1 de junho de 2019

A Eucaristia é uma Pessoa!

No Evangelho de São João há uma das mais belas passagens da Sagrada Escritura, quando Jesus começa a preparar os Seus discípulos para que eles compreendam e creiam no Mistério da Eucaristia. Após multiplicar os pães e realizar tantos outros sinais (milagres) que ultrapassavam extraordinariamente a lógica e a possibilidade natural dos elementos, Jesus começa um discurso que gera muita polêmica: ele começa a dizer que é o Pão da Vida, que desceu do Céu, que quem d'Ele comer viverá eternamente... E aprofundando nessa revelação, diz: “o Pão, que Eu hei de dar, é a Minha Carne para a salvação do mundo. A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: Como pode este homem dar-nos de comer a Sua Carne?” (Jo 6,22ss.51-52).

Nesse momento Jesus poderia ter explicado: ‘Não! Vocês não compreenderam. Não vos digo que darei Minha Carne em alimento, mas que darei um alimento que será um símbolo da Minha presença, e que representará Minha Carne. Mas, ao contrário, Ele continuou afirmando: “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a Carne do Filho do Homem, e não beberdes o Seu Sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia.” Depois ainda afirmou resolutamente: “Pois a Minha Carne é verdadeiramente uma comida e o Meu Sangue, verdadeiramente uma bebida” (Jo 6,53-55).

As pessoas ao redor ficaram escandalizadas, pensando que se tratava de canibalismo, costume de algumas religiões pagãs: “Muitos dos seus discípulos, ouvindo-O, disseram: Isto é muito duro! Quem o pode admitir? Sabendo Jesus que os discípulos murmuravam por isso, perguntou-lhes: Isso vos escandaliza? O espírito é que vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida.” (Jo 6,60-63). Ou seja, Jesus não estava falando de canibalismo, mas também não falava em parábolas, como costumava fazer em outras ocasiões, Ele tentava explicar-lhes algo que, apesar de não ser simbólico, ultrapassava milagrosamente as possibilidades naturais dos elementos. E é impressionante ver as consequências desse discurso de Jesus. "Desde então, muitos dos Seus discípulos se retiraram e já não andavam com Ele."

Se Jesus estivesse falando em sentido simbólico, com certeza, explicaria melhor, para que os discípulos não O deixassem, mas Ele ainda perguntou aos Doze: “Quereis vós também retirar-vos?” E Simão Pedro proclamou o que nós ainda hoje, mais de dois mil anos depois repetimos: “Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus!” (Jo 6, 66-69). Sim, só Deus pode fazer algo assim, que só a fé e o amor explicam. Jesus queria nos salvar por inteiro, e para isso, queria entrar em comunhão perfeita conosco e elevar-nos dando-nos dignidade de filhos de Deus. E para isso, fez-Se nosso alimento.

Mas, como Ele poderia fazer-Se nosso alimento sem recorrer às práticas canibalescas de cultos pagãos?

E como poderia fazê-lo não somente naquela época, mas durante todos os séculos até o fim do mundo?

A resposta é simples: Fazendo um milagre e criando a Eucaristia, assim, sendo nosso alimento, Ele poderia entrar em verdadeira comunhão conosco, e instituindo o Sacerdócio, criaria a possibilidade para que isso fosse perpetuado no decorrer dos séculos até a Sua volta.

Aquele que transformou a água em vinho, multiplicou pães, etc., não seria capaz de transformar um pão n'Ele mesmo?! Mas porque algo que é tão obvio e claro, se torna causa de dúvida, de escândalo, ou de crítica para tantas pessoas? Porque só pela humildade, amor e fé, é possível compreender isso, pois da humildade germina o verdadeiro amor, e deste, brota solidamente a fé.

Interessante analisar que foi a partir desse momento que o Evangelho afirma o início da perda de fé de Judas Iscariotes. Ele não buscava a salvação em Jesus, mas a libertação dos opressores desta terra.

Jesus declarou: “Mas há alguns entre vós que não creem... Pois desde o princípio Jesus sabia quais eram os que não criam e quem O havia de trair.” (Jo 6,64).

O que dizer então dos hereges e apóstatas que protestam ou deturpam a Verdade da Fé?! Isso é muito sério! “Não vos escolhi eu todos os doze? Contudo, um de vós é um demônio!... Ele se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes, porque era quem O havia de entregar não obstante ser um dos Doze.” (Jo 6,70-71).

Mas a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, sempre afirmou que a Eucaristia não é um símbolo, mas é uma Pessoa! E uma Pessoa Divina! E comungando a Eucaristia recebemos, milagrosamente, o próprio Corpo, Sangue, Alma e Divindade de nosso Senhor Jesus Cristo Ressuscitado, que está sentado à direita do Pai.

Se a Eucaristia fosse símbolo, não seria causa de condenação para os sacrílegos, como afirma São Paulo, que após narrar o episódio da Última Ceia, declara abertamente: “Todo aquele que comer o Pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do Corpo e do Sangue do Senhor... Aquele que come e bebe sem distinguir o Corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação... Esta é a razão por que entre vós há muitos adoentados e fracos, e muitos mortos. Se nos examinássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.” (I Cor 11, 27-31).

Dessa forma, cremos que a Eucaristia não é um símbolo, um pão (comum) de igualdade, para reunir os que querem entrar na luta do povo, para ter a posse desta terra, deste chão - dizeres que infelizmente, muito infelizmente mesmo, escutamos em algumas músicas contaminadas pela Teologia da Libertação em nossas Paróquias e Comunidades. Mas... a Eucaristia é enfim, um Alimento Sagrado e Salvífico, para os fiéis batizados, e que estejam em estado de graça, que buscam a santidade, e esperam receber de Deus a posse da verdadeira terra, a pátria celeste.

E São Paulo conclui: “Se alguém tem fome, coma em casa. Assim vossas reuniões não vos atrairão a condenação.” (I Cor 11,34). Vemos claramente aqui que São Paulo fazia sim uma grande distinção entre uma refeição comum e a Celebração Eucarística. A Eucaristia, não é um simples banquete fraterno, partilhado ao redor de uma mesa, para sanar a fome dos pobres, economicamente falando, mas uma celebração espiritual, uma refeição espiritual, a renovação do «mesmo e único» Sacrifício da Cruz, sob as espécies de pão e vinho, como na Última Ceia, agora atualizado em nossos Altares de maneira incruenta, para sanar a fome - das almas, dos pobres - em espírito.

Assim, todas as vezes que entrarmos em uma Igreja, em uma Capela, onde tem a Santíssima Eucaristia, façamos uma genuflexão e adoremos o Senhor (só quem não pode ajoelhar, por motivo de saúde ou deficiência física, está dispensado da genuflexão), pois não estamos diante de um Símbolo, mas diante de uma Pessoa, de Deus mesmo, diante do Qual, os  Santos Anjos e Santos no Céu estão prostrados em sublime, feliz e amorosa adoração.

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