Veneráveis
por sua antiguidade, chegaram a ser, em algumas igrejas medievais, um total de
12 antífonas, que podem ter sido relacionadas aos 12 Profetas, às 12 Tribos de
Israel, ou aos 12 Apóstolos.
O Manuscrito
mais antigo conhecido a conter esta série completa de textos latinos (sem
música) é o “Liber Responsalis” do
Papa São Gregório Magno, contido na “Antiphonaire
dit de Compiègne”, conservada na “Bibliothèque
Nationale de France”.
Fig.:
Bibliothèque Nationale de France, MS Latim 17436 (século IX), fol. 36. |
Este documento contém uma seção intitulada:
“Antiphonae majores in Evangelio” (As
Grandes Antífonas do Evangelho) onde, além destas 7 antífonas conhecidas atualmente,
aparecem mais duas adicionais:
“O virgo virginum” (O Virgem das
virgens) e “Orietur sicut sol Salvator
mundi” (O Salvador do mundo nascerá como o Sol).
Posteriormente,
estas Grandes Antífonas foram adaptadas para o inglês por um dos primeiros poetas
anglo-saxões conhecido: Cynewulf (séc.
IX), que alguns referem também como Sacerdote ou como Bispo.
Elas formam
a base de um poema, escrito por ele, intitulado “Cristo I”, que foi preservado em apenas um manuscrito conhecido:
o Livro de Exeter; infelizmente, as
primeiras oito páginas deste manuscrito foram perdidas, e só é possível ler a
partir da antífona: O Rex Gentium.
Neste seu
poema, aparecem 4 antífonas além das 7 habituais: O Hierusalem, O Virgo virginum, O Rex Pacifice, e O mundi Domina.
Provavelmente
Cynewulf teve acesso a algum documento
mais antigo que continha essas 11 antífonas.
Há inclusive outro manuscrito, conhecido como o “Antifonário de Hartker” (de fins do séc. X), que é conservado na Stiftsbibliothek, em St. Gallen, Suíça, que contem toda essa série de antífonas aludidas por Cynewulf, e mais uma extra: “O Gabriel”.
Fig.: St. Gallen Codex 390 (ca. 990–1000 DC), pp. 40–41. |
No período
conhecido como ‘Contra-Reforma’, o Papa São Pio V, revisou e padronizou muitos
aspectos da liturgia latina, conservando o que era de longa data na Tradição da
Igreja, e que tinha ao mesmo tempo fontes seguras, levando a uma prática
universal, conhecida como ‘Rito Tridentino’. Isso incluiu, nesse caso, a
eliminação de quaisquer variantes além das 7 Grandes Antífonas que são conhecidas
atualmente.
Na presente liturgia ordinária, estas 7 antífonas, dirigidas ao Messias, não só foram conservadas como antífonas do Magnificat, mas também foram introduzidas como antífonas do Evangelho destes dias que antecedem a Vigília do Natal.
Apresentamos
a seguir estas 7 antífonas conhecidas, e em seguida as outras 5 que foram referidas
nestes antigos documentos:
· 17 dez. «O Sapientia»: Ó Sabedoria,
que saístes da boca do Altíssimo, atingindo de uma a outra extremidade e tudo
dispondo com força e suavidade; vinde ensinar-nos o caminho da prudência!
· 18 dez. «O Adonai»: Ó Adonai, guia da Casa de Israel, que
aparecestes a Moisés na chama de fogo, no meio da sarça ardente e lhe destes a
Lei no Sinai; vinde resgatar-nos pelo poder do Vosso braço!
· 19 dez. «O Radix Jesse»: Ó Raiz de
Jessé, erguida como estandarte dos povos, em cuja presença os reis se
calarão e a quem as nações invocarão; vinde libertar-nos, não tardeis mais!
· 20 dez. «O Clavis David»: Ó Chave de
Davi, e cetro da Casa de Israel, que abris e ninguém fecha, fechais e ninguém
abre: vinde e libertai da prisão o cativo assentado nas trevas e à sombra da
morte!
·
21 dez. «O
Oriens»: Ó Oriente, Sol nascente,
esplendor da Luz eterna e Sol de Justiça! Vinde e iluminai os que estão
sentados nas trevas e à sombra da morte!
·
22 dez. «O Rex
Gentium»: Ó Rei das nações e
objeto de seus desejos, Pedra angular que reunis em Vós judeus e gentios: vinde
e salvai o homem que do barro formastes!
·
23 dez. «O Emmanuel»:
Ó Emanuel, nosso Rei e Legislador,
esperança e Salvador das nações; vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus!
As outras 5 antífonas, são dirigidas, além de Cristo, também à Santíssima Virgem, ao Anjo Gabriel, e à
cidade de Jerusalém.
·
«O
Virgo virginum»: Ó Virgem das
Virgens, como será isso? Pois nunca viram semelhante à primeira, nem haverá
a seguinte (pois nunca houve ninguém como
tu, nem haverá). Filhas de Jerusalém, porque me admiram? É um Mistério
divino o que vês.
·
«O Gabriel»:
Ó Gabriel, Mensageiro do Céu, que
veio até mim pelas portas fechadas e me anunciou a Palavra: Tu conceberás e
darás à luz um Filho, e Ele será chamado Emanuel.
·
«O Rex
Pacifice»: Ó Rei da Paz, que nasceu antes de todos os séculos, vem
pela porta de ouro, visita os que Tu redimiste e conduza-os de volta ao lugar
de onde caíram pelo pecado.
·
«O Mundi Domina»: Ó Senhora do mundo, germinada de semente real, Cristo
já saiu de seu ventre, como um noivo de sua câmara nupcial; aqui está numa manjedoura
Quem as estrelas governa.
·
«O Hierusalem»:
Ó Jerusalém, cidade do Deus supremo,
levanta os teus olhos em redor, e vê o teu Senhor, que já vem para te libertar
das cadeias.
Ligada à
tradição das antífonas, existe uma Festa de Nossa Senhora, celebrada no dia 18
de dezembro, denominada de ‘Nossa
Senhora da Expectação do Ó’, ou simplesmente de ‘Nossa Senhora do Ó’.
A Expectação (expectativa) do parto não é simplesmente a ansiedade natural da jovem Mãe que espera o seu primogênito. Ao esperar seu Filho, a Santíssima Virgem, ultrapassa os ímpetos afetivos de uma mãe comum e eleva-se ao plano universal da Economia Divina da Salvação do mundo; é o desejo inspirado e sobrenatural da “Bendita entre as mulheres”, que foi escolhida para Mãe-Virgem do Redentor, e para Corredentora da humanidade. Além disso, é o anseio de milhares e milhares de gerações que suspiraram pela vinda do Messias, desde Adão e Eva, e que se recolhem e concentram no Coração de Maria, como no mais puro e límpido dos espelhos.
Esta devoção mariana surgiu na Espanha, e foi instituída como festa no ‘X
Concílio de Toledo’ (séc. VI), presidido pelo arcebispo Santo Eugênio III,
juntamente com São Frutuoso de Braga e Santo Ildefonso. Na ocasião,
transferindo-se a Festa da Anunciação para o dia 18 de dezembro, Santo Ildefonso
determinou que se celebrasse com o título de “Expectação do Parto da Beatíssima
Virgem Maria”, mas pelo fato de que neste dia se cantava as Antífonas Maiores,
iniciadas pela interjeição “Ó”, os fiéis começaram a chamar esta de Festa de
Nossa Senhora do Ó.
· Fontes de pesquisa:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%ADfonas_do_%C3%93
https://www.hymnsandcarolsofchristmas.com/Hymns_and_Carols/Notes_On_Carols/O_Antiphons/christ_by_cynewulf.htm
https://www.hymnologyarchive.com/o-come-o-come-emmanuel
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b8426787t/f77.item
http://perolasfinas.blogspot.com/2011/12/antifonas-do-o.html
https://www.newadvent.org/cathen/11173b.htm
https://santo.cancaonova.com/santo/nossa-senhora-o/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nossa_Senhora_do_%C3%93
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