que eles descubram qual é a verdadeira vocação deles, e para onde é que DEUS os chama. E mesmo se vocês não concordam com a vocação deles, ou pensam que é uma empolgação, uma imaturidade da adolescência, uma birra, ou uma fuga... mesmo assim, ajude-os a procurar um bom Sacerdote que possa auxiliá-los a discernir este anseio.

Mas por que digo isso? Tenham certeza de que:

- Se este jovem não tiver vocação, mas durante todo o processo de discernimento, teve o apoio da família - ele voltará logo para casa! Não ficará com vergonha de voltar, não ficará com receio da família 'jogar tudo na cara' dele, dizendo: "Viu! Falei que você não tinha vocação!" Quando ele perceber que se enganou, ele voltará logo para casa, para recomeçar em outro caminho.

- Se este jovem não tiver vocação, mas nunca teve apoio da família para o discernimento da vocação, e só ouviu críticas e chantagens emocionais - mesmo frustrado, ele vai ter receio de voltar pra casa, pois sabe que irá ouvir da família mais críticas e acusações. E pode ser que fique na vida religiosa ainda muito tempo... e depois de muitos anos, quando não aguentar mais, resolva sair e voltar pra casa... mas aí poderá já ser tarde para muitas coisas, como estudo, matrimônio, trabalho... e será bem pior.

- Se porventura, este jovem ou esta jovem, tiver uma verdadeira vocação, e vocês o apoiarem, vocês estarão contribuindo não só para a felicidade dele, mas para a salvação de muitas almas para as quais ele será canal de DEUS. E você, como pai, mãe, ou responsável, receberá de DEUS as bênçãos por tê-lo apoiado, inclusive tendo a grande felicidade de poder ser o pai ou mãe de um(a) santo(a).

- Se este jovem tiver verdadeira vocação, e você impedir ou atrapalhar a vocação dele, saiba que vocês estarão frustrando uma pessoa para o resto de sua vida, e mais, saiba que, na vida eterna, DEUS lhes pedirá conta da vocação que vocês atrapalharam de ser vivida, e de tantas outras almas que se salvariam por intermédio desta vocação. Isto é muito sério! (cf. Lc 9,57,62; 11,50-52), pois vocês estariam lutando contra a vontade do próprio DEUS. (cf. Atos 5,38-39).

E, como disse no início, a pessoa que está fora de sua vocação, corre muito mais o risco de se perder, de perder a própria alma, estando fora daquele caminho que DEUS traçou para ela; por isso, ocorrem muitos fatos de pessoas que abandonaram a vida religiosa ou consagrada, seja por culpa própria, seja por pressão da família, e se tornaram pessoas bem piores, chegando a cometer até atos contrários à fé, à moral, e passar até uma depressão, chegando ao suicídio.

Que DEUS ajude que os jovens que lutam por sua vocação, contra tudo e contra todos, tenham a força, a coragem, a sabedoria, o amor e a humildade para tudo superar. Amém.


Queremos indicar estes filmes abaixo, para os vocacionados à vida consagrada feminina:

- O filme de Santa Teresa dos Andes é belíssimo, e vale à pena adquirir. No Brasil é vendido pelas "Paulinas Editora" em 3 volumes.

- O filme "The Nun's Story", no Brasil chamado: "Uma cruz à beira do abismo", é um excelente filme de reflexão sobre as dificuldades da vida religiosa, principalmente sobre a obediência.


Detalhe: os dois filmes são baseados em fatos reais.


7 de julho de 2018

A Modéstia ideal no vestir

O que é a verdadeira Modéstia? Existe modéstia parcial e total?

Hoje em dia, inúmeros sites falam sobre a Modéstia, muitos vendem roupas, véus... o assunto é abundante! Mas, será que todos, realmente, falam sobre a verdadeira Modéstia?

Uns sim, outros não! Infelizmente, alguns escrevem coisas, ou colocam exemplos de roupas, que na verdade não são modestas. Isso revela uma falta de noção muito grande! E o problema é que nascemos no meio de uma sociedade em que o que é indecente já se tornou "normal".

Nem tratamos aqui das roupas escandalosas que muitas mulheres usam, mesmo dentro da Igreja, principalmente nos Casamentos, mas falamos aqui apenas do que seria 'pouco modesto', porque - em certos casos - o que é apenas o início de um caminho de modéstia, ou considerado como tolerável, é tratado como se fosse o ideal; e não é!

Para quem não sabe, a Modéstia é um dos 12 Frutos do Espírito Santo. É o Fruto que nos coloca em ordem, ou seja, que regula todo o nosso ser, seja no olhar, no falar, no agir e no vestir.

Assim, a Modéstia deve modelar todo o 'ser' da pessoa, seja homem ou mulher. No caso das mulheres, deve-se buscar como modelo direto a Santíssima Virgem Maria. E este artigo quer ser uma referência de maneira especial para as mulheres, visto que a mulher é o alvo preferido do inimigo das almas. Pois, pervertendo a mulher em sua essência mais profunda, ele sabe que desestabiliza a família, e em consequência, a sociedade inteira; o que infelizmente têm acontecido.

Muitas pessoas logo quando ouvem falar de Modéstia, pensam somente no uso de saia e de véu... mas Modéstia não se restringe a isso, embora isso esteja incluído e seja importante, mas não se deve partir deste ponto para compreender e viver bem a Modéstia. O ponto de partida deve ser outro!

Nas Sagradas Escrituras, vemos algumas passagens que se referem à sacralidade do nosso corpo, pois, além de sermos Templos do Espírito Santo (cf. ICor 6,19), sabemos que teremos novamente nosso corpo ressuscitado, que será unido à nossa alma imortal na vida eterna (cf. Catecismo § 997). É uma das verdades que professamos no Credo de nossa Fé Católica: "Creio na Ressurreição da carne!"

Assim, São Paulo nos explica:
"Tudo me é permitido, mas nem tudo convém (...) O corpo não é para a impureza, mas para o Senhor (...) Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, então, os membros de Cristo e os farei membros de uma prostituta? (...) Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o impuro peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo." (cf. I Cor 6,12-20). "Os membros do corpo que temos por menos honrosos, a esses cobrimos com mais decoro. Os que em nós são menos decentes, recatamo-los com maior empenho" (cf. I Cor 12,23); "que cada um de vós saiba possuir o seu corpo santa e honestamente" (I Tess 4,4).

Uma das coisas principais que toda pessoa que está iniciando no caminho de conhecimento sobre a Modéstia deve saber, é que:

1)  A Modéstia não é um Movimento da Igreja.

2)  A Modéstia não é uma opção de estilo de vida.

3)  A Modéstia não é uma moda vintage.

Ou seja, ela não é para ser vivida só por pessoas que participam do Rito Tradicional ou de algum Movimento conservador da Igreja. E não pode estar sujeita a modas e às modernizações da sociedade e da cultura, mesmo que possa, de alguma forma, se utilizar delas. Assim, a modéstia não é algo que a pessoa pode escolher, como se fosse uma opção de estilo de vida, ou uma moda vintage; ela é o único modo de viver que todo cristão, seja mulher, seja homem, deve ter.

O princípio objetivo e prático de se viver a Modéstia parte do ponto de que a mulher não deve querer ser o "centro das atenções". E esse é o ponto chave, porque instintivamente (e isso, depois do pecado original) a mulher "quer" ser o centro das atenções!

Não adianta a mulher estar toda coberta da cabeça aos pés, se não é modesta no falar, no olhar, e na postura.

Um exemplo: Certa vez conversei com uma monja de clausura, através de um locutório, e fiquei escandalizada, pois ela tinha uma postura de sentar, falar e gesticular tão imodesta, que não adiantava nada ela estar coberta de pano da cabeça aos pés!

Isso significa que para ser verdadeiramente modesta, a mulher não deve partir do ponto de pensar que só deve esconder o seu corpo, mas deve entender que, em todo o seu ser, precisa revelar a sua dignidade de criatura feita à imagem e semelhança de Deus, adotada em Cristo como filha de Deus, e Templo do Espírito Santo. Só partindo daí, a mulher realmente compreenderá o que é a Modéstia, e todas as suas "exigências".

Sim, digo "exigências" porque, a princípio, para algumas mulheres, poderá ser difícil acolher e aceitar certas mudanças; mas na verdade é algo natural, pois Deus jamais nos violenta em nossa natureza. Tudo o que a fé cristã nos pede não vai contra a lógica natural, mas é o melhor para nós!

Assim, cada mulher deve pensar como a Virgem Maria se comportaria se estivesse em seu lugar: na maneira de olhar, na maneira de falar (e quais palavras usar), na maneira de agir, e enfim, na maneira de vestir. A mulher modesta vai procurar ser discreta, educada, silenciosa, e não chamar a atenção para si e muito menos para o seu corpo. Aí entram as boas maneiras, a delicadeza, a feminilidade, o falar baixo, não ser grosseira, ter uma postura digna ao se sentar não cruzando as pernas, etc. Sim, tudo isso é Modéstia!

E é claro, aí também entra a parte da vestimenta que, apesar de não ser a base de todas, é a que primeiro se faz notar, mesmo à distância, mesmo sem conversar com a pessoa.

Então, como é o ideal da Modéstia no vestir? Vamos fazer uma comparação. O que é mais modesto?



Uma mulher que usa uma calça jeans com uma blusa de alça, ou uma mulher que está com uma saia um pouco acima do joelho e uma blusinha de manga curta, com um decote?
Creio que todos vão responder que a segunda está mais modesta. Mas... o segundo exemplo, na verdade, não é o ideal de modéstia no vestir.

Veja na imagem abaixo uma apresentação simples e prática do Ideal da Modéstia no vestir.

Se as letras estiverem muito pequenas, tente salvar a imagem e abri-la em seu computador, ou abri-la sozinha em outra Guia do Navegador da Internet; pois a colocamos de maneira que pode ser ampliada. Mas mesmo se isso não for possível, você pode ler as legendas no final  desta Postagem, com alguns acréscimos.



É claro que hoje em dia, na maioria das sociedades ocidentais, essa maneira de se vestir pareceria um grande exagero. Mas não era para ser assim, vestir assim deveria ser algo natural.

Também para as "iniciantes no caminho da Modéstia" isto pode ser uma linguagem muito dura, e fazer com que elas desanimem. Mas digo: não desanimem! Coragem! Comecem com o que vos for possível, vocês não vão se arrepender!

Uma coisa muito triste é quando vemos pessoas que antes, em alguma fase da sua vida, seguiram o caminho da Modéstia, depois o abandonaram... e isso acontece muito! Principalmente com jovens que tiveram alguma experiência na Vida Religiosa ou viveram em alguma Comunidade de leigos, e depois saíram.

E isso é uma prova de que a pessoa provavelmente não compreendeu o real significado da Modéstia, e a vivia simplesmente por um modismo, ou porque a Comunidade exigia. Não havia uma verdadeira conversão do coração.

Mas também a estas mulheres, convocamos: retornem ao caminho da Modéstia! E lembrem do que disse Santa Jacinta Marto: "Os pecados que levam mais almas para o inferno são os pecados da carne. Hão de vir umas modas que ofenderão muito a Nosso Senhor. As pessoas que servem a Deus não devem andar com a moda. A Igreja não tem modas. Deus é sempre o mesmo!"  E isso foi dito pela vidente de Nossa Senhora de Fátima, uma criança de apenas 7 anos de idade.

É fato também que muitas moças e mulheres temem vestir roupas modestas e serem confundidas na rua com freiras, e assim, não conseguirem encontrar um namorado; mas isto não é ter a sabedoria de Deus.

Saiba que se você se vestir com Modéstia, aproximará de você somente o rapaz que a valorizará pelo que você é como pessoa, como mulher, e não pelo que você aparenta ser, ou porque acha seu corpo bonito. Ele a tratará com a dignidade e o respeito que você merece.

A decadência nas vestes começou há décadas, foi algo progressivo. Convém que agora retornemos ao que é ideal, ao que é modesto, mesmo que seja progressivamente.

Algo que talvez poucas pessoas perceberam é que desde que os Padres e os Religiosos (em especial, as Freiras) deixaram de usar suas vestes religiosas, as mulheres leigas foram deixando de usar roupas modestas e descentes.

Porque se a Freira não usa mais o hábito, mas agora está usando apenas saia e blusa, então, a mulher leiga - que não gostaria de ser "confundida" com uma Freira - consequentemente não vai querer usar saia e blusa, e vai começar a usar calça, ou uma roupa mais avançada, e por fim, imodesta.

Não deveria ser assim! Mas infelizmente é o que acontece. É uma triste constatação, mas é verdadeira!

Com certeza, se as mulheres leigas voltarem a usar roupas modestas, as Freiras retornarão também ao uso do hábito religioso. E isso é muito importante para a nossa fé, para o testemunho da vida religiosa. Contribui inclusive para a atração de novas vocações, e para a preservação da piedade e  incentivo à fidelidade da espiritualidade de cada Comunidade Religiosa!

E assim como "o hábito não faz o monge, mas o identifica", a roupa modesta também irá identificar a mulher cristã, e será, de certa forma, uma cobrança para que ela busque ter uma postura correspondente à roupa que usa.

Outra desculpa que se pode ter para não usar roupas como esta acima, apresentada como "ideal da Modéstia", é o calor, principalmente nos países de clima mais quente.

Mas, creia, isto não é algo impossível de se acostumar, e mesmo que a pessoa sinta calor... sejamos sinceras: você é cristã ou não?

Conhece o sentido da palavra 'sacrifício' para um bem maior?

Já ouviu falar da vida eterna, das penas do Purgatório? Pode ter certeza que este calor não se compara ao do Purgatório e... será que você não terá que passar por ele? 
Assim, sejamos mulheres convictas da fé que dizemos professar!

E para fechar, citamos aqui os 7 perigos que ameaçam a verdadeira Modéstia:

Orgulho e desobediência: a mulher já ouviu falar sobre a modéstia, mas é muito orgulhosa para reconhecer diante dos outros que por muito tempo agiu de maneira errada, e não quer se submeter às leis de Deus, porque não O teme, e para ela, estar 'bem' diante do mundo é o que importa.

Carência afetiva: a mulher usa roupa imodesta porque quer chamar a atenção dos homens para si, pois pensa que mostrando o seu corpo, eles olharão para ela, e gostarão mais dela.

Impureza: a mulher quer ser atraente e sexy, quer que os homens a desejem, por isso quer chamar a atenção dos homens e mostrar o seu corpo. Isso também é um carência, mas é pior, porque está relacionada à malícia da impureza.

Vaidade: a mulher quer que todos (inclusive as amigas) vejam que ela está bonita com tal roupa, por isso quer andar na moda. 

Respeito humano e Imaturidade: a mulher tem medo de ser criticada pelos outros, assim continua usando roupa indecente, ou pouco modesta, para estar bem diante das amigas e da sociedade.

Falsa conversão: ela acha que é o suficiente não usar uma roupa indecente, mas que não precisa usar uma roupa modesta "de mais", pois isso é exagero. O mundo de hoje mudou, não é mais igual antigamente, e usar roupa muito modesta é para quem quer ser Freira ou beata de igreja.

Pusilanimidade e inconstância: Essas são a maioria das mulheres. Não usam uma roupa totalmente indecente, mas também não usam uma roupa totalmente modesta, porque lhes falta firmeza para tomar uma resolução firme, de acordo com aquilo que dizem crer. Assim, ou elas se contentam com uma roupa mais ou menos modesta, ou em alguns lugares usam roupa modesta, mas em outros não. E agem assim por diversas situações: buscam o próprio conforto, achando que tal roupa modesta dá mais calor ou é menos confortável; ou porque não querem ser criticadas por não estarem andando na moda.

Você quer ser uma verdadeira cristã? Mulher sábia e integra? Feminina e modesta como a Santíssima Mãe de Jesus? Vamos! Coragem! Você consegue!

Conteúdo das legendas da foto sobre a Modéstia ideal:

1) O penteado da mulher deve ser sempre feminino. Nada de cortes de cabelo extravagantes ou masculinos. O cabelo da mulher deve ser, de preferência, comprido (cf. ICor 11,15). Se a mulher quiser pintar o cabelo para agradar ao esposo, deve escolher a cor mais próxima à sua cor natural. Quando estiver em oração - seja na Igreja ou não - o ideal é cobrir a cabeça e os cabelos com um lenço ou um véu (cf. ICor 11,13).

2) A gola ideal não pode passar de dois dedos abaixo da cova da garganta. Também para aos lados não pode deixar os ombros descobertos; assim cuidado com as golas canoas.

3) As mangas ideais são até o pulso, mas podem também ser 3/4 ou até o cotovelo. Blusas de manga com o ombro vazado, ou de manga curta, de alças, ou sem mangas, não são modestas!

4) O tecido não pode ser fino, transparente, nem da cor da pele da pessoa. A roupa não pode ser justa, de forma que marque o corpo, mostrando o formato dos seios, da cintura, dos quadris, etc. As blusas com detalhes chamativos, ou com coisas escritas não são ideais, pois direcionam o olhar das pessoas para as partes inferiores do corpo; e o olhar das pessoas deve ser direcionado sempre para nosso rosto. Isso vale também para saia e vestido, que não devem ser justos, nem ter cores e estampas chamativas.
Roupas jeans que tem a costura, bolsos e zippers à mostra não são ideais.

Veja esta saia jeans na foto: em primeiro lugar, ela não é modesta porque é justa. E mesmo se não fosse justa, não seria modesta, pois os bolsos à mostra, direcionam automaticamente o olhar das pessoas para as nádegas da mulher. Também as costuras à mostra não são ideais.

5) Mulher modesta jamais usa calça e bermuda, muito menos short, mas usa somente saia ou vestido. Os vestidos ideais não podem ser justos, transparentes, curtos ou com decotes, e não podem ser de tecidos da cor da pele.

Assim também as saias não podem ser justas, curtas, transparentes, e devem sempre ter forro (ou se deve usar uma anágua). Não é bom que as saias sejam de uma cor muito mais clara do que blusa, porque nossa tendência é de olhar para o que é mais claro, assim você estará chamando atenção para a parte de baixo do seu corpo, e não para o seu rosto.

O ideal é que os vestidos e saias cheguem até o pé, mas pode-se usar também abaixo do joelho, desde que sempre cubram os joelhos quando a mulher estiver em pé, sentada ou ajoelhada. E se usar uma saia ou vestido que não chegue até o pé, o ideal seria usar uma "meia-calça" ou uma meia 3/4 que, de preferência, não seja transparente.

6) A respeito dos sapatos, estes também devem ser discretos. Nada de saltos muito altos, ou que façam barulho ao caminhar. Na verdade, o ideal seriam sapatos que cobrissem os pés, ou que dessem para usar com meias, mas as sandálias são toleráveis, desde que não deixem os pés muito a mostra.

Sugestão de livro: Descobrindo a Castidade - Padre Luiz Carlos Lodi - à venda no Site do Pró-Vida de Anápolis.


31 de dezembro de 2017

A Sagrada Família e o Filho único

Não se trata aqui do polêmico assunto, sempre levantado por parte dos protestantes, se Maria permaneceu virgem ou não depois do nascimento de JESUS, até porque esta é uma dúvida deles, e não nossa, católicos; nós temos certeza, pela Sagrada Tradição, e até pela Sagrada Escritura, garantida pelo Sagrado Magistério, da Virgindade perpétua de Maria - que inclusive é um Dogma de Fé.

Mas aqui abordaremos o seguinte aspecto: Se desde a religião judaica, e também a própria moral católica incentiva que a família tenha muitos filhos, porque então, DEUS quis que a Sagrada Família tivesse apenas um filho? O fato de que Maria teve apenas um filho biológico, vai muito mais além do aspecto físico e humano. 

- Em primeiro lugar, sabemos que JESUS poderia ter "aparecido" de qualquer maneira, mesmo já adulto, sobre a Terra... mas DEUS PAI quis que ELE nascesse em uma família, para assim mostrar o valor da família! E assim como JESUS foi 'o centro e o tudo' de Maria e José, assim, Ele deve ser também o centro (o mais importante) de cada pessoa, de cada família, seja esta do tamanho que for.

Pois, apesar de que é da vontade de DEUS que a família seja numerosa (Cf. Gen 1,28; Gen 9,1.7; Sal 126,3 e Jer 29,6), não significa que um casal que só conseguiu ter um filho, ou mesmo que não conseguiu ter filhos, não seja família. Muitos casais desejariam ter muitos filhos, mas por algum motivo: saúde, acidente, etc., não puderam ter mais que um, ou nem mesmo puderam ter um; e nem por isso deixam de ser família no Coração de DEUS. Estas pessoas são chamadas a se doarem como "pais" de outra maneira, seja 'adotando' filhos diretamente, ou engajando em projetos humanitários e caritativos em suas Comunidades Paroquiais, em seu bairro, etc., e tendo muitos 'filhos espirituais'.

- Outro aspecto importante a se considerar é que quando o Anjo São Gabriel apresentou-se a Maria com a proposta de DEUS, ela já era noiva comprometida de São José, e mesmo assim ela perguntou (não duvidando, mas querendo entender): "Como se fará isso, se não conheço homem?" (Lc 1,34). Ora, se ela pretendesse viver uma vida matrimonial comum como todas as mulheres judias, poderia ter deduzido que isto se daria obviamente após a consumação normal do matrimônio! Mas sua pergunta nos revela que ela pretendia manter-se virgem, vivendo uma espécie de Consagração para DEUS - e isto, com o consentimento de São José - e queria entender como poderia acontecer isto sem ela violar este "voto" que ambos haviam feito a DEUS, de viverem como irmãos, exclusivamente para DEUS. E o fato conclusivo disto é que DEUS respeitou esta escolha deles; e Maria Santíssima foi Mãe e permaneceu Virgem!

Assim, o fato de que Nossa Senhora e São José não tiveram outros filhos, não representou de modo algum, uma atitude egoísta de um casal que não queria ter mais filhos para não ter "problemas" (como infelizmente acontece hoje em dia com muitos casais, que vêem os filhos como: noites mal dormidas + problemas + gastos + plano de saúde + escola + faculdade, etc.), mas porque eles eram chamados a serem modelos e exaltação das duas vocações: a vocação matrimonial e a vocação ao celibato e à virgindade.

- JESUS é tido como Filho Unigênito do PAI (Jo 3,16) e primogênito de Maria (Lc 2,7). Sabemos que JESUS foi "filho único" tanto do PAI Eterno, quanto de Maria Santíssima, e embora, a palavra 'unigênito' significa 'único', e 'primogênito' significa 'o primeiro', em que sentido podemos entender estas duas palavras: "Unigênito" e "Primogênito"?

Como disse antes, não questionamos aqui em nenhum momento a Virgindade de Maria, e nem vamos entrar neste assunto.

Sabemos que JESUS afirmou: "Todo aquele que faz a vontade de Meu PAI que está nos céus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe." (Mt 12,50). JESUS já deixava bem claro aqui a importância da família espiritual. Em outro lugar Ele também afirmou: "Na ressurreição, os homens não terão mulheres nem as mulheres, maridos; mas serão como os Anjos de DEUS no céu" (Mt 22,30).

Assim, se aqui na Terra, muitos consideram por família somente os parente de laços sanguíneos e adotivos, na eternidade isso será alargado e estendido a todos os bem-aventurados: seremos uma só e grande família de irmãos e irmãs, e amaremos a todos - até mesmo aqueles que nunca tínhamos visto nesta Terra - assim como amamos nossos pais e irmãos que conhecemos.


- JESUS não cresceu uma criança solitária, brincando sozinho... Aqui entra em cena os parentes e primos de JESUS, que cresceram brincando com ELE, nas ruas de Nazaré, onde após voltar do exílio do Egito, São José e Maria se instalaram. Por isso mesmo, eles eram chamados de 'irmãos de JESUS', pois conviveram com ELE em Sua infância, sob os olhares atentos e amorosos de Maria, sua prima  mais velha ou parente próxima.

- Um outro detalhe que não poderíamos deixar de falar é sobre a paternidade de São José. Ele não foi pai biológico de JESUS, mas foi 'pai adotivo', com todos os direitos e deveres civis e religiosos de pai. DEUS nos quer ensinar como Lhe agrada a adoção. Aqui também aqueles que são filhos adotivos encontram seu exemplo e consolo: JESUS também teve um pai adotivo.

- E ainda a respeito da frase que diz que JESUS é o Filho Primogênito de Maria, nos remetemos agora ao doloroso episódio da Crucificação. Lá, vemos Maria, de pé, junto da Cruz de seu Filho, e ao lado dela, o discípulo amado.

JESUS, antes de expirar deixa o Seu Testamento: "Mulher, eis o teu filho... Filho, eis a tua Mãe". E a passagem ainda nos diz que: "dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa" (Jo 19,27).

Se a Santíssima Virgem, que nasceu toda pura e sem mancha, não levou consigo a maldição do Gênesis sobre o parto com dores (Gen 3,16) quando nasceu JESUS (pois o parto de JESUS foi miraculoso, assim como a concepção), vemos algo bem diferente aos pés da Cruz. Nós, seus filhos pecadores, fomos gerados sob as lancinantes dores místicas que ela sofreu aos pés da Cruz, como profetizou Simeão (cf. Lc 2,35b).

Assim, podemos afirmar que Maria tem muitos filhos sim: nós! E que JESUS não foi filho único. Nós somos Seus irmãos, gerados em Maria, aos pés da Cruz. Pois "Jesus é o Primogênito de toda criação" (Col 1,15). O PAI Eterno mesmo que nos "predestinou para sermos conformes à imagem de Seu Filho, a fim de que ELE seja o Primogênito entre uma multidão de irmãos" (cf. Rom 8,29).

E só para ilustrar poeticamente esta última parte, queremos concluir este artigo, com o Salmo 86, que fala da nova Jerusalém, ou Sião, comparando-a com a Santíssima Virgem:

"O SENHOR ama a cidade
que fundou no Monte Santo
ama as portas de Sião
mais que as casas de Jacó.

Dizem coisas gloriosas
da Cidade do SENHOR:
Lembro o Egito e Babilônia
entre os meus veneradores.

Na Filisteia ou em Tiro, ou no país da Etiópia,
este ou aquele ali nasceu.
De Sião, porém se diz:
Nasceu nela todo homem:
DEUS é sua segurança.

DEUS anota no Seu livro,
onde inscreve os povos todos:
Foi ali que estes nasceram.
E por isso todos juntos
a cantar se alegrarão;
e, dançando, exclamarão:
'Estão em ti as nossas fontes!'"

Indicamos ainda a leitura deste excelente artigo do padre Paulo Ricardo: https://padrepauloricardo.org/blog/o-presepio-dos-egoistas