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1 de novembro de 2019

Companheiros para a eternidade...

Uma das coisas mais misteriosas da vida humana é a passagem desta para a outra vida. Na verdade, pouco se reflete hoje em dia sobre os Novíssimos (o fim último do homem: morte, juízo, inferno, purgatório e paraíso). Esta meditação que a Santa Igreja sempre incentivou é algo que sempre hesitamos em fazer... mas é a única coisa que podemos ter certeza que nos irá acontecer. E como vai ser esta passagem? Estaremos preparados?
Deus colocou ao nosso lado irmãos e amigos para nos acompanhar neste caminho até a eternidade: as pessoas e os Santos Anjos. O Anjo nos “protege, guarda, governa e ilumina”, não apenas para “atravessarmos a ponte” como vemos nas pinturas infantis, mas para que cheguemos ao Céu! Para ele nós somos como um Dom recebido de presente, como uma semente que ele deve cultivar, para apresentar a Deus os frutos. Só que para isso, ele precisa da nossa colaboração! E o que se torna um empecilho para que o Santo Anjo nos ajude a ir para o Céu? O pecado, obviamente! E ele se manifesta de inúmeras maneiras sutis que ferem a fé, a esperança e a caridade. E é basicamente na vivência destas Virtudes, e no desdobramento delas, que o Santo Anjo quer nos formar.
São Paulo afirmava: Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade... porém, a maior delas é a caridade (I Cor 13,13). Quando falamos de caridade, não significa somente “dar esmolas”. Neste mesmo capítulo, o Apóstolo explica que a caridade é paciente, não é invejosa nem orgulhosa, não busca os próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor, tudo suporta... Essa é uma lista que devemos lutar para pôr em prática, pois se fizermos um honesto exame de consciência, veremos que são estas ‘picuinhas’ do dia-a-dia – e que às vezes não achamos tão grave – o que mais contribui para ferirmos a caridade.
Veja em sua Bíblia o Salmo 132, que diz: Como é bom... os irmãos viverem juntos... é como um óleo... é como o orvalho...” A nós hoje esta linguagem pode parecer estranha, mas para o Salmista, isso tinha um significado muito especial: o óleo da unção não era um óleo comum; representava, além de uma grande alegria, uma honra, uma dignidade. O monte Hermon, por sua grande altitude, tinha o topo coberto de neve, e podia compartilhar com a árida planície que o rodeava, o orvalho e a água da neve derretida... Isso representa a alegria, a honra e a bênção frutuosa que envolve e transborda quando as pessoas vivem em união. “Ali derrama o Senhor uma bênção eterna!”
Existe um provérbio Congo que diz: As pegadas dos que caminham juntos jamais se apagam! Como é bom quando caminhamos juntos e estamos felizes, sem desacordo, conflito ou inveja! Quando um se alegra com o bem e o sucesso do outro! Mas como é triste quando a convivência é ferida por julgamentos, antipatias, competições, inveja, ciúmes, falsidades, por contar vantagem de querer mostrar quem sabe mais... E isso é o tipo de joio que o inimigo quer semear em nossa família, entre os parentes de modo geral, na nossa paróquia, comunidade, no ambiente de trabalho, estudo, e até entre vizinhos!
Em um desentendimento, nenhuma das pessoas ganha... pode até “ganhar” aparentemente no plano humano, mas não no espiritual. Todas as vezes que cedemos a esse tipo de intriga, é o inimigo que vence sobre nós... e o nosso Anjo perde! É uma batalha não só humana - entre nós e o próximo, mas uma batalha espiritual - entre o Anjo bom e o mau! Estaremos sendo marionetes nas mãos do inimigo, e impediremos nosso Anjo de nos ajudar.
Santa Terezinha escreveu que só no último lugar não há inveja, nem aflição de espírito, ou seja, muitas vezes, é preciso deixar a outra pessoa vencer: na opinião, na escolha, na decisão; é preciso ceder o primeiro lugar, para que a humildade vença! Procedendo assim, amontoaremos brasa sobre a cabeça da outra pessoa, nos lembra São Paulo (cf. Rm 12,9-21), ou seja, a atitude orgulhosa de uma pessoa ao ser deparada com a acolhida humilde da outra, faz a primeira se ruborizar de vergonha e reconhecer o próprio erro.
Mas aí surge outra armadilha que nosso Bom Anjo nos quer salvar: muitas vezes somos levados por uma falsa caridade. Se temos dificuldade com certa pessoa, nos vem o pensamento “heroico” de fazer tal coisa para que a pessoa perceba que fomos bons com ela! Sem perceber, somos levados por um orgulho camuflado, cheio de vaidade e vã glória... No fundo do coração era uma competição: queríamos dominar, mostrar que fomos capazes de aturá-lo sem que ele merecesse. Mas não é isso que São Paulo se refere. Ele explica em outro lugar: Ajudai-vos uns aos outros a carregar os vossos fardos”, e logo em seguida diz: cada um deve carregar o seu próprio fardo (cf. Gal 6, 2-5). Parece contraditório! Mas o significado é: devemos sempre fazer da nossa parte na batalha da caridade, mas sem esperar que os outros façam o mesmo em relação a nós! Se todos vivêssemos isso, a convivência seria uma fonte de caridade verdadeira! Também devemos pensar que Deus jamais vai cobrar de outra pessoa o que compete a nós, e vice-versa. Assim, não temos porque reparar a vida dos outros; cada um terá que prestar contas a Deus de acordo com o que recebeu!
Jesus e os Apóstolos nos ensinaram que devemos suportar uns aos outros(cf. Col 3,13). A palavra suportar não deve ser entendida como algo difícil, que temos de tolerar e sofrer, mas como “ser suporte”, um apoio e guindaste para levantar o outro. E quando diz que se um irmão pecar contra nós e não quiser se arrepender, devemos “tratá-lo como se fosse um pagão” (cf. Mt 18,15-17), não significa que devemos desprezá-lo ou atacá-lo; não é esse o significado. Como Jesus nos ensinou que devemos tratar os inimigos? Tratar como um pagão é perdoar 70 vezes 7, é começar do zero! É conquistá-lo através da humildade e do amor!
O humilde tira proveito de tudo, e só na humildade se alcança a sabedoria, maior do que qualquer ciência do mundo. Muitas vezes achamos que não temos nada a aprender com outra pessoa, só porque ela é mais jovem ou mais inculta do que nós. Mas ninguém é tão ignorante que não possa ensinar, nem tão sábio que não possa aprender”. Às vezes pensamos: já sei o que esta pessoa está ensinando, porque tenho que ouvir isso e obedecer? Simples! Talvez não precisamos aprender o que nos estão ensinando, mas precisamos aprender a humildade. E a humildade nada mais é do que tomar consciência de que somos pó e ao pó retornaremos.
Contemplemos Jesus na Hóstia Pequenina. Por acaso achamos que é pouca coisa Deus ter Se encarnado como ser humano, depois ter Se tornado um pão, ficando sujeito a tantos abusos e sacrilégios?! O Onipotente e Todo-Poderoso Se humilha e Se sujeita a aparecer como o que não é... E nós, porque queremos parecer o que não somos, e porque nos afligimos quando nos humilham? O tamanho da pena que sentimos ao ser humilhados, representa o tamanho do orgulho que ainda existe em nós. No livro “Imitação de Cristo” diz que se nos afligem por algo que não temos culpa, devemos lembrar dos outros motivos pelos quais mereceríamos sofrer.
Quando Jesus fala a Nicodemos: quem não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus (Jo 3,3), sabemos que Ele não fala de um nascimento físico, mas espiritual. Mas reflitamos: quem nasce é grande ou pequeno? Ninguém nasce adulto! Assim, para ter esse novo nascimento no Espírito Santo e ganhar o Reino dos Céus, é preciso ser pequeno, ser simples como uma criança, na humildade, pureza, docilidade (cf. Lc 18,17). O Padre Léo dizia: O Céu é para quem sonha grande, pensa grande, e tem a coragem de viver pequeno. Quando estiver difícil de viver a caridade com alguém, recorramos ao auxílio dos Santos Anjos, e com um movimento espiritual, abracemos o Anjo da pessoa que ainda não conseguimos amar, e deixemos que a semente de trigo da humildade cresça e “frutifique em cem por um”, para que nosso Anjo possa, feliz, apresentar-nos a Deus na vida eterna.
Voltemos à meditação inicial: como será nossa passagem para a vida eterna? Lembremos que as frases bonitas da Bíblia e dos santos, antes de terem sido ditas, foram vividas... E nós? Qual será a “frase bonita” que nossa vida irá refletir para os outros? No entardecer da vida, seremos julgados sobre o amor(São João da Cruz).Se compreenderdes estas coisas, sereis felizes, sob a condição de as praticardes (Jo 13,17).

21 de abril de 2019

Ressuscitou Verdadeiramente! Aleluia! Aleluia!


Sequência da Páscoa

Cantai, cristãos, afinal
Salve ó vítima pascal!
Cordeiro inocente, o Cristo
Abriu-nos do Pai o aprisco

Por toda ovelha imolado
Do mundo lava o pecado
Duelam forte e mais forte
É a vida que vence a morte

O Rei da vida, cativo
Foi morto, mas reina vivo!
Responde, pois, ó Maria
No teu caminho o que havia?

Vi Cristo ressuscitado
O túmulo abandonado
Os Anjos da cor do Sol
Dobrado ao chão o lençol

O Cristo que leva aos céus
Caminha à frente dos seus!
Ressuscitou, de verdade!
Ó Cristo Rei, piedade!




Sequentia Paschalis

Victimae Paschali laudes
Immolent christiani.

Agnus redemit oves:
Christus innocens Patri
Reconciliavit peccatores.

Mors et vita duello
Conflixere mirando:

Dux vitae mortuus,
Regnat vivus.

Dic nobis Maria,
Quid vidisti in via?

Sepulcrum Christi viventis,
Et gloriam vidi resurgentis:

Angelicos testes,
Sudarium, et vestes.

Surrexit Christus spes mea:
Praecedet suos in Galilaeam.

Scimus Christum surrexisse
A mortuis vere:
Tu nobis, victor Rex, miserere.

Amen. Alleluia.



6 de março de 2019

O Guardião do Redentor - São José e a Quaresma

Como a Santa Igreja coloca a Festa de São José, esposo da Virgem Maria, no Tempo da Quaresma, vamos meditar um pouco sobre o seguinte ponto: que a vida de José está relacionada com a Encarnação e infância de Jesus é óbvio, mas, e em relação à Redenção?

Será que existe uma ligação entre a vida dele e o Mistério da Redenção?

O que pensar, sendo que, segundo a Tradição da Igreja, José morreu antes da vida pública e da crucificação de Jesus!?

De fato, as Escrituras silenciam sobre ele, e não temos uma única palavra registrada nos Evangelhos desse carpinteiro declarado «justo». Mas algo nós temos: a sua atitude de fé e obediência à Deus, em Seus Anjos, diante de cada situação que o provou, e que testemunham que este silencioso homem foi um grande santo, tão grande quanto à missão que recebeu.

O papa São João Paulo II escreveu uma Exortação Apostólica chamada de «Redemptoris Custos», que significa «Guardião do Redentor», onde ele afirma que "a Encarnação e a Redenção constituem uma unidade orgânica e indissolúvel,... intimamente relacionadas entre si" (RC II,6). Isso significa que ainda que pareça indireta a participação de José no Mistério da Redenção, ele também foi incluído neste drama, e mesmo não estando aos pés da Cruz, como Maria, cada sofrimento de sua vida convergiu para esse momento.

Dos poucos trechos evangélicos que o citam, foram retiradas as chamadas «7 Dores e Alegrias de São José». Por exemplo, as passagens de Lucas 1,26-38 e Mateus 1,18-25, revelam aspectos sobre os esponsais de José com Maria, e a concepção milagrosa dela, por obra do Espírito Santo.

Da pergunta de Maria: "Como se fará isso, pois não conheço homem?", pode-se intuir que havia entre eles um voto de virgindade, afinal, eles já eram noivos - e segundo o costume hebraico, o noivado já era considerado um matrimônio, com todos os direitos e deveres legais, só não havendo ainda a coabitação – e a dedução mais natural que Ela poderia ter, é que esta concepção seria fruto da união conjugal no Matrimônio; mas pela sua pergunta ao Anjo, nota-se que essa possibilidade estava descartada.

É aí que entra José, pois Ela não poderia decidir isso sozinha; foi uma decisão tomada em comum acordo. E sendo isso algo incomum naquela época, conclui-se que já era inspirado pelo Espírito Santo para um propósito mais sublime.

Isso explica o grande sofrimento que a revelação da gravidez de Maria ocasionou em José. É claro que em nenhum momento, ele duvidou da integridade e santidade de sua noiva-esposa. Segundo Orígenes (séc. III) a "sua intenção de deixá-la (secretamente) se explica pelo fato de ter reconhecido nela a força de um milagre, um mistério grandioso" do qual não se achava digno de participar.

Como bom judeu, José provavelmente conhecia as profecias a respeito do nascimento do Messias por meio de uma Virgem, e isso se revela claramente pelo fato de que ele não quis «expô-la publicamente», mas pensava em «rejeitá-la secretamente», para "não ser obstáculo ao plano de Deus que nela estava a realizar-se" (RC III,20). Agindo assim, ele assumia para si a culpa, de modo que se alguém julgasse a situação, culparia ele, que a repudiou e abandonou; e assim, Ela estaria protegida contra o apedrejamento segundo a Lei.

Outro fato importante a esclarecer é que muitos figuram erradamente a São José como um homem bem mais velho que Maria. O Venerável Fulton Sheen referia-se ao santo como "um homem jovem, forte, viril, casto e disciplinado".

Muitos querem colocá-lo como idoso, para justificar sua castidade ao lado de Maria. E ele não só era jovem o suficiente para suportar as longas jornadas que a Sagrada Família teve que percorrer no deserto, como também era forte para trabalhar para sustentá-los. E eles viveram um casamento virginal, não por coação das circunstâncias, mas porque de antemão já haviam escolhido servir a Deus dessa maneira. E seu propósito foi não somente abençoado por Deus, mas foi consagrado por Ele, de modo que José tornou-se o único digno de ser o Guardião do Redentor e de Sua Mãe Puríssima.

Outro momento marcante na vida de São José foi quando, por ocasião da Circuncisão do Menino, ele escuta a profecia de Simeão dirigida à Maria: "uma espada traspassará a tua alma". Vendo-se excluído desta terrível previsão, José podia entrever que não estaria presente em tal ocasião para apoiar sua esposa. Mais uma dor para seu coração. Mais uma cruz para oferecer em silêncio.

O que dizer então de como deve ter ficado o coração de José diante da resposta do Menino, após três dias de angustiante procura: "Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de Meu Pai?!" (Lc 2,49). O evangelista afirma que «eles não compreenderam», mas, longe de se sentir rejeitado, José, assim como Maria "guardava esses fatos, meditando-os no seu coração". Esses episódios, e os outros: a busca frustrante de pousada, o nascimento na pobreza e frio da Gruta em Belém, a fuga para o Egito, a fuga de Arquelau, a vida pobre e desprezada em Nazaré, revelam que "a caminhada da fé de José seguiu a mesma direção, permaneceu totalmente determinada pelo mesmo Mistério, de que ele, juntamente com Maria, se tinha tornado o primeiro depositário" (RC, II,6).

Meditar na vida de José, durante a Quaresma, não nos leva a desviar do foco da Cruz. Ele "foi chamado por Deus para servir diretamente a Pessoa e a missão de Jesus, mediante o exercício de sua paternidade: desse modo, precisamente, ele coopera no grande Mistério da Redenção" (RC, II,8). E assim como a Santa Igreja afirma que os santos Inocentes, mesmo não sabendo falar, foram testemunhas de Cristo, ao derramarem o seu sangue por Ele, muito mais podemos dizer que José, cumpriu o mandato de Jesus: “aquele que quiser Me seguir, tome cada dia a sua cruz e Me siga”. Ele não só a carregou todos os dias - e muito melhor do que fez o Cireneu na via-sacra -, mas carregou em seus próprios braços, e com muito amor, o próprio Redentor da humanidade.

Que nesta Quaresma, ao cumprirmos nossos deveres cristãos: Santa Missa, Adoração ao Santíssimo, Rosário, Lectio Divina, Confissão, Jejum, Penitência, etc., possamos tê-lo como exemplo e companheiro de oração, juntamente com Maria e os Santos Anjos. Amém.

25 de março de 2018

A Paixão de Cristo segundo o médico cirurgião

Esta meditação abaixo foi retirada dos escritos de Pierre Barbet, um médico cirurgião católico, que durante muitos anos estudou o Santo Sudário confrontando-o com as passagens Bíblicas relativas à paixão de JESUS.

Ele deixou um livro sobre o assunto, chamado:
"A Paixão de Cristo segundo o Cirurgião".


«Eu sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por treze anos vivi em companhia de cadáveres e durante a minha carreira estudei a fundo anatomia. Posso portanto escrever sem presunção:

1) A Paixão, na verdade começou no dia de Natal, pois que JESUS, em Sua onisciência, soube sempre, sempre viu e quis os sofrimentos que aguardavam Sua Humanidade. O primeiro Sangue derramado por nós foi o da Circuncisão, oito dias após o Natal. Bem se pode imaginar o que será para um homem a previsão exata de seu martírio. 

No entanto, é no Getsêmani que vai começar o holocausto. JESUS, tendo feito os Seus comerem a Sua Carne e beberem o Seu Sangue, os conduz noite adentro para o Jardim das Oliveiras, como de costume.


Deixa-os se acomodarem  perto da entrada, conduz um pouco além seus três íntimos, afasta-Se à distância de uma pedrada, para se preparar orando. Sabe que Sua hora está chegando...



[Então] "começou a ter pavor e a angustiar-Se" (Mc 14,33). Contém esta taça, que deve beber, duas amarguras: a primeira é o ter de assumir os pecados dos homens, ELE, o Justo, para resgatar Seus irmãos e é, sem dúvida, o mais duro: uma prova que não podemos imaginar... "PAI, se queres, afasta de Mim este cálice; no entanto, que não se faça a minha vontade, mas a Tua." (Lc 22,42)

A luta é simplesmente espantosa; um Anjo vem reconfortá-Lo... "E Seu suor tornou-se como coágulos de Sangue caindo pela terra." (Lc 22,44).

Notemos que o único evangelista que relata o fato é um médico. E nosso venerado Lucas... o faz com precisão de um clínico. A hematidrose é um fenômeno raríssimo. Se produz em condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo.

O terror, susto, a angústia terrível de sentir-Se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado JESUS. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o Sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então escorre por todo o corpo até a terra.

Notai que essa hemorragia microscópica se produz em toda a pele, que fica portanto atingida e prejudicada em seu conjunto, e de algum modo, dolorida e mais sensível para todos os golpes futuros.

2) Conhecemos a farsa do Processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de JESUS a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede, e então ordena a flagelação de JESUS. Os soldados despojam JESUS e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. 


A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos.

As marcas do Sudário de Turim são inúmeras; a maior parte das chicotadas são sobre os ombros, sobre as costas, sobre a região lombar e também sobre o peito.

De acordo com as marcas deixadas no Sudário, os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra.


A cada golpe JESUS reage em um sobressalto de dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de Sangue.

3) Depois, vem o escárnio da Coroação. Com longos espinhos, mais duros que os da [planta] Acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (e os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo). No Sudário se percebe que um forte golpe de bastão - dado obliquamente - deixou sobre a Face direita de JESUS um horrível ferimento pisado; o nariz foi deformado por uma fratura da cartilagem.


4) Pilatos, depois de ter mostrado aquele Homem dilacerado à multidão feroz, O entrega para ser crucificado. Colocam sobre os ombros de JESUS o grande braço horizontal da Cruz; pesa uns cinqüenta quilos.

A estaca vertical já está plantada sobre o Calvário. JESUS caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheia de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O percurso, felizmente, não é muito longe, cerca de 600 metros. Mas JESUS, fatigado, arrasta um pé após o outro, e frequentemente cai sobre os joelhos. Seus ombros estão cobertos de chagas! Quando ELE cai por terra, a viga lhe escapa, escorrega, e Lhe esfola o dorso.

5) Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas a sua túnica está colada nas chagas e tirá-la produz dor atroz.

Quem já tirou uma atadura de gaze de uma grande ferida percebe do que se trata. Cada fio de tecido adere à carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um puxão violento. Há um risco de toda aquela dor provocar um desmaio, mas ainda não é o fim.

O sangue começa a escorrer. JESUS é deitado de costas, as Suas chagas se incrustam de pó e pedregulhos. Depositam-No sobre o braço horizontal da Cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração dos pregos. Horrível suplício!

Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), apoiam-no sobre o pulso de JESUS, com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira.

JESUS deve ter contraído o rosto assustadoramente. O nervo mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que JESUS deve ter provado: uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se pelos ombros, atingindo o cérebro. A dor mais insuportável que um homem pode provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos: provoca uma síncope e faz perder a consciência. 

Em JESUS não. O nervo é destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o Corpo for suspenso na Cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará três horas (seis horas, segundo o Evangelho de São Marcos).

O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam JESUS, colocando-O primeiro sentado e depois em pé; consequentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam-se à estaca vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da Cruz sobre a estaca vertical. Os ombros da vítima esfregam dolorosamente sobre a madeira áspera.

A ponta cortante da grande coroa de espinhos penetram o crânio. A cabeça de JESUS inclina-Se para frente, uma vez que o diâmetro da coroa o impede de apoiar-Se na madeira. Cada vez que o Mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudas de dor.

Pregam-lhe os pés.

Ao meio-dia JESUS tem sede. Não bebeu desde a tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue. A boca está semiaberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, Lhe queima, mas ELE não pode engolir. Tem sede.

Um soldado Lhe estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz.

Um estranho fenômeno se produz no corpo de JESUS. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos, se curvam. É como acontece a alguém ferido de tétano. A isto que os médicos chamam tetania, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. 

O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. JESUS respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, Seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois Se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico. JESUS é envolvido pela asfixia. Os pulmões cheios de ar não podem mais se esvaziar. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita.

Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, JESUS toma um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforça-Se a pequenos golpes, Se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração torna-se mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial. Por que este esforço? Porque JESUS quer falar: “PAI, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem!”

Logo em seguida o Corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ELE na Cruz: cada vez que ELE quer falar, deverá levantar-Se tendo como apoio o prego dos pés. Inimaginável dor!

Atraídas pelo sangue que ainda escorre e pelo coagulado, enxames de moscas zunem ao redor do Seu Corpo, mas ELE não pode enxotá-las. Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura diminui. Logo serão três da tarde. JESUS luta sempre: de vez em quando Se eleva para respirar. A asfixia periódica do infeliz que está destroçado. Uma tortura que dura três horas (seis horas segundo São Marcos).


Todas as Suas dores, a sede, as câimbras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, Lhe arrancam um lamento: “Meu DEUS, Meu DEUS, porque Me abandonastes?”.

Depois, JESUS grita: “Tudo está consumado!”.

Em seguida num grande brado diz: “PAI, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito”.

E morre. Em meu lugar e no seu!»

O crucifixo esculpido pelo médico 'Charles Villandre'
segundo o Sudário

Doutor Pierre Barbet
NOTA: Pierre Barbet (1884-1961), foi um francês católico, médico e cirurgião-chefe do Hospital Saint Joseph em Paris. Depois de largo estudo sobre o Santo Sudário de Turim, e também baseado em sua experiência nos Campos de Batalha da Primeira Guerra Mundial, ele escreveu a conclusão de seu estudo intitulando-o: "Um médico no Calvário", que depois resultou no livro A Paixão de Cristo segundo o cirurgião.

«O doutor Pierre Barbet como cirurgião, impressionou-se com os sofrimentos físicos de Cristo.

Os Evangelistas, narrando a Paixão do Senhor, dizem que Ele foi flagelado, coroado de espinhos e crucificado. Mal podemos imaginar o que contêm estas expressões.

Doutor Barbet estudou vinte anos o assunto. A luz da anatomia revelou-lhe sofrimentos tão tremendos no Senhor que ele não resiste mais fazer a Via-Sacra! Ouvindo a exposição de suas pesquisas, [o Papa Pio XII, na época ainda Cardeal Pacelli] pálido de emoção exclamou: "Não sabíamos disto! Ninguém nô-lo havia dito!"» (texto da contra-capa do livro: A Paixão de Cristo segundo o cirurgião - Edições Loyola).

14 de setembro de 2017

O sentido da Cruz

Jesus agonizante deve ser um ímã que atrai nosso coração para nos fazer amar mais a Deus.

Deveríamos ficar admirados ao contemplar a Cruz, vendo até que ponto chegou o Amor de Deus por nós. “Deus prova Seu Amor para conosco, em que Cristo morreu por nós.” (Rom 5, 8)

A religiosa polonesa, Santa Faustina Kowalska (25/08/1905 - 05/10/1938), que teve visões e revelações de Jesus, afirmou: "Jesus, amo-Vos mais vendo-Vos assim ferido e aniquilado, do que se Vos visse em majestade... A grande majestade atemoriza-me a mim pequenina, o nada que sou, mas as Vossas Chagas atraem-me ao Vosso Coração e falam-me do Vosso grande Amor para comigo." (Diário, 252)

Deus quis que Jesus se tornasse frágil como nós, para que nós sentíssemos mais próximos Dele, e não tivéssemos medo como Moisés; que abaixou o rosto para não ver à Deus, pois teve medo. (Ex 3, 6)

Mesmo que a Cruz nos lembre sofrimento e aparentemente sugira a derrota, ela deve juntamente com Jesus, tomar o centro de nossas vidas.

A Cruz, poderia antes, até ser sinal de loucura e escândalo (ICor 1, 22-24), mas depois que Cristo ‘quis passar’ por ela, tornou-se sinal de vida, fortaleza, esperança e salvação, tornou-se o sinal verdadeiro do amor e misericórdia de Deus.

A Cruz é a arma contra o inimigo; ele tem pavor dela; pois foi nela que Jesus venceu e derrotou o pecado. E a prova maravilhosa disto é a Ressurreição de Jesus! Jesus não foi derrotado pela Cruz, mas nela, venceu!

Repare o quanto Deus dá valor à Cruz, pois mesmo depois que Jesus Cristo ressuscitou, permaneceu Nele, somente as Santas Chagas das mãos, dos pés e do lado: Chagas que Jesus recebeu na Cruz.

Jesus quis passar por tudo isso somente por Amor à nós. Ao contemplarmos a Cruz, deve então transbordar do nosso coração os mais vivos sentimentos de gratidão e de amor à Jesus. A Cruz deve ser para nós, alegria.

Se analisarmos bem, podemos chegar à conclusão, que não seria necessário Jesus ter feito milagres, curas, prodígios, ou mesmo ter ensinado todas as coisas que ensinou para que fossemos redimidos do pecado e salvos, tendo direito à vida eterna; bastaria Ele ser Crucificado. Ou como Santa Faustina diz em seu Diário: “Um suspiro de Cristo satisfaria a Vossa justiça; mas Vós ó Jesus, empreendestes uma tão terrível paixão por nós unicamente por amor.” (Diário, 1747)

Deus poderia ter escolhido qualquer homem para isso: (milagres, curas, prodígios e ensinamentos). O que fizeram os profetas, os homens do Antigo Testamento? Também eles não curaram? Por meio deles não ocorreram prodígios? Não se pregou sábias palavras?!! Ora, está claro que isso não vinha deles, mas unicamente de Deus, que lhes dava tal poder e sabedoria. Mas somente uma coisa não poderia ser substituída: a morte de Cruz de Nosso Senhor!

Mesmo que outros homens tenham sido crucificados, eles não sofreram o mesmo que Jesus. E o maior sofrimento que um homem pudesse ter, não se assemelharia nunca ao de Jesus (pois Ele encarnou o sofrimento de toda a humanidade), nem serviria para nossa salvação, pois não teria o Valor do sacrifício de Jesus (que é infinito, sendo Ele Deus).

Não seria por causa do mesmo Amor (Amor este que é Eterno e Verdadeiro). Não seria pela mesma Misericórdia (Misericórdia que é sem medida).

E muito menos, não seria por todos, incluindo até os inimigos, (pois Jesus morreu por TODOS, inclusive pelos que O crucificaram e por todos os pecadores de ontem, de hoje, e de sempre).

Quem perdoaria todos como Jesus e ainda se ofereceria para morrer por eles, pagando seus pecados?!! (Ver Lc 23, 34)

Então digamos: Glórias e Louvores à Deus, por Cristo crucificado, nosso Redentor. Bendito seja Deus pela Cruz de Cristo, sinal de nossa salvação. E ainda mais: Aleluia! Porque Jesus quis sofrer por nós, Ele não quis apenas um suspiro, mas quis passar pelos maiores sofrimentos, para nos salvar. E além de querer ser crucificado, Jesus quis fazer, Ele mesmo: milagres, curas, prodígios; e ensinar-nos com Suas Palavras de Vida Eterna (Jo 6, 68); para assim estar mais perto de nós; viver a nossa vida, experimentar nossos sofrimentos e necessidades; tudo isso Jesus experimentou, menos o pecado. (II Cor 5, 21).

A vida não é só alegria e gozo, pois nós somos pecadores! Não basta Jesus ter morrido por nós e ter passado pelo Caminho da Cruz para nos salvar, se nós (que somos pecadores e merecemos sofrer; o que Ele não merecia) não quisermos aceitar, conviver e amar esta Cruz; e aceitar e crer em Jesus assim: Aquele que morreu crucificado... mas Ressuscitou! Assim se revela a Misericórdia de Deus!

Essa vida é muito curta e cheia de tribulações. E isso não é de se estranhar, pois aqui na terra estamos todos como que ‘exilados num vale de lágrimas’. O nosso verdadeiro lar, nossa verdadeira pátria é o Céu. Fomos criados para a eternidade! E nossa família, não são cinco, seis, sete pessoas, mas todos os filhos de Deus!

O que seriam as cruzes desta vida? Poderia se dizer: sofrimento, doença, morte, injúria, incompreensão, injustiça, falta de amor, de paciência dos outros... e por aí vai.

Devemos procurar desapegar-nos completamente de nossas vontades, necessidades e até de nós mesmos e abandonarmo-nos inteiramente à Vontade e Providência de Deus. Sentiremos então a Verdadeira Paz e Felicidade, não paz e felicidade do mundo, mas de Deus; que se sente na alma. Ganharemos uma força capaz de suportar tudo, sem nos abalar e desanimar, pois nosso suporte, descanso, paz e alegria será o próprio Deus.

Então, almejemos a eternidade ao lado de Deus! Mas é lógico, que não podemos viver apenas sonhando com o Céu, sem olharmos a dura realidade ao nosso redor, portanto; pés firmes no chão, caminhando na nossa ‘Via Crucis de cada dia’. Mãos para servir aos irmãos; cabeça para criar soluções para os problemas; boca para anunciar a Verdade à todos; e coração voltado para Deus, em união com Ele, aprendendo Dele a amar verdadeiramente todos os irmãos.

Enquanto estamos nesta vida, suportemos as cruzes e amemos a Cruz de Cristo, para gozarmos da Eterna Felicidade: aquela sem mistura de tristeza.

Existe uma música do ‘Pe. Antônio Maria’ assim: “...não há cruz sem Cristo, nem Cristo sem cruz...” Portanto, nunca estaremos sozinhos ao carregar nossa cruz, Jesus estará sempre conosco nos ajudando a levá-la, pois onde há cruz, há Cristo; mas não devemos esquecer que onde há Cristo, há cruz.

Ao Tomé perguntar a Jesus, qual era o caminho para a salvação, Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho...”, disse também: “Vós conheceis o caminho para onde Eu vou.” (Jo 14,4-6).

Qual foi o caminho por onde Jesus passou? Devemos seguir as pegadas de nosso Pai! Não há outro caminho mais seguro que não seja o Caminho da Cruz: o caminho do Calvário, por onde Jesus passou. (Ver Imitação de Cristo; livro 2, cap. 12, 3).

Mas não se entristeça, este caminho não termina no Calvário; lá é o nascimento para a VIDA. Santa Teresinha do Menino Jesus, quando estava prestes a morrer, escreveu uma carta a um sacerdote amigo, o Pe. Maurício Bellière, que dizia: Irei em breve, oferecer o vosso amor a todos os vossos amigos do Céu... Gostaria de dizer-vos mil coisas que compreendo estando às portas da eternidade, mas não morro, entro na Vida... até breve, até logo no Céu!

Na eternidade poderemos então contemplar Cristo Glorioso, quem sem dúvida terá nas mãos Sua Cruz: o sinal glorioso de Sua Vitória.
Sinal este que se verá no Céu quando Cristo vier novamente. Assim diz o livro ‘Imitação de Cristo’: “O sinal da Cruz aparecerá no Céu quando o Senhor vier para julgar. Então todos os servos da Cruz, que durante a vida se conformaram com o crucificado, se aproximarão com grande confiança de Cristo juiz.”  (Imitação de Cristo; livro 2, cap. 12, 1).

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Jesus disse a Santa Faustina Kowalska: “Antes de vir como juiz imparcial, venho como Rei de Misericórdia. Antes de vir o dia da justiça, será dado aos homens este sinal no Céu. Apagar-se-á toda a luz no Céu e haverá uma grande escuridão sobre a terra. Então aparecerá o Sinal da Cruz no Céu...” (Diário, 83)

Santa Teresinha disse: “Agradeço-Vos, ó meu Deus todas graças que me concedestes, de modo particular a de me terdes feito passar pelo cadinho do sofrimento. É com alegria que Vos contemplarei no último dia, a empunhar o Cetro da Cruz...

Foi através do sacrifício da Cruz, que Cristo nos deu a Vida; foi pelo caminho do desprezo, incompreensão, abandono e sofrimento que Ele quis passar.

Nesta vida, o amor e a consolação não podem se separar do sofrimento. Santa Faustina Kowalska disse: “Conheci que cada alma gostaria de ter consolos divinos, mas de forma alguma quer abandonar os consolos humanos. Só que essas duas coisas, de forma alguma, podem ser conciliadas.” (Diário, 1443)

Não nos deixemos enganar pela aparência triste da Cruz, nem pelos espinhos do Caminho da Cruz, pois a rosa que encontraremos no final é doce, suave, bela e perfumada: a presença e o Amor de Deus. "Fora da Cruz não existe outra escada por onde subir ao Céu." (Santa Rosa de Lima)

A presença e o Amor de Deus, é a recompensa que vale todo sofrimento suportado, vale toda a Cruz aceita por amor a Deus, e vale até mais que isso, ou melhor, não tem valor que se pague à pois tem valor infinito!

Devemos então oferecer com nossa vida, Jesus crucificado, Ele tem o Valor Infinito, é o único preço que pode ser pago e que vale a Eterna Salvação. Amém!
* Por R. Maria - 14 agosto de 1998