25 de dezembro de 2020

Presépio Espiritual

 O Presépio Espiritual é uma tradição de Natal bem antiga, e por muitos ainda desconhecida. Sorteia-se um personagem ou objeto que poderia estar presente na Gruta de Belém, junto à Sagrada família. Cada ítem tem uma mensagem própria, para que a pessoa possa meditar e aplicar em sua vida, principalmente neste tempo de Natal.

Como funciona? Você vai sortear um número, e conferir na lista abaixo com qual elemento do Presépio ele se refere. Antes, você pode fazer uma breve oração, pedindo a seu Santo Anjo para escolher para você aquele elemento que você deverá meditar neste tempo do Natal.

Ah! E nada de ficar sorteando várias vezes, até sair aquele que você gostaria... aceite o que sair da primeira vez.


Confira agora, na lista abaixo, qual elemento do Presépio que você saiu! (O texto que aqui se encontra, contém adaptações e acréscimos)

1. A Mãe Maria - A doce Mãe foi humilde, pura, fiel e acreditou. Ela foi o conforto, o sustento e a alegria do Menino. Que podes fazer para parecer-te mais com ela, e acolheres o Menino JESUS em cada pessoa, com o dom de uma mãe?

2.  São José - Ele foi tão fiel e se preocupava tanto com MARIA e com o Divino Menino. Em sua modéstia ele jamais pensou em si mesmo. Sê tu assim também.

3.  O Anjo do ‘Glória’ - Ele foi quem cantou primeiro o ‘Glória’, e os outros Santos Anjos o acompanharam no canto. Será que conduzo os outros a louvar a DEUS junto comigo? Que minha vida seja um constante “Louvor a DEUS!”

4.  Um Anjo - Cantar para o Divino Menino é seu único desejo. Por isso ele pratica todos os dias o único tom junto ao Coro dos Anjos: a paciência.

5.    Um Anjo - É um mensageiro da alegria. Ele só fala de DEUS e reflete sempre sobre o Seu grande amor. Será que és assim também? Esforça-te por sê-lo.

6.   Um Anjo - Ele procura um lugar silencioso para MARIA, oferecendo-lhe um pouco de repouso. Há em ti o silêncio? Não seria este um bom propósito?

7.   Um Anjo - Ele espalha amor no silêncio. Isso exige, às vezes, uma demonstração amorosa. Cuidado: não é somente o falar que faz barulho...

8.   O Santo Anjo da Guarda - seu Santo Anjo já existia bem antes de você nascer... E na Noite Santa do Natal, ele também desceu do Céu para adorar o Menino JESUS. Aprenda com ele; deixa ele te tomar pela mão e te conduzir pelos caminhos da adoração e contemplação.

9.  Um pastor - Ele anda pacientemente pelo campo e diz ‘ser pontual’. Ajuda-o. O SENHOR nunca deveria ter que esperar, mas tampouco os de sua casa.

10.  Um pastor - Com fé ele se põe a caminho. Caminhe com ele e ofereça atos de Fé à Criança em nome dos homens. Não desistas, embora o percurso pareça grande, pois chegarás.

11.  Um pastor - Ele chegou com tanta reverência junto do estábulo e até tirou os sapatos antes de entrar. Cuida para que os irmãos façam o mesmo: a Reverência Seria uma oferta tão preciosa ao SENHOR Sacramentado e à MARIA. Dê o exemplo.

12.  Um pastor - A curiosidade o impele. O Salvador nasceu. Que esperança para os pobres! Peça por todos os homens que não se interessam mais pelo Redentor; leva-os contigo na Noite Santa.

13.   O último pastor- Ele recebeu a notícia mais tarde. Os outros pastores agora já vão muito à frente e chegam mais cedo à criança. Isto faz sofrer? Não se preocupe; isto é dom escondido: dá-lhes a primazia de chegar primeiro, quando se trata de uma alegria. Ofereces isto ao Divino Menino!

14.    A criança de um pastor - Os adultos são estranhos, não me deixam aproximar do Menino; deste modo quero eu mesmo ir à Mãe. Ela compreende o meu desejo. Ela reza por todas as crianças e tem-nos todas em seu Coração na Noite Santa.

15.   A serva do albergue - Ela viu que a Sagrada Família não foi acolhida no albergue, então, no escondimento, e silenciosamente, conduziu-os à gruta, ajudando a limpar o lugar. Ela tinha ficado triste por não poder oferecer algo melhor, mas quando Maria sorriu para ela, encheu-se de alegria e compreendeu que o importante é servir com amor e dedicação, no escondimento e silêncio.

16.    Uma gotinha de lágrima - Eis uma gotinha de lágrima! Caiu do rosto de alguém no pezinho do Menino JESUS. Ele sentiu e sorriu. Que paz é saber que as lágrimas de contrição verdadeira, são acolhidas pelo Menino com tanta bondade.

17.    Um cordeiro - Ele pensou que seria ofertado no Templo em sacrifício... Olha quem nasceu! Foi o próprio Cordeiro de DEUS! Aceita que Ele seja teu Cordeiro, que te salve, que Se imole por ti... e tu, de tua parte, em tua vida, ofereça-te a cada dia, em sacrifício pelos teus irmãos.

18. Uma ovelha - Onde estão os pastores? Deixaram-te! Corre apressadamente ao Presépio. O Bom Pastor lá está. Vê, o que importa é que também chegastes. Eles estavam eufóricos e não lembraram de te avisar. Com o Menino aprenderás a perdoar.

19. Uma ovelha – Seria possível que tu, junto ao Presépio, representasse todas as ovelhas que Ele procura? O que precisaria para isto? Um coração amplo, muita paciência e vontade de reparação.

20.    Uma ovelhinha - É tão pequenina que é levada ao Salvador. Deixe todo o desejo de ser grande, pois Ele ama muito mais o que é pequeno. Olha como ela é meiga e simples.

21.    O burrinho de José - Ele foi o escolhido para fazer a longa viagem. Agora alegre, descansa junto ao presépio. Na difícil jornada da vida, o melhor repouso é aos pés do Tabernáculo, onde está JESUS Sacramentado e MARIA Santíssima.

22.  O burrinho do presépio - Ele já estava no presépio quando MARIA e José chegaram. Ele ficou sabendo que viriam, e aguardava com grande expectativa. Ele é humilde, silencioso e cheio de alegria. Sejas tu assim também; porque você sabe que o Menino virá, então prepara-te para recebê-Lo.

23.  O boi do presépio - Uma vez que posso estar aqui, então devo oferecer alguma coisa, pensa ele. E de repente compreendeu, e deu o melhor que tinha. O seu amor foi o hálito da mansidão.

24.   A vaquinha do presépio - Ela pensava que poderia dar de seu leite ao Menino JESUS, mas não foi preciso. Mesmo assim ela não ficou triste, o mais importante foi a sua presença. Se não quiserem utilizar de sua oferta, não fique abatido, eleve a DEUS o seu coração, Ele receberá com agrado a sua intenção.

25.    O cachorrinho do pastor - Quando ouviu os Anjos dizerem que o Menino havia nascido, ele foi muito feliz, correndo na frente a mostrar aos pastores o caminho até a gruta. Sê tu também aquele que, com alegria, ajuda os outros levando-os ao encontro de JESUS.

26.  A pombinha - Ela já estava dormindo quando José e MARIA entraram na gruta. Acordou e ficou quietinha observando. Pura e simples, com os olhinhos bem abertos, observava e guardava tudo em seu coração. Sua presença não foi notada por nenhum dos visitantes, somente pela Sagrada Família. Isto é o que importa para ela!

27. Um passarinho - Agora devo calar e contemplar o que acontece. É tão lindo aqui no estábulo. E neste tempo de silêncio quero compor um lindo cântico: o 'Louvor a DEUS' em cada momento!

28.  A andorinha - A andorinha fez um ninho para pôr seus filhotes bem pertinho da manjedoura. E é lá que ela educará seus filhinhos a servir e adorar o Rei: “Ah, vossos altares, ó Senhor, meu Rei e meu DEUS!” (Sal 83,4)

29.   Uma corujinha - Ela é vigilante; assim como os que amam. Tu também, não deixes passar o tempo em que poderias estar vigilante junto ao Menino. Adore-O sempre em seu coração, quando não puderes estar aos pés d'Ele.

30.   O morcego da gruta - Quem disse que ele não pode participar? Mesmo de cabeça para baixo, ele estava ali... O que importa - mesmo se nossa vida está desordenada - é que não percamos a oportunidade de também buscar estar com o Menino todo o tempo. Ele nos ajudará a pôr as coisas em ordem.

31.  O vaga-lume - Ele piscava, piscava... e alegrou tanto o Menino JESUS. Assim, pensa que também não é sempre que estás iluminado, às vezes as quedas do pecado te apagam... mas o importante é que acendas novamente, buscando a graça de DEUS. Isto alegra muito mais o Menino!

32.  Uma formiga - Ágil e trabalhadeira... mas nesta Hora Santa, em que nasceu o Menino, ela parou para adorar. Olha só... o que tens feito durante o teu dia? Tens tempo também para parar um instante no meio de tantos afazeres e lembrares de DEUS? Ótima oportunidade de começar neste Natal!

33.  Uma formiga com a folha - Ela carregava uma folha. Estava levando para o formigueiro, mas pensou... quem sabe pode ajudar a aquecer o Menino. Aquilo que tens, pode também servir aos outros que tem menos ainda... a esmola é uma obra de misericórdia e o desapego uma grande virtude.

34.     Uma abelhinha - O trabalho é minha sorte. Mas de maneira alguma me sinto triste por isso. Desejo simplesmente ser doce para Nossa Senhora e para o Divino Menino. Assim, estarei dando o meu melhor: o doce mel do trabalho.

35.    Um grilo – Ele ficou feliz de estar lá e poder cantar para o Menino. Fez o melhor que pode, mas cantou baixinho para ninar o Menino; e ficou escondido. O mais importante é cantar suavemente o melhor canto do coração, que é a caridade no escondimento; basta que o Menino escute.

36.   A pulga no pelo do cão - Nada senão confusão me rodeia. Mal posso respirar. Também não posso ver a Criança. Será que o Pequenino sabe quão grande é meu anseio de vê-Lo. O anseio é um grande Dom. Seja um adorador, aí poderá vê-Lo sempre.

37.   A estrela-guia – Acompanhei-os durante todo o tempo e agora tenho que ficar do lado de fora?! Mas ainda bem que tem uma fresta no telhado do estábulo; por ela posso ver o Menino, e ainda ficarei aqui sendo sinal para muitos encontrá-Lo. Seja você também Luz no caminho daqueles que querem chegar até o Salvador neste Natal.

38.   Uma estrela pequenina - Ela pisca, pisca! Seu brilho é bem menor do que o da Estrela-guia. Mas ela não se importa. Ela não pensa em competir. Ela só faz o seu papel. É mais uma no meio de milhares, que devem piscar, e enfeitar o Céu do Menino com seu brilho.

39.    A Lua - Ela também estava lá. Silenciosa, observava tudo. Não precisou falar nada. Também tu, sejas como ela. Não precisa se preocupar em dizer muito. Basta que faças companhia.

40.   O Sol – Ele só apareceu no amanhecer, mas mesmo assim deu toda a sua luz e o seu calor, e tornou tudo mais colorido e bonito. Os operários da última hora também devem se esforçar mais, se doar com todo amor e dedicação, para reparar o tempo perdido, ou o atraso na missão. Assim, eles receberão o mesmo salário dos que chegaram primeiro: o eterno Amor do Menino.

41.   Uma nuvem - Que pena!... a nuvem tampou a lua e as estrelas... e o céu escureceu um pouco! Por isso, colocar-me-ei sempre ao lado, como companheiro de caminhada, assim tudo ficará mais bonito; e o brilho do céu, onde todos têm sua parte, alegrará o Menino JESUS.

42.   A lenha – São José conseguiu um pouco de lenha, para fazer um fogo, para clarear e esquentar a gruta, naquela noite fria. A lenha sabia que seria queimada e viraria cinzas, mas esta era a sua missão: deixar-se consumir em expiação, por amor.

43.  O fogo - Ele deu luz e calor para o Menino e Seus pais. Sejas tu também este fogo de amor que aquece a todos, através da caridade.

44.  A água do riacho - Ela serviu para amenizar a sede de MARIA e José, dos pastores e dos animais. Ela sempre doa de si mesma e não pensa que com isso acabará. Também tu, não te preocupes de te doares sempre. DEUS não deixará extinguir em você aquilo que você tirar de si para doar aos outros. Não tenha medo de se doar.

45.  Um floco de neve - Ele entrou pela fenda que havia no teto da gruta e caiu na manjedoura, pertinho do Menino JESUS, e sob o calor do Amor do Menino, derreteu. Deixai que aconteça isto também ao seu coração; que ele possa consumir-se de amor diante de JESUS Eucarístico. Seja um adorador!

46.  O orvalho – Ele chegou só pela manhã. Mas ele não se preocupou de não ser o primeiro. Mesmo assim, deixou seu sorriso, através de cada gotinha na ponta de cada capim. Veja que simplicidade. O importante não é chegar primeiro ou fazer grandes coisas, mas fazer as pequenas coisas com um grande amor.

47.  Uma flor diante do presépio - Ela estremece ao vento, mas porque também MARIA passou por lá e olhou para ela. Ela quer aguentar toda a tempestade para ficar junto do Menino. Ela deseja florescer para Ele silenciosamente.

48.  O poço no deserto - Que Bom é DEUS! Em meio ao deserto existe um Poço. Quando José e MARIA me encontrarem pelo caminho e tomarem de mim para o Menino, quero ser a melhor água, mais cristalina. Eis a razão porque já devo vibrar de alegria e espelhar o Céu.

49.   A colina no campo - Ela é mais alta e pode ver mais longe. Donde vem isto? DEUS o sabe. Eu, porém quero cuidar para que ninguém que vai até a criancinha, deixe de enxergá-Lo. Não quero tapar o Menino da vista de ninguém!

50.   A ponte dos pastores - Que bom! Se ela não estivesse lá, como os pastores iriam atravessar para visitar o Menino! A água do riacho estava tão fria naquela hora da noite! Que tu também possas ser esta ponte que ajuda os outros a encontrarem JESUS. Vede quantas maneiras podes exercitar isto; uma delas é a intercessão!

51.  A ponte perto do presépio - Que bom! Se ela não estivesse lá, como as pessoas chegariam para adorar o Menino! Que tu também possas ser esta ponte que ajuda os outros a encontrarem JESUS. Vede quantas maneiras podes exercitar isto! Uma delas é a “Passio DOMINI”! Não são só as obras... vede quantas almas são conduzidas a DEUS por esta adoração silenciosa!

52.  O caminho para o presépio - Silencioso se estende debaixo de céu estrelado. Está habituado que sobre ele ande sofrimento e alegria. Neste dia, porém, ele reza intimamente pela graça de estar preparado para o SENHOR. Sua alegria consiste nisto, estender-se debaixo dos pés de MARIA, de José e dos outros.

53.  A porta do presépio - A porta do Presépio é feita de madeira, mas é forte. Ela tem que defender a criança contra o vento, o frio e a escuridão que está lá fora. Guarda o Mistério do Natal, mas abra-te sempre alegremente quando alguém estiver à procura de DEUS.

54.  O presépio - Por mais pobre que seja um estábulo, contudo oferece abrigo e se torna até mesmo o céu, quando DEUS nele habita. Reze por todos aqueles que devem abrigar a DEUS. Alarga teu coração em desejo de que todos possam acolhê-Lo também.

55.   A fenda no teto da gruta - No teto da gruta havia uma fenda. A fenda pensava ser um defeito, mas acabou alegrando o Menino, que de lá podia enxergar o Céu, a Estrela-Guia e todas as estrelas. Assim, sob o olhar da misericórdia do Senhor, também podemos enxergar DEUS mesmo através dos nossos defeitos; e aprender a ser misericordioso com os defeitos do próximo.

56.  A manjedoura - Foi o primeiro lugar na Terra para o Divino Menino. Ele procura em teu coração, esta manjedoura acolhedora e repleta de amor.

57.  O véu de MARIA - Branco é seu véu! Ela sempre o usava. Pôde com ele cobrir o corpinho do Menino, quando O apertava junto ao seu Coração. Que através da modéstia no teu vestir e portar, também tu escondas o Menino JESUS.

58.  O manto de MARIA - Azul é seu manto! Da cor do céu. Como esta cor agrada o Menino JESUS. Ele sempre Se viu abrigado sob este manto. Sê tu também um manto de amor e carinho para o seu próximo que representa (sempre) JESUS. Como? Através da acolhida sempre alegre aos outros, com caridade, com o rosto sempre sereno.

59.  O manto de São José - Suportou todas as intempéries do caminho. Protegeu do calor e do vento forte e empoeirado do deserto. Agora, tu também, saibas suportar as dificuldades e proteger quem precisa de tua ajuda.

60. O cajado de São José - Durante o longo percurso, foi o apoio de São José. Não serviu diretamente ao Menino, mas a Seu pai. Às vezes, tu não farás o mais importante, nem servirás diretamente o Rei, mas apenas o Servo d'Ele. Lembra-te de que todo o servir é digno e santo.

61. Uma palha da manjedoura – Para que ela não espetasse a criança, MARIA colocou seu Manto sobre ela. Assim, ela se tornou mais suave e flexível. Pede que Maria te cubra com Seu Manto, assim não espetarás o Menino. Que conforto ter devoção à Santíssima Virgem MARIA!

62.  A fralda - MARIA preparou-a branca e macia. Deixa-te dobrar pelas suas mãos, para proteger o corpo do Menino tão pequeno, que em nossos dias sofre tanta frieza sob o véu do Santíssimo Sacramento.

63.    O jarro de barro - São José precisou dele para buscar água em um riacho próximo. Preste atenção: somente o jarro que não está trincado pode sustentar dentro de si as águas da Graça.

64.  As pedras da gruta - Ninguém percebeu, mas elas que revestiam toda a parede da gruta. Ficaram lá também, presenciando o nascimento do Menino e O adorando. Quando ninguém ver a tua utilidade, pense nisto, e adore a DEUS. Isto é o que importa.

65.  Uma pedra - Ela está lá imóvel, e ficará assim; parece não ter utilidade. Mas servirá para alguma coisa. É firme. Sólida. Não quebra com qualquer batida.

7 de outubro de 2020

A verdadeira História do Santo Rosário

A Santíssima Virgem entregando
o Santo Rosário
ao monge Domingos da Prússia,
da Cartuxa de Tréveris.
Embora tenha se divulgado tão amplamente que o Rosário surgiu com uma Aparição de Nossa Senhora à São Domingos de Gusmão (+1221), fundador dos Dominicanos, por ocasião da sua luta contra os Albingenses - e inclusive verifica-se isso em alguns textos eclesiásticos - existe uma outra versão da história contada pelos monges cartuxos.

No livro "O Rosário das Cláusulas" (foto abaixo), eles contam que estas invocações tiveram origem mais tarde, com um Monge também chamado Domingos, mas não o de Gusmão, e sim o chamado «de Tréveris», ou «da Prússia» (que faleceu por volta de 1.460), que era um monge cartuxo e não dominicano.

No site da Ordem Cartuxa (NOTA: após a reformulação do site da Cartuxa, não encontramos mais onde eles colocaram este texto seguinte, que estava no site uns anos atrás; mas esta mesma história é contada no livro que citamos; foto abaixo) eles explicavam: "Ora, uma lenda, que resiste obstinadamente, pretende que o Rosário foi entregue durante uma aparição da Virgem a São Domingos, como proteção na sua luta contra os Albingenses. Esta lenda é falsa, embora seja mencionada em certos documentos eclesiásticos."

É claro que os Dominicanos não tem a má intenção em querer sustentar esta história, provavelmente a maioria deles nem conheça esta versão cartuxa. E, provavelmente, a própria discrição dos Monges Cartuxos - que têm o silêncio como um ponto fundamental de sua Regra, e não costumam divulgar o nome de seus escritores e santos - tenha facilitado que esta lenda falsa tenha se espalhado.

Não descartamos aqui a presença Materna de Maria na vida de São Domingos, e sua poderosa intercessão, até porque a força da oração da Ave-Maria e a proclamação do Nome de Maria remontam aos primeiros séculos do cristianismo.

De qualquer forma, esta narrativa com São Domingos de Gusmão tornou-se, nestes últimos anos, uma oportuna ocasião para ilustrar - com uma estória bem significativa - o poder do Santo Rosário, e com certeza, contribuiu para que a recitação do Santo Rosário se tornasse mais conhecida entre os fiéis, e portanto mais amplamente divulgada. É como diz São Paulo: "eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer" (ICor 3,6); assim, pode-se dizer: "A Cartuxa plantou, os Dominicanos regaram, mas é DEUS quem fez crescer!" Mas é sempre bom sabermos a verdadeira origem dos fatos!

Então, vamos aos fatos que os monges Cartuxos narram:
  1. As primeiras biografias de São Domingos de Gusmão, fundador dos Dominicanos (* 1170  + 1221) dos dois primeiros séculos após a sua morte - não relatam nada sobre esta origem do Rosário. Como um fato deste, de tão grande importância, deixaria de ser relatado na Biografia do Santo, se ele realmente tivesse sido instrumento para o surgimento do Rosário?

  2. Esta história aparece somente em 1460, nas obras de Alan de La Roche, O.P. (+1475). E segundo Heribert Thurston, um Sacerdote Jesuíta, Alan de La Roche simplesmente fez uma confusão de nomes: ele confundiu «Domingos de Prússia, Cartuxo do Mosteiro de Tréveris», com «Domingos de Gusmão», fundador de sua Ordem; por causa dos nomes serem iguais.

  3. Graças à tipografia nascente na época de La Roche, seus trabalhos espalharam-se rapidamente por toda a parte, dando crédito à lenda.

  4. Em 1889, outro Dominicano, Tomás Esser, teve o mérito de ser o primeiro a explicar, após um aprofundado estudo das fontes que a introdução progressiva dos pontos de meditação na oração do Rosário remonta aos Cartuxos de Saint-Alban de Tréveris, na metade do século XV; citando inclusive os nomes de Domingos de Prússia e outro.

  5. Infelizmente as obras originais do Cartuxos de Tréveris não foram reencontradas; e novamente relembramos aqui o motivo disto: a discrição e silêncio característico da Ordem Cartuxa.

  6. O termo em latim "Rosarium" ou "Rosarius" não teve o mesmo significado que damos hoje, para o "Terço completo" de Nossa Senhora. Em tempos antigos, esta expressão, que era derivada do alemão "Rols" (cavalo), era usada para referir-se a coleções e obras de consulta de origem jurídica, ou coisas similares. Somente a partir do século XV, que o "Terço" ou "Rosário" passou a ter este nome. No início era conhecido apenas por "Pater noster".

  7. O Rosário não foi criado com os 3 Terços, que tradicionalmente conhecemos (Gozosos, Dolorosos, Gloriosos), nem havia a divisão dos mistérios em cada Terço, rezava-se apenas o "Pater", com as "Ave-Marias", seguidas das "Cláusulas", que eram frases tiradas do Evangelho, que ajudavam a meditar sobre alguma passagem da vida de JESUS.

  8. No início, não existia a segunda parte da oração da "Ave-Maria", ou seja, não se rezava a "Santa Maria, Mãe de DEUS...", como atualmente fazemos; rezava-se apenas a primeira parte e terminava com a cláusula.

  9. Existem várias versões de Cláusulas, pois na época em que se começou a difundir esta devoção, ainda não tinha se difundido a imprensa. Também porque o próprio monge Domingos da Prússia, da Cartuxa de Tréveris, dava ampla margem à piedade dos fiéis, no momento de se utilizarem das cláusulas.

  10. Só depois de um tempo começou a ligação das 150 Ave-Marias do Terço com os 150 Salmos da Bíblia.

  11. E uma curiosidade: os Mistérios Luminosos, criados pelo Papa São João Paulo II, também se encontram nas Cláusulas do Cartuxo de Tréveris.
Alguns católicos se recusam a rezar os Mistérios Luminosos (sugerido em 2002 pelo então Papa João Paulo II, na Carta Apostólica 'Rosarium Virginis Mariae'), afirmando entre outras coisas, que contraria a memorável tradição das 150 Ave-Marias que fazem referência ao Saltério (150 Salmos da Bíblia); feita pelo Papa São Pio V na Bula Papal 'Consueverunt', de 1569.

Na verdade, ninguém é obrigado a rezar os Mistérios Luminosos, já que o próprio papa, em sua Carta Apostólica, não impõe tal preceito.

Na Carta está escrito: "... seja oportuna uma inserção que, embora deixada à livre valorização de cada pessoa e das comunidades, lhes permita abraçar também os mistérios da vida pública de Cristo entre o Baptismo e a Paixão." (No original em latim, está escrito: "libero singulorum atque communitatum iudicio relictam", que literalmente significaria "livre juízo").

Assim, ninguém é obrigado a rezar os Mistérios Luminosos, mas também não podemos excluir esta meditação como se fosse uma heresia... Assim, reza quem quer. O mais importante, é que se medite nos Mistérios da Vida de Jesus e de Maria, que estão contidos no Evangelho!

Mas, como seria rezar com as Cláusulas? É bem simples!

Se, por exemplo, você vai rezar os Mistérios Gozosos. Reza-se o início do Terço normalmente: Credo, Pai-Nosso, 3 Ave-Marias. Glória. Depois já reza o Pai-Nosso (sem anunciar o Mistério). E começam as cláusulas:

- Ave-Maria, cheia de Graça! O senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre JESUS (que concebestes em vosso puríssimo seio). Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém. (10 vezes)

- Ave-Maria, cheia de Graça!... ventre JESUS (que levastes a Santa Isabel). Santa Maria... (10 vezes)

- Ave-Maria, cheia de Graça!... ventre JESUS (que de vós nascestes na pobre gruta em Belém). Santa Maria... (10 vezes)

E por aí vai... você mesmo pode formular as cláusulas, de acordo com o Mistério do Santo Rosário que vai meditar. Isso ajuda muito a não perdermos a contemplação do Mistério.

Você pode rezar desta maneira. Repetindo a mesma Cláusula 10 vezes, ou mesmo dizer uma Cláusula diferente a cada Ave-Maria; e foi assim que Domingos da Prússia, de Tréveris fez.

Abaixo, colocamos a sugestão de um livrinho maravilhoso, escrito por um monge Cartuxo anônimo, que conta esta história da verdadeira origem do Rosário, e que tem também 3 modelos de se rezar o Rosário com as Cláusulas. Este livrinho, é muito bom! Vale a pena adquirí-lo!



Você pode encontrá-lo nos seguintes endereços:

Cultor de Livros

Quadrante

Livraria Loyola

Scrib