A
menina que faleceu em odor de santidade
aos 6 anos e meio de idade.
Antonietta Meo - 'Nennolina' |
"Eu Vos louvo, ó Pai, Senhor do Céu e da terra, porque ocultates estas coisas aos sábios, e as revelastes aos pequeninos" (Mt 11,25).
No centro de Roma, próximo à Basílica da Santa Cruz, encontra-se a casa onde viveu Antonietta Meo.
No centro de Roma, próximo à Basílica da Santa Cruz, encontra-se a casa onde viveu Antonietta Meo.
‘Nennolina’, como era chamada,
nasceu em 15 de dezembro de 1930. Foi batizada no mesmo mês, na
‘Festa dos Santos Inocentes’. Era uma criança alegre e travessa
como as outras, mas desde os 3 anos de idade já demonstrava uma maturidade elevada e uma profunda espiritualidade. Assim, aos 4 anos foi inscrita por
seus pais na Ação Católica e começou a frequentar a escola das
Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração. Gostava de ir e dizia que ao
obedecer às professoras, obedecia também ao plano de Deus.
Nesta foto, Nennolina tem uma prótese na perna amputada |
Antes
de completar 5 anos apareceu um inchaço no joelho esquerdo, que foi
diagnosticado como ‘osteosarcoma’. Este câncer foi progredindo e
a perna teve que ser amputada. Seus pais sofreram muito ao pensar
como seria sua reação, e ao despertar da operação,
disseram-lhe: «Filha, tu
disseste que se Jesus quisesse tua mão, a darias. Agora Ele te pediu
que lhe dês tua perna.» Ela
afirmou simplesmente: “Dei
minha perna para Jesus!”
Depois
de inúmeros tratamentos inúteis e penosos, ela recusava as
dolorosas injeções de cálcio. Para convencê-la a mãe
recordou-lhe o quanto Jesus sofreu; foi o suficiente para que ela
nunca mais reclamasse. A partir de então, esforçava-se por cantar e
rir, e às vezes dizia: “Hoje
vou fazer missão na África”.
Meses
depois voltou à escola usando uma prótese de madeira. Sua irmã relata que para Nennolina «era muito
doloroso caminhar, mas ela repetia com alegria: “Que
cada passo que dou seja uma palavra de amor”».
Quando completou um ano da amputação da perna, ela quis celebrar o "aniversário da amputação" com um grande almoço e uma Novena a Nossa Senhora de Pompeia, porque - dizia - foi graças a esse acontecimento que ela podia oferecer seu sofrimento a Jesus.
Seus
pais decidiram antecipar sua 1ª Comunhão. A mãe começou a
ensinar-lhe o Catecismo. Foi quando a menina começou a escrever
cartinhas para Jesus. No início, ditava-as à mãe, pois não sabia escrever... mas depois que aprendeu, passou ela mesma a escrever; e colocava-as debaixo de uma imagem do Menino
Jesus: “para que Ele venha de
noite para ler”.
Sua primeira cartinha é datada de 15 de setembro de 1936. Nela, dizia: "Caro Jesus, hoje vou sair para passear, depois vou às Irmãs do Colégio e direi a elas que quero fazer a Primeira Comunhão no Natal. Jesus, vem logo ao meu coração que te abraçarei com muita força e te darei um beijo. Ó Jesus, quero que tu fiques sempre no meu coração".
Imagem do Menino Jesus, sob a qual Nennolina colocava suas cartinhas. |
Sua primeira cartinha é datada de 15 de setembro de 1936. Nela, dizia: "Caro Jesus, hoje vou sair para passear, depois vou às Irmãs do Colégio e direi a elas que quero fazer a Primeira Comunhão no Natal. Jesus, vem logo ao meu coração que te abraçarei com muita força e te darei um beijo. Ó Jesus, quero que tu fiques sempre no meu coração".
Nennolina com as outras crianças no dia da Primeira Comunhão |
Último foto de Nennolina no dia da sua Crisma - 13 maio 1937 |
Nennolina retratada sem a perna |
As
cartinhas que eram «feitas de
pensamentos soltos e com erros de gramática» revelaram
uma clara consciência - surpreendente para sua idade - de quem era
Jesus, e como ela O seguia pelo caminho da dor. Assim, para surpresa
da mãe, ela escreverá: “Senhor
Jesus, dai-me almas, eu Te peço, para que as faças boas, e com as
minhas mortificações eu farei que elas se tornem boas […] Dá-me
a graça de morrer antes de cometer um pecado mortal. […] Quero ser
tua açucena, o lírio que representa a pureza da alma e a lâmpada
que representa a chama de amor que nunca Te deixa sozinho. […] Caro
Deus Pai, minha mãe me disse que amanhã vão reunir-se muitas
pessoas que querem chamar-se 'sem Deus'; que nome feio! Deus é Deus
também daqueles que não O querem; faze que essas pessoas se
convertam e dá-lhes Tua graça [...]. Eu farei Comunhão amanhã em reparação pelos pecados daqueles homens que querem ser chamados "sem Deus".”
Nennolina no dia de sua 1ª Comunhão |
Em uma das cartas, escreveu: "Jesus, desejo estas três Graças. A primeira: faça-me santa. Esta é a coisa mais importante. A segunda: dai-me almas! A terceira: faça-me caminhar bem. Verdadeiramente esta não é tão importante. Não te peço a minha perna de volta; esta, já te dei."
Meses antes do Natal, escreveu: “Caríssimo Jesus Eucaristia, saudações e carícias... Não vejo a hora de receber-Te em meu coração, para amar-Te mais. [...] Dize a Deus Pai que estou contente por Ele ter-me inspirado a fazer a 1ª Comunhão no Natal, pois é o dia em que nasceu Jesus para nos salvar e para morrer na Cruz”. E neste tão esperado dia, apesar da dor da prótese, ela permaneceu, após à Missa, mais uma hora ajoelhada, recolhida em ‘Ação de Graças’.
Meses antes do Natal, escreveu: “Caríssimo Jesus Eucaristia, saudações e carícias... Não vejo a hora de receber-Te em meu coração, para amar-Te mais. [...] Dize a Deus Pai que estou contente por Ele ter-me inspirado a fazer a 1ª Comunhão no Natal, pois é o dia em que nasceu Jesus para nos salvar e para morrer na Cruz”. E neste tão esperado dia, apesar da dor da prótese, ela permaneceu, após à Missa, mais uma hora ajoelhada, recolhida em ‘Ação de Graças’.
A amputação da perna, infelizmente, não parou o câncer que, acabou sofrendo metástase para a cabeça, mãos, pés, ocasionando também aftas na boca e garganta. Em maio de 1937, deixou a escola. Começava sua agonia que durou um mês e meio. Sua mãe relata: «Ela começou a piorar progressivamente. A fadiga e a tosse não davam trégua. Não conseguia ficar sentada... Sofria, mas dizia a todos: “Estou bem!”. Não deixava de rezar suas orações da manhã e da noite, mesmo com grande fadiga. Pediu que lhe trouxessem a Comunhão todos os dias e que eu escrevesse suas cartas».
Certa vez, disse à mãe: "Quando eu sofro, penso logo em Jesus para não sofrer mais. É simples: não pense na sua dor, mas pense em Jesus, porque Ele sofreu muito por nós, assim você não vai sentir nada sozinho".
No início, sua família não dava importância às cartas, e sua irmã confessou com pesar que eles jogaram muitas fora. Foram conservadas 162 cartinhas. Na
última, datada de 2 de junho, Nennolina, que não aguentava mais escrever, ditou à mãe com muito
custo: “Querido Jesus
Crucificado, eu Te quero e Te amo tanto. Quero estar Contigo no
Calvário”. Sua mãe relata: «Nesse momento ela teve um ataque violento de tosse
até vomitar, mas quando passou, quis continuar: “Querido Jesus,
repito que te amo muito... agradeço porque Tu me mandaste esta
doença, pois é um meio para chegar ao Paraíso... dá-me força
para suportar as dores que Te ofereço pelos pecadores...”. Então,
com um acesso de raiva, por ver o tanto que ela sofria, amassei o papel e o
guardei em uma gaveta». Mais tarde, esta
carta, por intermédio de um médico, chegou às mãos do Papa Pio
XI, que lhe enviou uma bênção apostólica.
O tratamento «provocava muita dor e ela ficava pálida, tremia». A metástase a martirizava e a massa tumoral lhe oprimia o peito, até o ponto de deslocar o coração. Sofreu ainda uma incisão para tirar líquido do pulmão e três costelas, com apenas anestesia local. Apesar disso, continuava sorrindo, com incrível fortaleza.
«Decidi – disse o pai – que lhe administrassem a Unção. Perguntei-lhe: 'Sabe o que são os Santos Óleos?'. “Sim. O Sacramento que é dado aos moribundos”. Acrescentei: 'Às vezes traz a saúde do corpo'. Então ela recusou-o. Mas quanto o sacerdote lhe disse que os Santos Óleos aumentavam a Graça, ela aceitou: “Sim, eu quero.”»
Embora as dores fossem ficando mais violentas, Nennolina não se lamentava. Uma enfermeira da clínica onde ela se tratava, testemunhou: "Certa manhã, enquanto eu ajudava a arrumar o quarto, entrou o pai dela, e acariciando-a lhe perguntou: "Você está com muita dor?" E Antonietta respondeu: "Papai, a dor é como o tecido; quanto mais forte, mais valor tem." Se eu não tivesse escutado isso com meus próprios ouvidos, não teria acreditado!"
Ela chegou a dizer ao confessor: "Deito-me sobre a ferida, para oferecer mais dor a Jesus."
O tratamento «provocava muita dor e ela ficava pálida, tremia». A metástase a martirizava e a massa tumoral lhe oprimia o peito, até o ponto de deslocar o coração. Sofreu ainda uma incisão para tirar líquido do pulmão e três costelas, com apenas anestesia local. Apesar disso, continuava sorrindo, com incrível fortaleza.
«Decidi – disse o pai – que lhe administrassem a Unção. Perguntei-lhe: 'Sabe o que são os Santos Óleos?'. “Sim. O Sacramento que é dado aos moribundos”. Acrescentei: 'Às vezes traz a saúde do corpo'. Então ela recusou-o. Mas quanto o sacerdote lhe disse que os Santos Óleos aumentavam a Graça, ela aceitou: “Sim, eu quero.”»
Embora as dores fossem ficando mais violentas, Nennolina não se lamentava. Uma enfermeira da clínica onde ela se tratava, testemunhou: "Certa manhã, enquanto eu ajudava a arrumar o quarto, entrou o pai dela, e acariciando-a lhe perguntou: "Você está com muita dor?" E Antonietta respondeu: "Papai, a dor é como o tecido; quanto mais forte, mais valor tem." Se eu não tivesse escutado isso com meus próprios ouvidos, não teria acreditado!"
Ela chegou a dizer ao confessor: "Deito-me sobre a ferida, para oferecer mais dor a Jesus."
Sua mãe
chegou a duvidar que ela sofresse: «Fui
ao médico e lhe disse: 'Doutor, eu não acredito, diga-me a verdade,
realmente, Antonietta sofre muito?'. 'Mas senhora, que pergunta! O
que está dizendo! Cale-se! As dores são atrozes!'. Voltei à sua
cama… a voz não me saía, pela primeira vez disse-lhe: 'Antonieta,
abençoe tua mãe...'. Fazendo um esforço fez uma cruz na minha
testa com a mão. […] Disse-lhe contendo as lágrimas: 'Já verás,
minha pequena, quando estiver melhor sairemos de férias...'. Ela me
olhou com ternura e disse: “Mamãe, fique alegre, contente…
Dentro de dez dias, menos alguma coisa, eu sairei daqui.”».
A mãe não imaginava que naquele momento Nennolina lhe revelava o dia em que morreria. Ela faleceu justamente 9 dias e 11 horas depois dessa previsão, que não foi a única. Sua mãe e seu confessor, testemunharão depois as visões e os êxtases confidenciados pela menina, como se tratasse de uma coisa normal.
A mãe não imaginava que naquele momento Nennolina lhe revelava o dia em que morreria. Ela faleceu justamente 9 dias e 11 horas depois dessa previsão, que não foi a única. Sua mãe e seu confessor, testemunharão depois as visões e os êxtases confidenciados pela menina, como se tratasse de uma coisa normal.
Pai, Mãe e irmã de Nennolina |
Assim, no
dia 3 de julho de 1937, quando seu pai foi ajeitar o travesseiro e
dar-lhe um beijo, ela sussurrou: “Jesus,
Maria… mamãe, papai…”. «Ficou olhando fixamente diante dela.
Sorriu. E exalou um último e longo suspiro». Tinha apenas 6 anos e
7 meses!
Conversões e graças acompanharam a sua passagem para o Céu. Seu túmulo, no cemitério de Roma, começou a ficar coberto de bilhetinhos: pedidos de oração e agradecimentos. Depois de um ano de sua morte, foi publicada duas Biografias. A fama de santidade de Nennolina difundiu-se tão rápida e espontaneamente que ultrapassou não apenas os muros de sua Paróquia e as fronteiras de Roma, mas logo espalhou-se por todo o mundo. Já em 1940 sua biografia já estava sendo publicada em diversas linguas estrangeiras.
Em 1999, quando foram exumar seus restos mortais, para transladar à ‘Basílica da Santa Cruz de Jerusalém', em Roma, seu coração foi encontrado intacto.* Lá também pode-se encontrar algumas roupas, brinquedos e cartinhas. Nesta ocasião foi declarada Serva de Deus.
E em 2007 ela foi declarada Venerável pelo Papa Bento XVI, e poderá ser a santa, não mártir, mais jovem da história da Igreja.
*NOTA: O fato de apenas o coração ter sido encontrado intacto é prova maior ainda de um milagre, porque descarta a possibilidade de preservação por agentes físicos da natureza, já que as outras partes do corpo se decompuseram naturalmente.
Em 1999, quando foram exumar seus restos mortais, para transladar à ‘Basílica da Santa Cruz de Jerusalém', em Roma, seu coração foi encontrado intacto.* Lá também pode-se encontrar algumas roupas, brinquedos e cartinhas. Nesta ocasião foi declarada Serva de Deus.
E em 2007 ela foi declarada Venerável pelo Papa Bento XVI, e poderá ser a santa, não mártir, mais jovem da história da Igreja.
*NOTA: O fato de apenas o coração ter sido encontrado intacto é prova maior ainda de um milagre, porque descarta a possibilidade de preservação por agentes físicos da natureza, já que as outras partes do corpo se decompuseram naturalmente.
Fonte: Arautos, ACI Digital, Aleteia e Zenit.
O site oficial (italiano) é: http://www.antoniettameo.it/
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