1 de outubro de 2014

Francisco e a Igreja

Quando o jovem de Assis, prostrado diante do altar de São Damião, escutou a voz de Cristo no crucifixo pedindo: “Francisco, vai e restaura a minha Igreja”, pensou, inicialmente, que se tratava da restauração daquela pequena igrejinha. Mais tarde, porém, compreendeu que Deus lhe pedia algo a mais: restaurar o templo de Deus no coração dos homens!

Sua fidelidade à 'senhora pobreza', sua humilde espontaneidade no relacionamento com todos, e sua pureza e simplicidade no trato com as criaturas, fez dele um santo amado e respeitado por milhares de pessoas; desde os simples operários até os mais altos dignitários dos palácios; dos ignorantes até os intelectuais mais cultos; inclusive fora do cristianismo!

Sabe-se que em resposta àquele chamado de Deus, Francisco elevou uma belíssima oração ao Céu: “Ó Altíssimo e Glorioso Deus, iluminai as trevas do meu coração. Dai-me fé reta, esperança certa, caridade perfeita, humildade profunda, sabedoria e discernimento, para cumprir Vossa santa e verdadeira vontade.” Nesta oração, de forma simples, mas profunda, o santo pediu as três virtudes teologais para cumprir o “mandato” de Cristo. E aí está o verdadeiro cerne de seu ideal: conformar-se à vida de Cristo, humilde, obediente, pobre e casto.

No decorrer dos séculos, entretanto, os gestos e expressões do pobrezinho de Assis, foram sendo interpretados de uma forma estranha à mensagem do cristianismo. Seu desejo de paz com todos, foi direcionado para um falso ecumenismo, onde as Verdades da Fé são relativizadas, ou mesmo anuladas; seu exemplo de pobreza evangélica, para uma apologia à luta para solucionar problemas sociais; e seu respeito e amor à criação, para uma visão distorcida de proteção ao meio ambiente.

Em sua primeira homilia, o papa Francisco afirmou: “Se não confessarmos Jesus Cristo, vai dar errado. Tornar-nos-emos uma ONG sócio-caritativa, mas não a Igreja, Esposa do Senhor. [...] Quando não se confessa Jesus Cristo, confessa-se o mundanismo do diabo, o mundanismo do demônio. [...] Quando caminhamos sem a Cruz, edificamos sem a Cruz ou confessamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, somos bispos, padres, cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor”.

Assim, confessar Jesus Cristo, como São Francisco e todos os santos confessaram, é viver a Boa-nova do Evangelho; é carregar cada dia nossa cruz com fé, na simplicidade, na confiança e na caridade.

É ter a coragem e a firmeza de, no mundo de hoje, ser fiel a Deus, e obediente ao que o Sagrado Magistério interpreta e ensina conforme as Escrituras e a Tradição.

É amar a todos como filhos de um mesmo Pai Criador, sem no entanto assimilar crenças contrárias à Fé; e respeitar a criação, sem colocá-la acima do ser humano.

Que São Francisco nos ensine o verdadeiro amor por Cristo, pela Igreja, pelos homens e por toda a criação!
27 março 2013