30 de março de 2020

Orações e práticas em tempos de necessidade

Neste período de Pandemia do Coronavírus, em que muitos de nós, ou quase todos, estamos privados do Bem maior de nossas almas, que é participar da Santa Missa e receber Eucaristia, assim como receber o Sacramento da Confissão, e outros... incluindo também a convivência com nossos irmãos de paróquia e comunidade, precisamos erguer os olhos ao Céu e, com fé e esperança, ver em tudo a Mão poderosa e misericordiosa de DEUS, que pode utilizar tudo, tudo mesmo, para o bem de nossas almas.

Assim, este tempo de prova, que coincidiu com o Tempo da Quaresma, deve ser acolhido por todos como um tempo de Graça e de formação espiritual. Um tempo em que fortalecemos os laços familiares, mas também os laços espirituais com nossos irmãos, e nos faz olharmos mais para as coisas eternas, e para o tempo de nossa vida, que é um precioso dom, do que para as coisas materiais.

Que todos se esforcem, de aumentar a quantidade e qualidade de suas orações particulares e em família, e não se esqueçam que além de que a Quaresma já é Tempo de mortificação e penitência, quanto mais agora, em que passamos por esta grave situação; devemos nos despojar de todo o supérfluo e fortalecer a nossa vontade com as mortificações e penitências, buscando a nossa conversão, e clamando a misericórdia de Deus.

Deixamos aqui, pequenas, mas profundas orações, para fazermos em nossa pequena Igreja Doméstica.


Em tempos de Coronavírus

Senhor Jesus, Salvador do mundo,
esperança que nunca desilude,
tende piedade de nós e livrai-nos de todo mal!
Pedimos-Vos para vencer
o flagelo deste vírus que se está difundindo,
curar os doentes, preservar os sãos
e apoiar quem trabalha pela saúde de todos.
Mostrai-nos o Vosso Rosto de Misericórdia
e salvai-nos pelo Vosso grande Amor.
Nós Vos pedimos pela intercessão de Maria,
Vossa e nossa Mãe,
que com fidelidade nos acompanha.
Vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos.
Amen.

Oração de Contrição

Senhor meu Jesus Cristo,
Deus e homem verdadeiro,
Criador e Redentor meu:
por serdes Vós quem sois,
sumamente Bom e digno de ser amado sobre todas as coisas,
e porque Vos amo e estimo, pesa-me, Senhor,
de todo o meu coração,
de Vos ter ofendido.
Pesa-me também de ter perdido o Céu
e merecido o inferno;
e proponho firmemente,
ajudado com o auxílio de Vossa divina Graça,
emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender.
Espero alcançar o perdão de minhas culpas
pela Vossa infinita Misericórdia. Amen.

Oração ao Santo Anjo da Guarda
quando não se pode participar da Santa Missa

Vai, ó meu Santo Anjo, por mim, à Igreja, agora,
ajoelha-te no meu lugar,
participa da Santa Missa e adora.
No Ofertório, coloca na patena
o que tenho, o que sou, o meu coração;
oferece-me inteiramente
ao serviço de Deus, em oblação.
Durante a Consagração,
adora como um Serafim ardente,
nosso Salvador Jesus Cristo,
que na Hóstia está verdadeiramente.
Lembra-te e reze por todos:
pelos que me magoaram, pelos meu queridos;
o Sangue de Jesus purifique também os meus falecidos.
Traz-me o Corpo e Sangue de Jesus
no gozo da Santa Comunhão,
e, em espírito, a Ele unido,
faz que seja Seu Templo o meu coração.
Suplica que para todos os homens
provenha deste Santo Sacrifício, a salvação.
Ao terminar a Santa Missa, traz-me, para casa,
a Bênção final. Amen.

Comunhão Espiritual

Oh! meu Jesus, creio firmemente
que estais presente no Santíssimo Sacramento.
Amo-Vos sobre todas as coisas
e minha alma suspira por Vós.
Mas como não posso receber-Vos agora,
de maneira sacramental,
vinde ao menos espiritualmente ao meu coração.

(momento de silêncio, para unir-se espiritualmente a Jesus)

Abraço-me Convosco, uno-me a Vós inteiramente.
Não permitais que eu me separe de Vós.
Oh! Jesus, sumo vem e doce amor meu,
vulnerai e inflamai o meu coração,
a fim de que esteja abrasado em Vosso amor para sempre.
Amen.

Oração de Santa Teresa de Calcutá

Maria, Mãe de Jesus,
dá-me o teu coração tão bonito,
tão puro, tão imaculado,
tão cheio de amor e humildade,
para que eu possa receber Jesus no Pão da Vida,
amá-Lo como tu o amaste
e servi-Lo como tu o serviste
no disfarce doloroso
dos mais pobres dos pobres.
Amen.

Oração para Comunhão espiritual
Beata Alexandrina

Jesus, eu Vos adoro em todo o lugar
onde habitais Sacramentado;
faço-Vos companhia pelos que Vos desprezam,
amo-Vos pelos que não Vos amam;
desagravo-Vos pelos que Vos ofendem.
Jesus, vinde ao meu coração!

(ou)

Meu Jesus Sacramentado,
vindo ao meu peito, vinde ao meu pobre coração!
É vosso, Jesus! Tomai-o inteiramente!
Fazei dele o alimento dos pobres pecadores!
Jesus, vem a mim e não Te separes mais!





21 de março de 2020

Como ser humilde?

Respondendo a pergunta de um de nossos leitores: Como alcançar a humildade?

"A humildade é a verdade." Nesta frase Santa Teresa d'Ávila resumiu a mais preciosa das virtudes.

Mas, verdade em quê sentido? A de reconhecermos que somos fracos e pecadores, que nada somos! "Somos pó e ao pó voltaremos" (cf. Gen 3,19). Tudo o que temos de bom vem de DEUS!

São Paulo já dizia: "O que há de superior em ti? Que é que possuis que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se o não tivesses recebido?" (I Cor 4,7)

Outros pontos interessante a refletir são o seguinte:
1) Todos somos iguais diante de DEUS: "porque todos sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo... Já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus." (Gal 3,26.28)

2) Que podemos perder tudo de uma hora para outra. Seja bens, ou até o próprio uso do intelecto, por uma doença ou acidente; assim, o que adianta possuir bens ou ter-se por inteligente neste mundo, só para ser melhor que os outros, se tudo haveremos de perder? "Havia um homem rico... ó minha alma, tens muitos bens em depósito para muitíssimos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Deus, porém, lhe disse: Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas, que ajuntaste, de quem serão? Assim acontece ao homem que entesoura para si mesmo e não é rico para Deus." (cf. Lc 12,16-21)

Os dois tipos de hipocrisia que ferem a humildade:

- O 'orgulho refinado' é uma das características da falsa humildade. É aquele que pensa e diz que não é orgulhoso, e consegue habilmente se passar por humilde e piedoso, enganando a muitos.

- Mas existe também a falsa humildade, onde a pessoa sempre se rebaixa e se minimiza quando faz alguma coisa boa, só para ouvir mais elogios ainda, ou se passar por humilde.

Se fazemos ou falamos algo que realmente é bom, e reconhecemos isso, não devemos ser falsos humildes e dizer que não foi bom. O correto é agradecer e dizer: "Muito obrigado. Também gostei. DEUS é Bom, e me concedeu esta graça de realizar isso." Nesse caso, a pessoa reconhece que fez algo bom, mas sabe que foi DEUS que lhe deu aquele dom.

Como saber se ainda somos muito orgulhosos?

Talvez uma boa dica para saber se ainda é muito ou pouco orgulhoso, é medir o grau de humilhação que sentimos ao passarmos por uma situação difícil e de humilhação.

- Se sofremos muito, é que ainda somos muito orgulhosos. Ou seja, se fossemos colocar em número: Em uma escala de 1 a 10, se o nosso sofrimento, ao sermos humilhados, é de 9 pontos, então, significa que nosso orgulho também chega a 9 pontos.

- Se sofremos pouco, é que estamos começando a caminhar pelos caminhos da verdade... Ou seja, se o nosso sofrimento é 3 de pontos, significa que o nosso orgulho chega a estes 3 pontos... o restante seria humildade.

Já dizia Santa Teresa dos Andes: "Sou o que sou diante de DEUS, o que me importa as criaturas!" Assim, o humilde não se importa com a opinião das pessoas, sejam estas elogios, ou sejam insultos, ele está sempre humilde diante de DEUS que conhece quem ele verdadeiramente é. E Santa Terezinha também dizia algo parecido: "Eu sou o que DEUS pensa de mim!"

Assim, o que adianta queremos parecer diante dos outros melhores do que somos? E o que adianta lutarmos para estarmos acima e mandarmos nos outros, ou não aceitar nos submeter a eles?

Quantas vezes nos vangloriamos - e isso ocorre muito sutilmente -sem nos darmos conta de que fizemos ou dissemos tal coisa somente para parecermos bons (melhores do que somos), ou para contar vantagem de algo pequenino que fizemos?


Como mudar isso?
Reze a Ladainha da Humildade


Devemos sempre olhar nossa condição de pecadores, de que não podemos fazer nada sem a Graça de DEUS. JESUS mesmo dizia: "Sem Mim, nada podeis fazer" (Jo 15,5). Mas, vangloriar-se ou chamar a atenção também está ligado, de certa forma, à uma carência, pois o ser humano busca ser amado, reconhecido.

Sigamos o exemplo de JESUS que, "sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-Se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz" (Filipenses 2,6-8).

Se formos verdadeiramente humildes, cientes de nossa fraqueza e pequenez, tudo será descomplicado para nós.

E como dica, deixamos aqui o link de alguns excelentes Artigos:

2 de março de 2020

Exorto-vos, pois...!

O Tempo da Quaresma causa uma interessante mudança no cenário de nossas igrejas: pessoas de diversas idades, que não iam a uma igreja desde o último casamento de um parente ou amigo, ou desde a última Missa de 7º dia, entram novamente no recinto sagrado.
E começam, quase que furtivamente, a participar das Missas, Vias-Sacras, Rosários, fazem visita ao Santíssimo, ou ainda, temerosamente, aproximam-se do Confessionário...
Por sua vez, chegam também os frequentadores mais assíduos: os que vêm todos os domingos, ou quase todos os dias...
Aparentemente diferentes, eles têm um ponto em comum: desejam colocar em dia a consciência, mudar de vida, recomeçar. Mas, será que todos são realmente movidos pelo firme propósito de viver uma santa Quaresma preparando-se para Páscoa, ou são apenas motivados por um entusiasmo momentâneo, por uma piedade emocional? E porque poucos progridem na vida espiritual?
Depois da Capela do Santíssimo (onde está realmente presente nosso Senhor Jesus Cristo) e do Altar (no momento em que se celebra a Santa Missa), o lugar mais salutar que temos a graça de adentrar é o Confessionário. Pode-se dizer que ele é o Coração aberto de Cristo na Cruz.
Após sermos livres do pecado original, pelo Batismo, infelizmente continuamos pecando, pois as consequências dele permanecem sobre a nossa natureza humana, que fica enfraquecida e inclinada para o mal. A Confissão é este caminho de reconciliação, onde Deus, que é o próprio ofendido pelos nossos pecados, nos estende a mão, nos cura, e nos restaura. A Parábola do Filho Pródigo exemplifica bem isto: “estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado” (cf. Lc 15,32).
A Confissão não é algo que devemos ter medo, pois é um tribunal de Misericórdia! Imaginemos se não existisse esta possibilidade, e se pecando após o Batismo, não tivéssemos nenhuma outra oportunidade de alcançar o perdão?! Mas existe! E não uma só vez, mas inúmeras vezes. Durante toda a nossa vida podemos voltar a Ele e pedir perdão, que Ele nos acolhe e nos perdoa. Mas, nem por isso temos o direito de abusar da Graça e da Misericórdia de Deus! Assim, devemos levar a sério a nossa fé. Buscar estudar o Catecismo da Igreja Católica, e o que nos ensina o Sagrado Magistério, de acordo com a Sagrada Tradição e Escritura, e crer no que nós é ensinado, buscando vivê-lo a cada dia, não somente em datas especiais. Só assim alcançaremos o maior objetivo da nossa existência: nossa santificação e salvação!
Em relação à confissão, muitos têm dúvidas de quando o pecado é mortal (grave), ou não. É simples entender, e são três condições que determinam:
- Matéria grave (se é contra os 10 mandamentos);
- Plena consciência (saber que tal coisa é errado. E devemos levar em conta de que mesmo se a pessoa não teve um ensinamento catequético sobre os 10 Mandamentos, a própria consciência sempre alerta sobre o que é certo ou errado; a respeito disso, confira Rm 2,14-15);
- Pleno consentimento (a vontade deliberada de cometer aquele ato).
Todas as condições precisam estar presentes para ser considerado grave; faltando uma delas, é considerado pecado venial.
Ao ler isto, não nos enganemos achando que é difícil alguém pecar gravemente; infelizmente é bem mais fácil do que pensamos cair nestes pecados que ferem a caridade contra Deus e o próximo. Inclusive, “a ignorância afetada e o endurecimento do coração não diminuem, antes aumentam, o caráter voluntário do pecado” (Cat § 1859).
E para obtermos o perdão de Deus, o que é preciso?
Em primeiro lugar devemos fazer o exame de consciência. (Veja neste link um ótimo guia: www.comshalom.org/exame-de-consciencia/);
Depois, é indispensável a contrição (verdadeiro arrependimento, que inclui o firme propósito de não pecar);
E é claro: a acusação dos pecados, que é feita através da confissão individual (a confissão comunitária é permitida somente em casos extremos; ver Cat § 1483);
E por fim, a penitência (cumprir a penitência imposta pelo Sacerdote, que geralmente é uma oração, uma mortificação, ou uma obra de caridade relacionada ao pecado que se cometeu).

Além disso, existem três pontos importantes, que devemos pôr em relevo:
- devemos crer que Deus pode e quer nos perdoar;
- devemos aceitar o perdão que Ele nos concede;
- e devemos perdoar também quem nos ofendeu.
 O primeiro ponto é óbvio. Deus é o Soberano, e nós somos suas simples criaturas. Quando pecamos, O ofendemos. Mas devemos crer que Ele tem o poder não somente de nos perdoar através dos Sacerdotes (confira: Mt 9,2-8; Jo 20,23; II Cor 5,18) como também quer nos perdoar, porque nos ama! “Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos Ele amado, e enviado o Seu Filho para expiar os nossos pecados... Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco.” (I Jo 4,10.16).
O segundo ponto depende do primeiro: Se cremos que Deus pode e quer nos perdoar, devemos aceitar este perdão!
Nos Evangelhos, vemos muitas passagens onde Jesus manifestava o Seu poder e misericórdia, curando e fazendo inúmeros milagres, mas mesmo assim, muitos não acreditavam, e diziam que tudo o que Ele fazia era por obra do maligno. Esso é o chamado “pecado contra o Espírito Santo”, ou seja, pecado contra o Amor de Deus.
E este é o único pecado que a Bíblia diz que não tem perdão. Por quê? Ora, como Deus pode perdoar uma pessoa que não quer ser perdoada?!
É só considerarmos isso em relação a nós mesmos. Se temos a abertura de coração para perdoar alguém que nos ofendeu, mas esta pessoa não acredita em nós, e não aceita nosso perdão, o que fazer? Seria possível obrigar esta pessoa a acreditar em nós e aceitar o perdão que oferecemos?! Claro que não! E a mesma coisa é com Deus em relação a nós! Ele oferece o perdão, mas só recebe o perdão quem se arrepende e o aceita.
O terceiro ponto também é muito importante. Certa vez, São Pedro perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” (Mt 18, 21-22). Se achamos que isso é um absurdo, como podemos esperar o perdão de Deus? (cf. Mt 19,23-35). Se não conseguimos perdoar o outro como podemos rezar a oração do Pai-nosso?
Interessante saber que a tradução mais fiel (conforme o original do texto bíblico) desta oração ensinada a nós pelo próprio Jesus, diz: “perdoai as nossas dívidas, como nós perdoamos os nossos devedores”, e não “perdoai as nossas ofensas”.
Embora aparentemente tenha o mesmo sentido, a palavra "dívida" expressa com muito mais clareza nosso estado diante de Deus: Não somente O ofendemos, como se isso não tivesse tido nenhuma consequência, mas também contraímos uma dívida para com Ele. Nossos atos têm consequências, não somente temporais, mas eternas! Assim, o pecado sempre carrega não só uma culpa, mas também uma pena. Mas Ele, por Sua Misericórdia, nos oferece este abraço de perdão... contanto que também perdoemos o próximo.
O perdão dos pecados é uma graça, mas quantas vezes as pessoas recusam esta graça;
- diretamente (não confessando),
- ou indiretamente (fazendo confissões sem verdadeiro propósito de mudança, mal feitas, ou até sacrílegas).
Por isso, alguns entram na igreja, durante o período da Quaresma, e saem do mesmo jeito, porque vivem de uma maneira artificial, emotiva, e não verdadeira!
São Paulo escreveu: “Exorto-vos, pois, que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados” (Ef 4, 1), e esta vocação é a “que vos destina à herança do céu” (Hb 3,1). "Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno." (Hb 4,16)

1 de março de 2020

A verdade sobre a Comunhão na mão!

Todo ano quando chega o período chuvoso,  ou mais frio, em que é comum as pessoas pegarem algum resfriado ou gripe, a imprensa exagera, gerando um clima de pânico na população desinformada. Veja depois, no vídeo abaixo, sobre o assunto:


Veja também este artigo: Epidemia de coronavírus ou Epidemia do medo?

E nesse clima, algumas Dioceses começam a publicar Normas,  recomendando, sugerindo, ou orientando os fiéis a comungarem apenas nas mãos, para evitar alguma contaminação em "tempos de epidemia".

E o que acontece é o seguinte: no dia-a-dia das paróquias, estas "normas" acabam se tornando uma "obrigação"; pois é assim que isso chega até os fiéis... De modo que as pessoas são constrangidas de maneira tal que, se quiserem comungar na boca, são consideradas "desobedientes e rebeldes" à "ordem" do Bispo!

Mas... quem está desobedecendo neste caso? A quem devemos obedecer? São Pedro já havia dito: "Importa obedecer antes a Deus do que aos homens" (At 5,29).

Todo católico bem instruído sabe que a Instrução Redemptionis Sacramentum, mormente nos Números 90 à 94, dá o direito aos fiéis de receberem a Comunhão diretamente na boca, sem que ninguém o possa obrigar o contrário.

Obrigar os fiéis a comungar nas mãos constitui "abuso de autoridade", já que existe esta Instrução emitida pela Congregação para o Culto Divino que concede ao fiel o direito de escolher como quer receber a Santa Comunhão!

Dom Athanasius Schneider, Bispo, afirmou recentemente: "A proibição da Comunhão na boca é infundada em comparação com os grandes riscos à saúde da Comunhão nas mãos no tempo de uma pandemia. Essa proibição constitui um abuso de autoridade. Além disso, parece que algumas autoridades da Igreja estão usando a situação de uma epidemia como pretexto."  Veja artigo completo aqui.

Além de tudo, o que os fiéis de boa vontade questionam é o seguinte:

1) Como comungando o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é nosso DEUS, fonte de toda Cura e Salvação, poderíamos nos contaminar com alguma doença!?  Jamais no decorrer da História houve algum caso registrado que uma pessoa pegou alguma doença por ter recebido a Eucaristia diretamente na boca. Isso é falta de fé! Só se for em pecado, como nos cita São Paulo: "Aquele que o come e o bebe sem distinguir o Corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação. Esta é a razão por que entre vós há muitos adoentados e fracos, e muitos mortos." (I Cor 11,29-30)

2) Ao contrário, receber a Comunhão nas mãos, além de facilitar o risco de profanações e promover o esfriamento da fé nos fiéis; proporciona um risco muito maior de se contaminar, visto que os fiéis tocam nos bancos da igreja, no dinheiro da oferta, no carro, no ônibus, etc. E com as mãos sujas - mesmo que não visível aos olhos - tocam na Eucaristia e a consomem assim. Já os Ministros tem a maior possibilidade de lavarem bem as mãos e usarem álcool nas mãos antes da Santa Missa, ou antes de distribuir a Sagrada Comunhão.

Os leigos devem se unir, e indo até seus Bispos, dialogar (respeitosamente) e apresentar claramente as razões Teológicas para se comungar somente na boca, ou ao menos, para não impedir os fiéis de comungarem na boca.

Mesmo que isso não consiga um resultado imediato, esta mobilização dos leigos é importante para que nossos Prelados percebam que os leigos não são pessoas desinformadas, mas que conhecem os Documentos da Santa Igreja e os próprios direitos que Ela assegura a todos os fiéis, e direitos que, primordialmente, velam pelo zelo Eucarístico.

Além disso, pode-se apresentar também as razões pastorais e sanitárias, como citamos que afirmou Dom Athanasius Schneider: em uma epidemia, o risco de se contaminar recebendo a comunhão nas mãos é bem maior. Clique depois aqui para ver uma clara explicação de Dom Athanasius Schneider sobre o assunto.

O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 907 diz: "Os fiéis, segundo a ciência, a competência e a proeminência de que desfrutam, têm o direito e mesmo por vezes o dever, de manifestar aos sagrados pastores a sua opinião acerca das coisas atinentes ao bem da Igreja e de a exporem aos restantes fiéis, salva a integridade da fé e dos costumes, a reverência devida aos pastores, e tendo em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas" (glifos nossos)

LEIA estas SUGESTÕES que poderiam ser sugeridas aos seus Bispos:

1) Que o Sacerdote (que é o único Ministro Ordinário da Eucaristia) e que os 'Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão' (que são os leigos que no Rito Novo receberam - para condições especiais - a autorização para distribuir a Sagrada Comunhão) lavem bem as mãos e passem o álcool nas mãos antes da Celebração, ou antes de distribuir a Sagrada Comunhão;

2) Que a Comunhão seja distribuída na boca, assim, somente uma pessoa tocará na Partícula Consagrada; e se acharem necessário, "um acólito ou coroinha deve portar, ao lado do ministro que dá a comunhão, um recipiente com álcool em gel, para o ministro limpar os dedos, caso toque na boca ou língua de algum fiel, antes de dar a comunhão ao próximo comungante. Depois, esse recipiente deverá ser purificado e o álcool remanescente lançado na piscina da sacristia."

OU

Uma outra alternativa é fazer filas separadas:
  • filas para quem quer comungar somente na boca,
  • filas para quem quer comungar somente na mão.
Assim, ninguém seria obrigado a comungar da maneira que não quer, e cada um seguiria a sua consciência e assumiria a responsabilidade. É claro que esta opção de fazer 2 tipos de fila, não é a melhor opção, pois nesse caso, continuaria tendo a Comunhão nas Mãos; mas ao menos os católicos que tem consciência da necessidade de comungar somente na boca, não seriam privados, nem impedidos de fazê-lo!

3) Que utilizem partículas maiores para a Comunhão dos fiéis;

4) Que orientem os fiéis a maneira correta de se comungar na boca: "ter a cabeça ligeiramente voltada para cima, colocando a língua sobre o lábio inferior, e não fazendo nenhum movimento com a cabeça em direção ao Ministro, visto que é ele que faz o movimento ao nos dar a comunhão."


* * *
Sabemos que a recente forma de dar a 'Comunhão nas mãos', surgiu por um ato de desobediência (veja artigo sobre isso aqui), que depois, acabou perdendo o controle. E algo que foi (infelizmente) concedido por exceção, tornou-se 'comum'.

Não podemos aceitar que um erro, só pelo motivo de que tem sido repetido por muitos, e por muito tempo, agora seria o certo. Claro que não!

Entenda! Muitos que são a favor da 'Comunhão nas mãos', gostam de citar São Cirilo de Jerusalém (ano 350) e outros escritores, para afirmar que nos primórdios da Santa Igreja a Comunhão Eucarística era distribuída na mão dos fiéis; pois existe escritos registrando esta prática.

Mas, o que ocorre é o seguinte: embora é verdade que esta prática ocorreu em alguns lugares a partir da metade do segundo século, até o terceiro século; provavelmente no Tempo Apostólico a comunhão era recebida na boca. E os Documentos mais antigos, como a própria Sagrada Escritura e o Didaqué não mencionam a Comunhão na mão! Mas, se voltarmos ao Antigo Testamento, vemos que nem a Arca da Aliança podia ser tocada pelas pessoas comuns, mas somente pelos Levitas, que eram os Consagrados (cf. I Cro 15,2), e quem a tocasse, morreria (II Sam 6,6-7). Ora, a Arca é apenas um símbolo da presença de Deus entre o povo, mas a Eucaristia é o próprio Corpo de Deus!

E mesmo que esta prática tenha existido em alguns locais, e durante algum período de tempo, não significa que era o correto; nem mesmo se São Cirilo de Jerusalém, ou outro santo, fosse a favor.

Um bom exemplo disso - para fazer um paralelo - é a crença na Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Um dos maiores santos da Igreja, Santo Tomás de Aquino, não acreditava que a Santíssima Virgem tinha nascido sem pecado, e nem por isso a opinião dele era correta, mesmo ele sendo o "Santo Tomás".

Ele viveu antes da proclamação do Dogma; com certeza se ele tivesse vivido na época da proclamação do Dogma, teria cedido à opinião da Igreja.

Assim, não é porque existe um ou outro Santo que fez ou falou algo, que isso é correto; o que vale é o que o Magistério da Santa Igreja afirma!

Só a título de esclarecimento: o Dogma não é uma proclamação de algo 'que se deve crer a partir daquele momento', mas é uma proclamação que afirma (para que a partir de então, ninguém mais conteste) a fé que a igreja sempre teve em relação a tal ponto da Doutrina, mesmo que isto tenha chegado à maturidade da compreensão só depois de algum tempo!

Assim, a Santa Igreja, como Mãe zelosa, teve que dar um basta nos abusos da 'Comunhão na Mão' que existiu neste período entre o segundo e o terceiro século (pois ocorriam muitos abusos, como: de se levar a Eucaristia para casa, usar como amuleto, passar em partes enfermas do corpo, etc.) e passou a determinar que se recebesse apenas na boca e de joelhos.

E essas determinações explícitas vemos desde:
  • o ano 380, com o 1º Concílio de Zaragoza (Saragoça);
  • confirmado pelo Sínodo de Toledo (ano 400);
  • passando ainda pelo 6º Concílio de Constantinopla (ano 681),
  • pelo Concílio de Córdoba (839),
  • até chegar no Concílio de Rouen (de 878), que afirmou: "Nas mãos de nenhum leigo, homem ou mulher, a Eucaristia deve ser colocada, mas apenas na boca."
Todos estes Concílios afirmaram a proibição da Comunhão nas mãos, barrando todos os desrespeitos que aconteciam em alguns lugares até então.

Interessante que na recente Instrução "Redemptionis Sacramentum" vemos claramente duas situações:
- não se pode proibir a Comunhão na boca.
- mas pode-se proibir a Comunhão na mão em alguns casos.

“Dos documentos da Santa Sé depreende-se claramente que nas dioceses em que o pão eucarístico é depositado nas mãos dos fiéis, a estes fica absolutamente garantido o direito de o receber sobre a língua. Aqueles que obrigam os comungantes a receber a santa Comunhão unicamente nas mãos como também aqueles que recusam aos fiéis a Comunhão nas mãos nas dioceses que utilizam tal indulto, procedem contrariamente às normas estabelecidas."  Veja artigo completo aqui.


Mas o que vemos hoje em dia: quem faz o que é certo, é tipo por desobediente e rebelde; e quem aceita o "politicamente correto" do Modernismo e da Teologia da Libertação, cedendo às pressões dos que abusam da autoridade, são tidos como os obedientes e fiéis.

O "respeito humano" faz com que alguns católicos - mesmo não concordando com o fato de receber a 'Comunhão na mão' - terminam por ceder às pressões, isso porque não tem a alma varonil, de forma que não tem coragem de enfrentar (com respeito e educação, claro!) uma tal situação de abuso de autoridade; e sob o pretexto de que "não podem desobedecer as ordens do Bispo", acabam comungando na mão, e permitindo outros tipos de abusos litúrgicos!

Agora, o que vemos nas últimas notícias: Missas canceladas, Vaticano fechado, Eventos de Adoração cancelados! Tudo o que o inimigo das nossas almas quer!

Será que isso não vos lembra a passagem que Jesus cita o profeta Daniel sobre a abominação da desolação? (cf. Mt 24,15).

E esta profecia do Papa Pio XII parece bem atual: “Preocupo-me com as mensagens da Virgem Santíssima à pequena Lúcia de Fátima. A insistência de Maria acerca dos perigos que ameaçam a Igreja é uma advertência divina contra o suicídio de se alterar a fé, em sua liturgia, em sua teologia e em sua alma… Ouço a minha volta inovadores que desejam desmantelar a Capela Sagrada, destruir a chama universal da Igreja, rejeitar seus ornamentos e fazê-la sentir remorso por sua história passada… “Dia virá em que o mundo civilizado negará seu Deus, em que a Igreja duvidará como o fez Pedro. Ela será tentada a acreditar que o homem se tornou Deus. Em nossas igrejas, cristãos procurarão em vão pela luz vermelha de onde Deus os espera. Como Maria Madalena, em prantos no sepulcro vazio, eles perguntarão: ‘Aonde eles O levaram?’”

Concluindo: Os fiéis que tem conhecimento de que o correto é receber a Comunhão somente na boca, de modo algum, devem entrar em conflito ou brigar, mas ao mesmo tempo não podem ceder. O que fazer então? 

  • Primeiro, procurar estudar verdadeiramente a Fé Católica; ter consciência do que a Santa Igreja ensina;
  • Tentar um diálogo com o Bispo ou Padre, citando a ele as Sugestões que colocamos acima;
  • Não ceder, não aceitar comungar nas mãos. Procurar uma igreja onde se possa receber na boca;
  • Se de tudo não conseguir encontrar um local, fazer a Comunhão espiritual; acompanhada de súplicas de oração e sacrifícios, para que Deus tenha misericórdia e nos conceda a graça de mudar tal situação.
Oh! Senhor, dai-nos a têmpera dos mártires, daqueles que morreram por JESUS!


Miserere, Domine!
Miserere nobis!