21 de abril de 2019

Ressuscitou Verdadeiramente! Aleluia! Aleluia!


Sequência da Páscoa

Cantai, cristãos, afinal
Salve ó vítima pascal!
Cordeiro inocente, o Cristo
Abriu-nos do Pai o aprisco

Por toda ovelha imolado
Do mundo lava o pecado
Duelam forte e mais forte
É a vida que vence a morte

O Rei da vida, cativo
Foi morto, mas reina vivo!
Responde, pois, ó Maria
No teu caminho o que havia?

Vi Cristo ressuscitado
O túmulo abandonado
Os Anjos da cor do Sol
Dobrado ao chão o lençol

O Cristo que leva aos céus
Caminha à frente dos seus!
Ressuscitou, de verdade!
Ó Cristo Rei, piedade!




Sequentia Paschalis

Victimae Paschali laudes
Immolent christiani.

Agnus redemit oves:
Christus innocens Patri
Reconciliavit peccatores.

Mors et vita duello
Conflixere mirando:

Dux vitae mortuus,
Regnat vivus.

Dic nobis Maria,
Quid vidisti in via?

Sepulcrum Christi viventis,
Et gloriam vidi resurgentis:

Angelicos testes,
Sudarium, et vestes.

Surrexit Christus spes mea:
Praecedet suos in Galilaeam.

Scimus Christum surrexisse
A mortuis vere:
Tu nobis, victor Rex, miserere.

Amen. Alleluia.



31 de março de 2019

Aproximai-vos confiadamente...!

Estamos entrando no mês em que celebramos a Paixão e morte de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, assim como a vitória da Ressurreição e a Festa da Misericórdia. Neste tempo, os cristãos são convidados, de maneira especial, a aproximarem-se do Sacramento do Perdão.


Embora atualmente, já seja bem comum para muitos católicos buscar a Confissão mensalmente, ou até semanalmente, existem ainda um grande número de pessoas que tem muita dificuldade com este Sacramento.

Quando Jesus caminhava pelas terras de Israel e curava os doentes, perdoando seus pecados, os judeus indignados gritavam: “Só Deus pode perdoar os pecados!” (Mc 2,7). De fato, só Deus pode perdoá-los; mas o que eles não sabiam, ou não queriam crer, era que Jesus é Deus. Hoje, passados mais de dois mil anos de Sua Ressurreição, muitos continuam dizendo tal qual os fariseus: “Eu me confesso diretamente com Deus, pois só Ele pode perdoar os pecados!”; “Ah! Não vou confessar com um padre, que pode ser até um homem mais pecador do que eu!”; “Não tenho pecado! Nunca matei, nem roubei!”

Após a Sua ressurreição, Jesus apareceu aos Apóstolos, soprou sobre eles e disse: “A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Atos 20,21-23). Mas alguém poderia ainda questionar: “Ah! Mas isso era com os apóstolos! Eles morreram! Os padres de hoje não podem fazer isso!” Bem, veja em Atos 1,16-26, nos primeiros dias da Igreja nascente, o exemplo claro do que hoje a Santa Igreja chama de sucessão apostólica: a eleição de São Matias.

O poder que Jesus tem de perdoar os pecados, Ele confiou aos Seus apóstolos, e isso vem sendo passado de geração em geração até os nossos dias. Assim, no Sacramento da Confissão, não é o padre que está dando o perdão, pois naquele momento, ele age “in Persona Christi”, ou seja, na Pessoa de Cristo. Quem perdoa é Jesus, que usa do sacerdote como um canal para derramar Seu perdão e Sua Graça.

São Paulo afirmou: “Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo, por Cristo, e nos confiou o Ministério desta Reconciliação... e pôs em nossos lábios a mensagem da Reconciliação. Portanto, desempenhamos o encargo de Embaixadores em Nome de Cristo, e é Deus mesmo que exorta por nosso intermédio. Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus!” (II Cor 5,18-20).

“Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade. Se pensamos não ter pecado, nós O declaramos mentiroso e a Sua palavra não está em nós” (I Jo 1,8-10).

“Confessai os vossos pecados uns aos outros” (Tg 5,16). Quão Bom é Deus, pois podemos confessar com o sacerdote, que nos compreende em nossas misérias, pois é ser humano pecador como nós, e não precisamos nos confessar com os Anjos, que são Seres Puríssimos, diante dos quais, muitos, apenas por vê-los, caíram por terra aterrorizados (cf. Mt 28,4).

Mas... o que está por trás de todos estes questionamentos, é o mesmo ponto: vergonha, respeito humano, orgulho. São João Bosco dizia que os pecados que mais levam para o Inferno são os pecados de “respeito humano”. Este pecado fere diretamente o Primeiro Mandamento, de amar a Deus acima de tudo, pois se dá um respeito às situações humanas acima do respeito e temor que se deve dar a Deus. Assim, pela vergonha do que o outro pode pensar, muitas vezes se cala um pecado a vida toda, e se perde eternamente, e assim, “inutiliza os meios tão poderosos e eficazes de que Deus se serve para nos atrair a Si.”

“Ó alma, quem quer que sejas neste mundo, ainda que teus pecados sejam negros como a noite, não temas a Deus, tu, frágil criança, porque grande é o poder da Misericórdia Divina!” (Sta. Faustina; D.1652). “Aproximemo-nos, pois, confiadamente do Trono da Graça, a fim de alcançar Misericórdia e achar a Graça de um auxílio oportuno.” (Heb 4,16).

Não há pecado, por maior que seja, que não possa ser perdoado pela Misericórdia de Deus. O pecado contra o Espírito Santo, no qual se diz que não tem perdão, é aquele pecado de quem se obstina na incredulidade, de não crer no Amor e no Perdão de Deus; afinal, Ele não obriga ninguém a receber o Seu perdão, mas, ao mesmo tempo, “o amor de Cristo nos constrange” – dizia São Paulo – afirmando ainda: “Eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós”. (cf. II Cor 5,14; Rom 5,8). Veja! Ele já morreu por amor a você, mesmo antes de você nascer! Mesmo sabendo que você cometeria todos estes pecados! Mesmo assim, Ele quis te criar. E foi também a seu respeito, que Ele suplicou: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34).

Então! Aquela alma que lia esse artigo, entrou em si e refletiu: “Ó Senhor, quantas graças deixastes para mim, através da Santa Igreja, pelos Sacramentos! «Enquanto me conservei calado, mirraram-se-me os ossos, entre contínuos gemidos, pois, dia e noite, Vossa Mão pesava sobre mim; esgotavam-se-me as forças como nos ardores do verão.» Mas, já sei o que irei fazer: «Vou confessar o meu pecado, e não mais dissimular a minha culpa. Sim, vou confessar ao Senhor a minha iniquidade.» (cf. Sal 31). Criarei coragem, levantar-me-ei, irei ao sacerdote, e direi: “Padre, há tanto (tempo) não me confesso, e os meus pecados são esses...”

Depois que aquela alma colocou-se diante de uma imagem de Jesus Crucificado, e junto à Santíssima Mãe Maria, fez o Exame de Consciência, foi à Igreja e, no Confessionário, falou tudo o que lembrava, sem nada ocultar, o Sacerdote lhe disse: “Deus, Pai de Misericórdia, que, pela Morte e Ressurreição de Seu Filho, reconciliou o mundo Consigo e enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo Ministério da Igreja, o perdão e a paz.” E continuando, in Persona Christi, completou: “Eu te absolvo dos teus pecados, em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.”

Nesse momento, essa alma estava tão feliz que, entre lágrimas, respondeu apenas: 'Amém!', e nem percebeu que, quando, “estava ainda longe, seu Pai o viu” e, após a Confissão, Ele ”movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou... e falando aos servos (Anjos), disse: Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lhe, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés... Façamos uma festa, pois este Meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado” (Lc 15,20-24).

Agora, imaginemos: E se não existisse a Confissão? Imagina se, depois que pecássemos, não tivéssemos mais nenhuma chance, e fossemos condenados para sempre?! Mas o Pai Eterno nos dá a oportunidade de recomeçarmos, e nos dá o Seu perdão, “pelo Sangue de Cristo... que purifica a nossa consciência das obras mortas” (cf. Hb 9,14).

Que grande Graça do Amor e Misericórdia de Deus! O perdão é para todos: para você, para mim! O perdão só não está disponível para aquele que acha que não precisa dele. Este Sacramento é o Trono da Graça de Deus, aproveitemos dele enquanto podemos, e lembremos que: “o Confessionário é o único Tribunal onde você entra como réu, declara-se culpado, e sai absolvido.” Deus é Bom!

6 de março de 2019

O Guardião do Redentor - São José e a Quaresma

Como a Santa Igreja coloca a Festa de São José, esposo da Virgem Maria, no Tempo da Quaresma, vamos meditar um pouco sobre o seguinte ponto: que a vida de José está relacionada com a Encarnação e infância de Jesus é óbvio, mas, e em relação à Redenção?

Será que existe uma ligação entre a vida dele e o Mistério da Redenção?

O que pensar, sendo que, segundo a Tradição da Igreja, José morreu antes da vida pública e da crucificação de Jesus!?

De fato, as Escrituras silenciam sobre ele, e não temos uma única palavra registrada nos Evangelhos desse carpinteiro declarado «justo». Mas algo nós temos: a sua atitude de fé e obediência à Deus, em Seus Anjos, diante de cada situação que o provou, e que testemunham que este silencioso homem foi um grande santo, tão grande quanto à missão que recebeu.

O papa São João Paulo II escreveu uma Exortação Apostólica chamada de «Redemptoris Custos», que significa «Guardião do Redentor», onde ele afirma que "a Encarnação e a Redenção constituem uma unidade orgânica e indissolúvel,... intimamente relacionadas entre si" (RC II,6). Isso significa que ainda que pareça indireta a participação de José no Mistério da Redenção, ele também foi incluído neste drama, e mesmo não estando aos pés da Cruz, como Maria, cada sofrimento de sua vida convergiu para esse momento.

Dos poucos trechos evangélicos que o citam, foram retiradas as chamadas «7 Dores e Alegrias de São José». Por exemplo, as passagens de Lucas 1,26-38 e Mateus 1,18-25, revelam aspectos sobre os esponsais de José com Maria, e a concepção milagrosa dela, por obra do Espírito Santo.

Da pergunta de Maria: "Como se fará isso, pois não conheço homem?", pode-se intuir que havia entre eles um voto de virgindade, afinal, eles já eram noivos - e segundo o costume hebraico, o noivado já era considerado um matrimônio, com todos os direitos e deveres legais, só não havendo ainda a coabitação – e a dedução mais natural que Ela poderia ter, é que esta concepção seria fruto da união conjugal no Matrimônio; mas pela sua pergunta ao Anjo, nota-se que essa possibilidade estava descartada.

É aí que entra José, pois Ela não poderia decidir isso sozinha; foi uma decisão tomada em comum acordo. E sendo isso algo incomum naquela época, conclui-se que já era inspirado pelo Espírito Santo para um propósito mais sublime.

Isso explica o grande sofrimento que a revelação da gravidez de Maria ocasionou em José. É claro que em nenhum momento, ele duvidou da integridade e santidade de sua noiva-esposa. Segundo Orígenes (séc. III) a "sua intenção de deixá-la (secretamente) se explica pelo fato de ter reconhecido nela a força de um milagre, um mistério grandioso" do qual não se achava digno de participar.

Como bom judeu, José provavelmente conhecia as profecias a respeito do nascimento do Messias por meio de uma Virgem, e isso se revela claramente pelo fato de que ele não quis «expô-la publicamente», mas pensava em «rejeitá-la secretamente», para "não ser obstáculo ao plano de Deus que nela estava a realizar-se" (RC III,20). Agindo assim, ele assumia para si a culpa, de modo que se alguém julgasse a situação, culparia ele, que a repudiou e abandonou; e assim, Ela estaria protegida contra o apedrejamento segundo a Lei.

Outro fato importante a esclarecer é que muitos figuram erradamente a São José como um homem bem mais velho que Maria. O Venerável Fulton Sheen referia-se ao santo como "um homem jovem, forte, viril, casto e disciplinado".

Muitos querem colocá-lo como idoso, para justificar sua castidade ao lado de Maria. E ele não só era jovem o suficiente para suportar as longas jornadas que a Sagrada Família teve que percorrer no deserto, como também era forte para trabalhar para sustentá-los. E eles viveram um casamento virginal, não por coação das circunstâncias, mas porque de antemão já haviam escolhido servir a Deus dessa maneira. E seu propósito foi não somente abençoado por Deus, mas foi consagrado por Ele, de modo que José tornou-se o único digno de ser o Guardião do Redentor e de Sua Mãe Puríssima.

Outro momento marcante na vida de São José foi quando, por ocasião da Circuncisão do Menino, ele escuta a profecia de Simeão dirigida à Maria: "uma espada traspassará a tua alma". Vendo-se excluído desta terrível previsão, José podia entrever que não estaria presente em tal ocasião para apoiar sua esposa. Mais uma dor para seu coração. Mais uma cruz para oferecer em silêncio.

O que dizer então de como deve ter ficado o coração de José diante da resposta do Menino, após três dias de angustiante procura: "Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de Meu Pai?!" (Lc 2,49). O evangelista afirma que «eles não compreenderam», mas, longe de se sentir rejeitado, José, assim como Maria "guardava esses fatos, meditando-os no seu coração". Esses episódios, e os outros: a busca frustrante de pousada, o nascimento na pobreza e frio da Gruta em Belém, a fuga para o Egito, a fuga de Arquelau, a vida pobre e desprezada em Nazaré, revelam que "a caminhada da fé de José seguiu a mesma direção, permaneceu totalmente determinada pelo mesmo Mistério, de que ele, juntamente com Maria, se tinha tornado o primeiro depositário" (RC, II,6).

Meditar na vida de José, durante a Quaresma, não nos leva a desviar do foco da Cruz. Ele "foi chamado por Deus para servir diretamente a Pessoa e a missão de Jesus, mediante o exercício de sua paternidade: desse modo, precisamente, ele coopera no grande Mistério da Redenção" (RC, II,8). E assim como a Santa Igreja afirma que os santos Inocentes, mesmo não sabendo falar, foram testemunhas de Cristo, ao derramarem o seu sangue por Ele, muito mais podemos dizer que José, cumpriu o mandato de Jesus: “aquele que quiser Me seguir, tome cada dia a sua cruz e Me siga”. Ele não só a carregou todos os dias - e muito melhor do que fez o Cireneu na via-sacra -, mas carregou em seus próprios braços, e com muito amor, o próprio Redentor da humanidade.

Que nesta Quaresma, ao cumprirmos nossos deveres cristãos: Santa Missa, Adoração ao Santíssimo, Rosário, Lectio Divina, Confissão, Jejum, Penitência, etc., possamos tê-lo como exemplo e companheiro de oração, juntamente com Maria e os Santos Anjos. Amém.

22 de fevereiro de 2019

Sobre: como será o anticristo

Este artigo foi apresentado originalmente no site (ZENIT.org), mas parece que não está mais 'no ar'. Então, para não deixar perder este texto, de tão grande importância, reproduzimos aqui, na íntegra.
Cardeal Giacomo Biffi celebrando a Eucaristia

O Cardeal Giacomo Biffi faleceu no dia 10 de julho de 2015. No ano de 2007, durante o Pontificado do Papa Emérito Bento XVI, ele pregou os exercícios espirituais para o Papa e para a Cúria Romana; e nesse retiro ele apresentou o seguinte assunto:

* * *
(Atenção: Grifos nossos)

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007 (ZENIT.org). O cardeal Giacomo Biffi apresentou a Bento XVI e à Cúria Romana «a advertência profética de Vladimir S. Soloviev» sobre o anticristo. O pregador dos exercícios espirituais fez referência ao filósofo e poeta russo, que viveu entre 1853 e 1900, para explicar que o anticristo, na verdade, consiste em reduzir o cristianismo a uma ideologia, em vez de ser um encontro pessoal com Cristo salvador.

Citando a obra de Soloviev, «Três diálogos» (1899), o arcebispo emérito de Bolonha recordou que «o anticristo se apresenta como pacifista, ecologista e ecumenista».

«Convocará um Concílio ecumênico e buscará o consenso de todas as confissões cristãs, concedendo algo a cada um. As massas o seguirão, menos alguns pequenos grupos de católicos, ortodoxos e protestantes», disse.

Segundo a síntese de sua pregação desta terça-feira pela tarde, oferecida pela «Rádio Vaticano», o cardeal explicou que «o ensinamento que o grande filósofo russo nos deixou é que o cristianismo não pode ser reduzido a um conjunto de valores. No centro do ser cristão está, de fato, o encontro pessoal com Jesus Cristo».

«Chegarão dias nos quais na cristandade se tratará de resolver o fato salvífico em uma mera série de valores», escreveu Soloviev nessa obra.

Em seu «Relato sobre o anticristo» Soloviev prevê que um pequeno grupo de católicos, ortodoxos e filhos da Reforma, resistirá e responderá ao anticristo: «Tu nos dás tudo, menos o que nos interessa, Jesus Cristo».

Para o cardeal Biffi, esta narração é uma advertência. «Hoje, de fato, corremos o risco de ter um cristianismo que põe entre parênteses Jesus com sua Cruz e Ressurreição», lamentou.

O arcebispo explicou que, se os cristãos se «limitassem a falar de valores compartilháveis, seriam mais aceitos nos programas de televisão e nos grupos sociais. Mas desta maneira teriam renunciado a Jesus, à realidade surpreendente da Ressurreição».

Para o purpurado italiano, este é «o perigo que os cristãos correm em nossos dias»: «o Filho de Deus não pode ser reduzido a uma série de bons projetos homologáveis com a mentalidade mundana dominante».

Contudo, precisou o purpurado, «isso não significa uma condenação dos valores, mas que estes devem ser submetidos a um atento discernimento. Há valores absolutos, como o bem, a verdade, a beleza. Quem os percebe e os ama, ama também Cristo, ainda que não saiba, porque Ele é a verdade, a beleza, a justiça».

O pregador dos exercícios precisou na capela «Redemptoris Mater», do Palácio Apostólico do Vaticano, que, por outro lado, «há valores relativos, como a solidariedade, o amor pela paz e o respeito pela natureza. Se estes se convertem em absolutos, desarraigando ou inclusive opondo-se ao anúncio do fato da salvação, então estes valores se convertem em instigação à idolatria e em obstáculos no caminho da salvação».

Ao concluir, o cardeal Biffi afirmou que «se o cristão, para abrir-se ao mundo e dialogar com todos, dilui o fato salvífico, fecha-se à relação pessoal com Jesus e se coloca do lado do anticristo».

19 de fevereiro de 2019

Carta aos Sacerdotes


Das Meditações de Catherine de Hueck Doherty:

“Uma noite, quando eu estava rezando, subitamente vi desaparecer as paredes da minha cabana de madeira (eu devia estar cochilando). De qualquer maneira, elas tinham desaparecido, e minha habitação, que não é extraordinariamente grande, estava subitamente povoada por uma multidão de padres!

Padres cheios de dúvidas.

Padres cheios de dores - dores escondidas.

Padres que estavam esperando para se tornarem leigos.

Padres que queriam se casar.

Padres que estavam pensando no divórcio.

Padres que permaneciam nos lugares para os quais tinham sido designados, mas eles pareciam tão cansados. Alguns deles estavam verdadeiramente exaustos.

De repente, sumiu da minha mente, do meu coração e da minha alma todo desejo de acusar qualquer um destes padres por sua falta de fé, fraqueza ou imaturidade. Eu fui subitamente tomada por amor e compaixão. Eu quis tomá-los em meus braços como se fosse a mãe deles ou a irmã mais velha. Eu quis consolá-los. Eu quis dizer-lhes o quanto eu amava o sacerdócio deles, que é o único sacerdócio de Cristo. Eu quis dizer-lhes o quanto eu e todos nós leigos precisamos deles. Mas mesmo nossas necessidades desaparecem neste amor e compaixão que me abarcaram.

Eu gostaria de poder falar, escrever, comunicar de alguma forma com cada padre do mundo inteiro que está nos espasmos da dúvida, da dor, da batalha interior, do cansaço. Gostaria de dizer que ele não está sozinho. Na profundeza de uma área rural do Canadá, há uma mulher estranha que ama o sacerdócio com um amor que ela mesma não entende porque ele transcende o entendimento,mas o coração dela é um mar de amor e compaixão!

Eu gostaria de poder sentar e escrever para todos os padres. Dizer- lhes que eu compartilho a sua dor, simplesmente a compartilho, seja qual dor ela for, porque eu amo o seu sacerdócio. Eles são meus irmãos e meus padres e eles estão tão sozinhos e perdidos nestes últimos tempos. Mas eu não posso escrever para todos os padres do mundo. Eu posso simplesmente repetir o que eu disse antes: as portas de Madonna House estão completamente abertas. Nós temos uma casa simples e humilde para padres. Nós temos Poustinias (palavra russa que quer dizer deserto), cabanas de madeira onde uma pessoa pode ficar só com Deus e descansar e pode, quem sabe, reaprender a rezar, se esta for uma das suas necessidades”.

Serva de Deus, Catherine Doherty, rogai por nós!!!