3 de julho de 2017

A emocionante história de Nennolina

A menina que faleceu em odor de santidade
aos 6 anos e meio de idade.

Antonietta Meo - 'Nennolina'
"Eu Vos louvo, ó Pai, Senhor do Céu e da terra, porque ocultates estas coisas aos sábios, e as revelastes aos pequeninos" (Mt 11,25).

No centro de Roma, próximo à Basílica da Santa Cruz, encontra-se a casa onde viveu Antonietta Meo.

‘Nennolina’, como era chamada, nasceu em 15 de dezembro de 1930. Foi batizada no mesmo mês, na ‘Festa dos Santos Inocentes’. Era uma criança alegre e travessa como as outras, mas desde os 3 anos de idade já demonstrava uma maturidade elevada e uma profunda espiritualidade. Assim, aos 4 anos foi inscrita por seus pais na Ação Católica e começou a frequentar a escola das Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração. Gostava de ir e dizia que ao obedecer às professoras, obedecia também ao plano de Deus

Nesta foto, Nennolina tem uma prótese
na perna amputada
Antes de completar 5 anos apareceu um inchaço no joelho esquerdo, que foi diagnosticado como ‘osteosarcoma’. Este câncer foi progredindo e a perna teve que ser amputada. Seus pais sofreram muito ao pensar como seria sua reação, e ao despertar da operação, disseram-lhe: «Filha, tu disseste que se Jesus quisesse tua mão, a darias. Agora Ele te pediu que lhe dês tua perna.» Ela afirmou simplesmente: Dei minha perna para Jesus!”


Depois de inúmeros tratamentos inúteis e penosos, ela recusava as dolorosas injeções de cálcio. Para convencê-la a mãe recordou-lhe o quanto Jesus sofreu; foi o suficiente para que ela nunca mais reclamasse. A partir de então, esforçava-se por cantar e rir, e às vezes dizia: Hoje vou fazer missão na África”.

Meses depois voltou à escola usando uma prótese de madeira. Sua irmã relata que para Nennolina «era muito doloroso caminhar, mas ela repetia com alegria: Que cada passo que dou seja uma palavra de amor”».

Quando completou um ano da amputação da perna, ela quis celebrar o "aniversário da amputação" com um grande almoço e uma Novena a Nossa Senhora de Pompeia, porque - dizia - foi graças a esse acontecimento que ela podia oferecer seu sofrimento a Jesus.

Seus pais decidiram antecipar sua 1ª Comunhão. A mãe começou a ensinar-lhe o Catecismo. Foi quando a menina começou a escrever cartinhas para Jesus.  No início, ditava-as à mãe, pois não sabia escrever... mas depois que aprendeu, passou ela mesma a escrever; e colocava-as debaixo de uma imagem do Menino Jesus: para que Ele venha de noite para ler”.
Imagem do Menino Jesus, sob a qual Nennolina
colocava suas cartinhas.

Sua primeira cartinha é datada de 15 de setembro de 1936. Nela, dizia: "Caro Jesus, hoje vou sair para passear, depois vou às Irmãs do Colégio e direi a elas que quero fazer a Primeira Comunhão no Natal. Jesus, vem logo ao meu coração que te abraçarei com muita força e te darei um beijo. Ó Jesus, quero que tu fiques sempre no meu coração".

Nennolina com as outras crianças no dia da Primeira Comunhão
Último foto de Nennolina no dia da sua Crisma - 13 maio 1937
Nennolina retratada sem a perna
As cartinhas que eram «feitas de pensamentos soltos e com erros de gramática» revelaram uma clara consciência - surpreendente para sua idade - de quem era Jesus, e como ela O seguia pelo caminho da dor. Assim, para surpresa da mãe, ela escreverá: Senhor Jesus, dai-me almas, eu Te peço, para que as faças boas, e com as minhas mortificações eu farei que elas se tornem boas […] Dá-me a graça de morrer antes de cometer um pecado mortal. […] Quero ser tua açucena, o lírio que representa a pureza da alma e a lâmpada que representa a chama de amor que nunca Te deixa sozinho. […] Caro Deus Pai, minha mãe me disse que amanhã vão reunir-se muitas pessoas que querem chamar-se 'sem Deus'; que nome feio! Deus é Deus também daqueles que não O querem; faze que essas pessoas se convertam e dá-lhes Tua graça [...]. Eu farei Comunhão amanhã em reparação pelos pecados daqueles homens que querem ser chamados "sem Deus".”

Nennolina no dia de sua 1ª Comunhão
Em uma das cartas, escreveu: "Jesus, desejo estas três Graças. A primeira: faça-me santa. Esta é a coisa mais importante. A segunda: dai-me almas! A terceira: faça-me caminhar bem. Verdadeiramente esta não é tão importante. Não te peço a minha perna de volta; esta, já te dei."

Meses antes do Natal, escreveu: Caríssimo Jesus Eucaristia, saudações e carícias... Não vejo a hora de receber-Te em meu coração, para amar-Te mais. [...] Dize a Deus Pai que estou contente por Ele ter-me inspirado a fazer a 1ª Comunhão no Natal, pois é o dia em que nasceu Jesus para nos salvar e para morrer na Cruz”. E neste tão esperado dia, apesar da dor da prótese, ela permaneceu, após à Missa, mais uma hora ajoelhada, recolhida em ‘Ação de Graças’.

A amputação da perna, infelizmente, não parou o câncer que, acabou sofrendo metástase para a cabeça, mãos, pés, ocasionando também aftas na boca e garganta. Em maio de 1937, deixou a escola. Começava sua agonia que durou um mês e meio. Sua mãe relata: «Ela começou a piorar progressivamente. A fadiga e a tosse não davam trégua. Não conseguia ficar sentada... Sofria, mas dizia a todos: “Estou bem!”. Não deixava de rezar suas orações da manhã e da noite, mesmo com grande fadiga. Pediu que lhe trouxessem a Comunhão todos os dias e que eu escrevesse suas cartas».

Certa vez, disse à mãe: "Quando eu sofro, penso logo em Jesus para não sofrer mais. É simples: não pense na sua dor, mas pense em Jesus, porque Ele sofreu muito por nós, assim você não vai sentir nada sozinho".

No início, sua família não dava importância às cartas, e sua irmã confessou com pesar que eles jogaram muitas fora. Foram conservadas 162 cartinhas. Na última, datada de 2 de junho, Nennolina, que não aguentava mais escrever, ditou à mãe com muito custo: Querido Jesus Crucificado, eu Te quero e Te amo tanto. Quero estar Contigo no Calvário”. Sua mãe relata: «Nesse momento ela teve um ataque violento de tosse até vomitar, mas quando passou, quis continuar: “Querido Jesus, repito que te amo muito... agradeço porque Tu me mandaste esta doença, pois é um meio para chegar ao Paraíso... dá-me força para suportar as dores que Te ofereço pelos pecadores...”. Então, com um acesso de raiva, por ver o tanto que ela sofria, amassei o papel e o guardei em uma gaveta». Mais tarde, esta carta, por intermédio de um médico, chegou às mãos do Papa Pio XI, que lhe enviou uma bênção apostólica.

O tratamento «provocava muita dor e ela ficava pálida, tremia». A metástase a martirizava e a massa tumoral lhe oprimia o peito, até o ponto de deslocar o coração. Sofreu ainda uma incisão para tirar líquido do pulmão e três costelas, com apenas anestesia local. Apesar disso, continuava sorrindo, com incrível fortaleza.

«Decidi – disse o pai – que lhe administrassem a Unção. Perguntei-lhe: 'Sabe o que são os Santos Óleos?'. “Sim. O Sacramento que é dado aos moribundos”. Acrescentei: 'Às vezes traz a saúde do corpo'. Então ela recusou-o. Mas quanto o sacerdote lhe disse que os Santos Óleos aumentavam a Graça, ela aceitou: “Sim, eu quero.”»

Embora as dores fossem ficando mais violentas, Nennolina não se lamentava. Uma enfermeira da clínica onde ela se tratava, testemunhou: "Certa manhã, enquanto eu ajudava a arrumar o quarto, entrou o pai dela, e acariciando-a lhe perguntou: "Você está com muita dor?" E Antonietta respondeu: "Papai, a dor é como o tecido; quanto mais forte, mais valor tem." Se eu não tivesse escutado isso com meus próprios ouvidos, não teria acreditado!"

Ela chegou a dizer ao confessor: "Deito-me sobre a ferida, para oferecer mais dor a Jesus."

Sua mãe chegou a duvidar que ela sofresse: «Fui ao médico e lhe disse: 'Doutor, eu não acredito, diga-me a verdade, realmente, Antonietta sofre muito?'. 'Mas senhora, que pergunta! O que está dizendo! Cale-se! As dores são atrozes!'. Voltei à sua cama… a voz não me saía, pela primeira vez disse-lhe: 'Antonieta, abençoe tua mãe...'. Fazendo um esforço fez uma cruz na minha testa com a mão. […] Disse-lhe contendo as lágrimas: 'Já verás, minha pequena, quando estiver melhor sairemos de férias...'. Ela me olhou com ternura e disse: “Mamãe, fique alegre, contente… Dentro de dez dias, menos alguma coisa, eu sairei daqui.”».

A mãe não imaginava que naquele momento Nennolina lhe revelava o dia em que morreria. Ela faleceu justamente 9 dias e 11 horas depois dessa previsão, que não foi a única. Sua mãe e seu confessor, testemunharão depois as visões e os êxtases confidenciados pela menina, como se tratasse de uma coisa normal.

Pai, Mãe e irmã de Nennolina 
Assim, no dia 3 de julho de 1937, quando seu pai foi ajeitar o travesseiro e dar-lhe um beijo, ela sussurrou: Jesus, Maria… mamãe, papai…”. «Ficou olhando fixamente diante dela. Sorriu. E exalou um último e longo suspiro». Tinha apenas 6 anos e 7 meses!

Conversões e graças acompanharam a sua passagem para o Céu. Seu túmulo, no cemitério de Roma, começou a ficar coberto de bilhetinhos: pedidos de oração e agradecimentos. Depois de um ano de sua morte, foi publicada duas Biografias. A fama de santidade de Nennolina difundiu-se tão rápida e espontaneamente que ultrapassou não apenas os muros de sua Paróquia e as fronteiras de Roma, mas logo espalhou-se por todo o mundo. Já em 1940 sua biografia já estava sendo publicada em diversas linguas estrangeiras.

Em 1999, quando foram exumar seus restos mortais, para transladar à ‘Basílica da Santa Cruz de Jerusalém', em Roma, seu coração foi encontrado intacto.* Lá também pode-se encontrar algumas roupas, brinquedos e cartinhas. Nesta ocasião foi declarada Serva de Deus.

E em 2007 ela foi declarada Venerável pelo Papa Bento XVI, e poderá ser a santa, não mártir, mais jovem da história da Igreja.

*NOTA: O fato de apenas o coração ter sido encontrado intacto é prova maior ainda de um milagre, porque descarta a possibilidade de preservação por agentes físicos da natureza, já que as outras partes do corpo se decompuseram naturalmente.

Veja um artigo mais extenso sobre ela neste link.
E este vídeo abaixo:

Fonte: Arautos, ACI Digital, Aleteia e Zenit.
O site oficial (italiano) é: http://www.antoniettameo.it/

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