1 de outubro de 2014

Francisco e a Igreja

Quando o jovem de Assis, prostrado diante do altar de São Damião, escutou a voz de Cristo no crucifixo pedindo: “Francisco, vai e restaura a minha Igreja”, pensou, inicialmente, que se tratava da restauração daquela pequena igrejinha. Mais tarde, porém, compreendeu que Deus lhe pedia algo a mais: restaurar o templo de Deus no coração dos homens!

Sua fidelidade à 'senhora pobreza', sua humilde espontaneidade no relacionamento com todos, e sua pureza e simplicidade no trato com as criaturas, fez dele um santo amado e respeitado por milhares de pessoas; desde os simples operários até os mais altos dignitários dos palácios; dos ignorantes até os intelectuais mais cultos; inclusive fora do cristianismo!

Sabe-se que em resposta àquele chamado de Deus, Francisco elevou uma belíssima oração ao Céu: “Ó Altíssimo e Glorioso Deus, iluminai as trevas do meu coração. Dai-me fé reta, esperança certa, caridade perfeita, humildade profunda, sabedoria e discernimento, para cumprir Vossa santa e verdadeira vontade.” Nesta oração, de forma simples, mas profunda, o santo pediu as três virtudes teologais para cumprir o “mandato” de Cristo. E aí está o verdadeiro cerne de seu ideal: conformar-se à vida de Cristo, humilde, obediente, pobre e casto.

No decorrer dos séculos, entretanto, os gestos e expressões do pobrezinho de Assis, foram sendo interpretados de uma forma estranha à mensagem do cristianismo. Seu desejo de paz com todos, foi direcionado para um falso ecumenismo, onde as Verdades da Fé são relativizadas, ou mesmo anuladas; seu exemplo de pobreza evangélica, para uma apologia à luta para solucionar problemas sociais; e seu respeito e amor à criação, para uma visão distorcida de proteção ao meio ambiente.

Em sua primeira homilia, o papa Francisco afirmou: “Se não confessarmos Jesus Cristo, vai dar errado. Tornar-nos-emos uma ONG sócio-caritativa, mas não a Igreja, Esposa do Senhor. [...] Quando não se confessa Jesus Cristo, confessa-se o mundanismo do diabo, o mundanismo do demônio. [...] Quando caminhamos sem a Cruz, edificamos sem a Cruz ou confessamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, somos bispos, padres, cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor”.

Assim, confessar Jesus Cristo, como São Francisco e todos os santos confessaram, é viver a Boa-nova do Evangelho; é carregar cada dia nossa cruz com fé, na simplicidade, na confiança e na caridade.

É ter a coragem e a firmeza de, no mundo de hoje, ser fiel a Deus, e obediente ao que o Sagrado Magistério interpreta e ensina conforme as Escrituras e a Tradição.

É amar a todos como filhos de um mesmo Pai Criador, sem no entanto assimilar crenças contrárias à Fé; e respeitar a criação, sem colocá-la acima do ser humano.

Que São Francisco nos ensine o verdadeiro amor por Cristo, pela Igreja, pelos homens e por toda a criação!
27 março 2013

1 de agosto de 2014

Para que o mundo creia

Durante a Última Ceia, Jesus nos revelou uma condição para que todos os povos reconhecessem n'Ele o Filho de Deus, enviado para a salvação da humanidade: “... Que todos sejam um, assim como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti, para que também eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu Me enviaste.” (Jo 17,21).

Ser “um” entre nós, e ser “um” com Deus - esta é a condição! Mas para havê-la, é preciso ter fé, é necessário o respeito, a fidelidade, e principalmente obediência. Assim afirmou o Beato João Paulo II, no dia mundial de oração pela paz em 1994: “Se nos falta a unidade, como pode o mundo acreditar?!” Como o mundo vai acreditar em Deus, se não vê em nós o sinal do Seu Amor?

Ao mês de agosto, se dá sempre o enfoque vocacional. Pede-se oração para as vocações em geral, mas em especial para a sacerdotal e religiosa. Acrescentando à estas intenções, hoje mais do que nunca se faz necessário rezar também pelos nossos pastores, ou seja, por aqueles que um dia já responderam a este chamado.

A AIS - Entidade Católica de Ajuda aos cristãos - estima que existem no mundo pelos menos 12 Bispos “detidos” em prisão domiciliar, em cadeias, ou forçados a viver na clandestinidade.

Fides - agência do Vaticano para as missões - divulgou recentemente uma lista com 33 nomes de sacerdotes e bispos prisioneiros, somente na China!

No final de junho, foi detido no norte deste país, um sacerdote que seria consagrado bispo auxiliar, e foi ordenado no lugar dele - sem a aprovação da Santa Sé - um bispo ligado à Associação Católica Patriótica Chinesa (órgão subordinado ao governo comunista, que rejeita a autoridade do Vaticano).

Em outros países, principalmente na Europa, vemos um esfriamento na fé... Sendo que a liberdade religiosa está sendo sufocada também muito perto de nós. Estamos presenciando uma sutil perseguição à Igreja Católica e uma tentativa de destruição dos valores cristãos na família e na sociedade, através dos meios de comunicação: novelas, ‘Big brothers’, ‘Fazendas’, propaganda, músicas, jogos eletrônicos, internet, etc. Mas também através de grupos políticos. No último “Programa Nacional de Direitos Humanos” (PNDH3), apresentado pelo governo brasileiro, constava como projetos a serem impostos no Brasil: o reconhecimento da prostituição como profissão; a promoção do homossexualismo; a aprovação total do aborto, até o nono mês de gestação e a retirada dos símbolos religiosos das repartições públicas... será que estas coisas já não estão acontecendo?!

Diante de tudo isto, por que o título “Para que o mundo creia”? Porque não podemos ficar inertes diante de todos estes fatos! Há muito o que fazer, mas principalmente há muito pelo qual rezar!

São Paulo já havia prevenido: “... não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra... os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares” (Ef 6, 12).

Somente através da nossa fidelidade à Deus e à Sua Igreja, de uma vida de oração e da conversão do nosso coração... que o mundo crerá em Jesus!

A justiça e a paz, tão almejadas, e tão intensamente anunciadas, não serão alcançadas de outra forma. É preciso testemunho e coerência de vida! Não existe justiça sem conversão do coração... e não existe conversão do coração, sem oração, sem busca de Deus, sem obediência a Ele e à Sua Igreja. A Igreja não deveria entrar em 'lutas sociais' para se alcançar a justiça, mas sim contribuir para a 'conversão do coração' dos seus fiéis. Quando houver conversão, então a justiça será feita naturalmente.

Conscientes de que o ateísmo fez naufragar na fé, grande número de fiéis... de que o mal e o pecado inundam cada vez mais o mundo... Prometemos mantermos unidos ao Santo Padre, à Hierarquia e aos nossos Sacerdotes, de modo a opormos uma barreira à onda de contestação do Magistério...” (1)

Voltemo-nos para Deus, busquemos a conversão do coração, e rezemos também pelos nossos governantes, pela salvação das famílias e pelos jovens vocacionados à vida consagrada, para que não tenham receio de entregar sua vida ao serviço de Deus.

Intensifiquemos nossas orações pelos sacerdotes: por aqueles que são fiéis, para que permaneçam... por aqueles que fazem tanto pela Igreja e pelo povo, mas não recebem reconhecimento... pelos que são perseguidos, para que tenham fé e fortaleza e não desanimem... pelos que têm muitos encargos... pelos que estão com a saúde emocional ou psíquica abalada... pelos idosos... pelos doentes... pelos agonizantes.

Supliquemos também a Deus, pela vocação daqueles sacerdotes que estão em perigo de cair em pecado, ou que pensam em abandonar o ministério sacerdotal, para que se mantenham firmes, e mais ainda, ofereçamos sacrifícios pelos que já caíram, ou que desprezam as normas e a hierarquia da Santa Igreja, para que voltem ao primeiro Amor!

Reunidos em torno dos nossos pastores,
nós iremos a Ti.
Professando todos uma só fé,
nós iremos a Ti.
Armados com a força que vem do Senhor,
nós iremos a Ti.
Sob o impulso do Espírito Santo,
nós iremos a Ti.
Igreja Santa, Templo do Senhor.
Glória a Ti, Igreja Santa,
ó cidade dos cristãos.
Que teus filhos hoje e sempre
Vivam todos como irmãos!...”

Assim, todos nós, sendo verdadeiras testemunhas, o mundo crerá!
(1) - Oração do Movimento Sacerdotal Mariano.


Publicado no Informativo da Comunidade Sol de Deus – Agosto 2011

1 de maio de 2014

Até quando, Senhor?

 Quantas vezes diante de fatos dolorosos em nossa vida, ou mesmo quando nos deparamos com a ação do mal no mundo, lançamos a Deus um apelo em busca de respostas que nos satisfaçam, como:



"Onde está Deus que não me ajuda?!"

"Por que Deus não impede o mal?!"

Dias atrás conheci um senhor muito simpático que, sentado no banco de uma rodoviária, desenhava - e muito bem - o Imaculado Coração de Maria. Era um grafiteiro autodidata que havia separado de sua esposa e, morando na rua, ganhava o pão de cada dia com o seu talento.

Conversando com ele, percebi que era uma pessoa que trazia dentro de si uma grande sede de Deus, da Verdade e do Bem, mas ao mesmo tempo, tinha o coração marcado pelo sofrimento, e ferido pela mágoa, angústia e indignação.

Ele fez estas mesmas perguntas a respeito do (aparente) “silêncio de Deus” em face de tantos fatos injustos que sofremos ou presenciamos.

Tentei explicar a ele que Deus criou tudo bom, mas o próprio homem, afastando-se de Deus e de Sua lei, caiu nos laços do demônio e, utilizando mal a sua liberdade, acabou causando danos a si e ao próximo. 

Mas... logo meu ônibus chegou e tive que partir. Deixei-o, pesarosa, pois ele ainda não havia se convencido que Deus não abandonou o ser humano... pois amou tanto o mundo que lhe deu seu Filho Único, Jesus Cristo, como Redentor (cf. Jo 3,16).

Fiquei a pensar em tantas pessoas que perdem a fé porque se deixam levar por tais questionamentos. 

Então, encontrei em um livro uma passagem que responde a esse paradoxo do mal.

Nele dizia que Deus não impede o mal e a ação de satanás porque,


“tendo criado os homens e os anjos livres, deixa que ajam conforme a sua natureza inteligente e livre.
No fim, Ele fará as contas e dará a cada um o que merece... A parábola do joio e do trigo é bastante clara a esse respeito: quando os servos pedem que se retire o joio, o patrão se recusa a fazê-lo e diz que será preciso esperar o tempo da colheita.
Deus não renega as suas criaturas, mesmo quando elas se comportam mal. Se impedisse a sua ação, a criatura seria julgada antes que tivesse a possibilidade de expressar-se integralmente.
Somos seres finitos, nossos dias na terra estão contados, e por isso não gostamos dessa paciência de Deus.
Temos pressa em ver o bem premiado e o mal punido. Deus espera, permitindo que o homem tenha tempo de se converter, servindo-se muitas vezes também do demônio para que o homem possa provar que é fiel a seu Senhor”
(Leite, Silvana C. - Para falar de Anjos; Loyola).

Na verdade podemos perceber que cada coração humano que grita: “Até quando, Senhor?!”, ainda não compreendeu o Mistério da Economia da Salvação. 

Isso não significa, é claro, que devemos cruzar os braços e deixar que o sofrimento, a doença, o desemprego, a injustiça, etc. progridam.

De modo algum! Devemos agir, sim, e buscar sempre o que é justo e direito, o bem, a paz, a dignidade, a verdade e a ordem; mas, jamais devemos nos revoltar por acontecimentos que “temporalmente” permanecem sem respostas.

Com certeza você conhece ou já ouviu falar de pessoas que, diante de um doloroso quadro de uma doença incurável, por exemplo, dão um belíssimo testemunho de fé e amor!

E um dos melhores modelos que temos é a Santíssima Virgem Maria que, junto à Cruz, vendo seu filho sendo torturado e morto injustamente, permaneceu de pé, revelando ao mundo que nosso sofrimento, unido ao de Cristo, torna-se corredentor (conf. Jo 19, 25 e Col 1, 24).

Interessante que aquele grafiteiro da rodoviária desenhava o Imaculado Coração de Maria. Lembrei-me de que em Fátima, Nossa Senhora afirmou: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”

Maria anunciava ali a vitória de todos que, crendo no amor de Deus, não se esmorecem diante das tribulações ou injustiças causadas direta ou indiretamente pelo pecado, pelo mal, mas com firme esperança no amor de Deus sabem que “todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.” (1Jo 5,4).

Que possamos também ser portadores desta fé, desta esperança, n'Aquele que, por nosso amor, humildemente baixou até este vale de lágrimas e nos deu uma Mãe que intercede junto a Ele por nós. 

Salvou-nos por Sua morte, e ressuscitou para nos dar a Vida... preparou-nos um lugar (conf. Jo 14, 2) onde “enxugará toda lágrima de nossos olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor” (conf. Ap 21,4). Deus é Bom!
Maio de 2012

A mais Bela de todas as mulheres

Dedicado à Maria Santíssima e às mães, o mês de maio sempre foi o mais disputado pelas noivas para casar. E algumas, mesmo sem nunca ter tido o costume de usar uma saia, gastam quase todas as economias com o 'vestido de noiva dos sonhos', sem falar no véu e do buquê!

Mas porque só na época do casamento?!

Seria porque cada mulher ainda carrega dentro de si um pouquinho daquele sonho infantil de ser princesa?

Provavelmente não, pois, sonhos à parte, uma coisa isso revela: no mais profundo do ser de cada mulher existe um dom maravilhoso dado por Deus: a feminilidade. Ao olhar para a Mãe de Jesus, vemos o exemplo de todos os estados de vida que uma mulher possa ter: virgem, consagrada, esposa, mãe e até viúva. Assim, Maria é modelo para todas as mulheres, independente do tipo de vocação que essa possa ter.

Ei! Um recadinho aos homens que estão pensando em parar de ler: este artigo não é só para mulheres, não! Podem continuar lendo, pois, contemplar a beleza de Maria, é vislumbrar o maravilhoso Plano de amor de Deus, não somente para as mulheres, mas também para os homens!

Jesus é o mais belo dos filhos dos homens, certo? E Maria Santíssima é a mais bela das mulheres! (cf. Cant 1, 15-16). Essa beleza não é só física, mas principalmente espiritual! N'Ela, Deus Pai colocou toda a plenitude da Graça. Vemos no Evangelho de Lucas, que o Anjo Gabriel não chama Maria pelo nome, mas dá-lhe outro nome: "Cheia de Graça" (cf. Lc 1, 28). Assim, Ela é plena de dons, virtudes e graças, mais que qualquer outra criatura poderia ser... e assim, seguindo os impulsos do Espírito Santo, Ela saiu de si mesma para se doar, e se tornou Fonte de graças para nós! Um exemplo: Logo que Ela se tornou Mãe de Deus, não ficou cheia de vaidade pensando em si mesma, mas partiu 'às pressas' para servir Isabel, sua prima; e apenas Isabel ouviu a sua saudação, ficou cheia do Espírito Santo, e João Batista foi santificado no seu seio.

São Boaventura dizia: "Saudemos Maria com a 'Ave-Maria', e Ela nos saúda com graças!" Basta lhe pedir que Ela dá generosamente, pois, como disse outro santo: "se Ela foi o meio que Deus quis usar para nos dar a maior Graça que se possa existir - que é Seu próprio Filho Encarnado - como Ele não nos daria, também por Ela, todas as outras graças?", por isso Ela é a Medianeira de todas as graças. Assim, não é difícil para Ela 'interceder e mediar' para nós, muitas graças, da parte de Deus, já que a maior Graça, que é Jesus, ela já foi medianeira. Assim, também é possível ela nos alcançar a graça de contemplar e entender sua beleza: a pureza e humildade de coração, pelo qual se poderá ver a Deus eternamente (Mt 5, 8).

Mas hoje, as pessoas perderam o conceito de verdadeira beleza, e entregam-se às vaidades do mundo, e ao pecado da sensualidade, às modas provocantes, com o intuito de chamar a atenção dos outros para si. As mulheres, que deveriam, mais do que nunca, procurar ser o reflexo da beleza e pureza de Maria, se deixaram novamente enganar pela serpente, e passaram a ser instrumentos de pecado para os homens. "Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração". (Mt 5,28).

Para melhor exemplificar, coloco aqui o testemunho de uma mulher: "Enquanto usei roupas provocantes, achando que estava 'arrasando', e que tinha mais é que mostrar a beleza do meu corpo, os homens passavam por mim e mexiam comigo. Cheguei a ouvir desde elogios até palavras obscenas... mas mesmo os elogios eram maliciosos! Eu mesma pensava que gostava disso, mas hoje percebo que havia em mim uma grande carência de ser notada, de ser valorizada e amada! Não entendia que estava me desvalorizando! (...) Um dia, saí na rua com uma calça jeans muito apertada, e um rapaz passou por mim e tocou em minha parte íntima. Foi muito rápido! Olhei para trás, e ele também olhou, mas me olhou com um olhar malicioso e demoníaco. Fiquei com muito medo, pois percebi aí uma ação do demônio, e me senti violentada, mesmo ser ter sido. (...) Então, comecei a perceber o significado e o valor do pudor (...). Agora, não uso mais roupas que revelam o formato do meu corpo, curtas, decotadas, transparentes ou mesmo sem mangas, mas apenas saia, vestido, roupas decente e femininas; e não sou mais olhada como um objeto de prazer, mas como uma pessoa, uma mulher! Também, desde que conheci o valor e a beleza de usar o véu na Igreja, passei a usá-lo, mesmo sabendo que não é mais obrigatório. Procuro ter sempre um corte de cabelo feminino, e não deixar a vaidade me cegar, pois a mulher tem muita vaidade com o corpo e os cabelos, e este último também chama a atenção dos homens. A respeito disso, li certa vez: "é o Corpo de Cristo que deve ser visto na Igreja, não o seu", e outra frase: "Se o véu não é mais obrigatório, a roupa ainda é!" Mas até dentro das igrejas se vê hoje roupa indecente, não só nas filhas, mas também nas mães! Que triste! (...) Desde que passei a usar roupas decentes, os homens me tratam com muito mais respeito, educação e cavalheirismo. Já não sinto falta de calça jeans, acostumei! Me sinto muito mais à vontade de vestido ou saia, muito mais feminina, e me sinto mal só de pensar em usar novamente uma roupa provocante ou sensual, sabendo que foi por pecados assim que Jesus foi flagelado. Quero a cada dia valorizar-me com aquilo que é próprio do meu ser: aprender a ser mais feminina como Maria." (Testemunho de E.M.T. - 1994)

Em 1917, Nossa Senhora havia revelado à Jacinta, pequena pastorinha de Fátima:"Virão umas modas que ofenderão muito a Nosso Senhor. Quem segue a Deus não deve andar com as modas. A Igreja não tem modas. Nosso Senhor é sempre o mesmo!"

Quão fortes são estas palavras de Maria, que não deixou de pedir a modéstia à uma criança de 7 anos de idade! Mas além disso, Nossa Senhora profetizou uma época em que haveriam modas indecentes, que não seriam aprovadas nem por Ela, nem por Deus! E este tempo chegou! Infelizmente, estas modas se tornaram tão comuns em nossa sociedade que, como diz esta mulher do testemunho, mesmo dentro das igrejas, as mulheres, e até os homens, acham normal entrar de shorts, mini-saias, roupas decotadas, curtas, justas ou transparente! Grande parte das Cerimônias de Casamentos se transformaram em um verdadeiro desfile de modas, e moda indecente! Verdadeira profanação do Sacramento do Matrimônio! E para defender isto vale tudo, desde a desculpa do 'calor' até a de que 'todo mundo usa'! Mas entre os cristãos, filhos de Deus, não deve ser assim. No Gênesis, vemos que quando Adão e Eva perceberam que estavam nus, cobriram-se na cintura com folhas de figueira, mas Deus não achou isto suficiente, e fez para eles túnicas de peles de animais, e os vestiu (cf. Gn 3, 7.21).

Jesus disse: "Ouviste o que foi dito aos antigos: "Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração" (Mt 5, 27-28); e São Paulo afirmou: "os adúlteros não hão de possuir o Reino de Deus". (I Cor 6, 9-10; ver tbm: Hb 13, 4 e Tg 4, 4). Isto é bem claro! Mas porque tentam alterar e adaptar a Palavra de Deus aos moldes do mundo pagão?! Ele é "sempre o mesmo, ontem, hoje e sempre!" (Hb 13, 8). Mas como hoje deve ser difícil aos homens manterem a mente e o coração castos! E isso não significa que eles sejam todos maliciosos e fiquem pensando em coisas indecentes o tempo todo! Claro que não! Mas é que eles são homens, são seres humanos... e as mulheres estão usando roupas muito indecentes!

Outro ponto, também de vital importância, é a presença da mãe em casa, na educação dos filhos. Mas em meio ao mundo moderno, em que as mães trabalham fora para ajudar na renda da casa, quantas crianças são colocadas, bem cedo, em creches e escolas, ou educadas por babás, e consequentemente, nutridas por programas de televisão e jogos de computador ou tablet, sem nenhuma referência dos valores cristãos, do que é certo e errado! Depois, quando se tornam adolescentes e jovens rebeldes, nas drogas ou prostituição, ou até nem isto, mas simplesmente mal educados, os pais ficam surpresos, dizendo: "Fiz tudo para meu filho, não sei porquê ele ficou assim?!" Quanta falta de sabedoria! Hoje em dia até os pais são imaturos e despreparados para criar seus filhos!

Ah! Que bom seria se, ao menos ao chegar em casa do trabalho, em vez de ligarem a televisão nas novelas e programas fúteis, os pais se reunissem com seus filhos para lerem a Bíblia ou rezarem o Terço, desde pequeninos, para que ele também acostumassem! Mas é mais atrativo e menos comprometedor, gastar horas e horas em novelas, facebook's e 'whatsapp's, do que reunir a família para estar com Deus!... porque assim, os pais também teriam que mudar seu comportamente, tantas vezes errado! Hum! Isso é duro de ouvir?! Certamente! Mas só para aqueles que já se deixaram contaminar pelo pensamento do mundo... Entretanto, Jesus afirmou que aqueles que são de Deus não são do mundo, por isso o mundo os odeia (cf. Jo 17, 11-16). "Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai". (I Jo 2,15). "Ai do mundo por causa dos escândalos!... Ai dos homens que os causa!" (Mt 18, 7).

E se esta linguagem é dura de ouvir e viver, comprova-se que será cada vez mais difícil aos cristãos serem autênticos, se não tiverem a coragem de romper com as ideologias que, sorrateiramente estão sendo impostas através de organizações mundiais, de governos, de novelas e certos programas, filmes, músicas, danças, revistas, etc... e que, invadindo os lares, estão destruindo as famílias e confundindo os seres humanos na sua identidade mais básica e óbvia: de ver a clara diferença entre homem e mulher.

Jamais esqueçamos que, depois de ter criado todas as coisas, e por fim, o homem e a mulher, "Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom" (Gn 1, 27.31).

Mas o que tudo isto tem a ver com a contemplação da beleza de Maria? É que a mais bela das mulheres era feminina, e cumpria o seu papel de mulher, de esposa e mãe na sociedade, em sua casa e no Templo. E foi Ela que Deus escolheu, como a um Paraíso, para vir morar entre os homens, para tomá-los por filhos e alcançar do Coração de Jesus todas as graças. Aquela que "todas as gerações proclamarão bem-aventurada" (cf. Lc 1, 42.48).

Contemplar é meditar profundamente sobre um assunto. Assim, aprender a contemplar a beleza de Maria, ajuda-nos a viver o Plano de Amor de Deus sobre o homem e a mulher. Qual é esse plano? Que Deus os criou como homem e mulher para se completarem, se amarem, se ajudarem, cada um cumprindo o seu papel, distinto sim, mas igualmente digno e belo; sem competir um com o outro, nem querer se mostrar superior um ao outro, mas, para se ajudarem mutuamente. Desta maneira eles irão se realizar integralmente como pessoas, dentro do Plano de Deus, e ser felizes!

Devemos, aqui na terra, contemplar a beleza de Maria, para compreender e viver tudo isso. E, compreender e viver tudo isso, para um dia contemplar, não só, face a face, a beleza de Maria no Céu, mas face a Face, o próprio Deus.

Parte deste artigo foi publicado no Informativo da "Comunidade Sol de Deus", de maio de 2014.


1 de março de 2014

Ele também foi um 'Escolhido'

 “A devoção a São José na Igreja Católica é antiqüíssima. Nada sabemos a respeito da infância de São José, tampouco da vida que levou até o casamento com Maria Santíssima. Os santos Evangelhos não nos dizem coisa alguma a respeito; limitam-se apenas a afirmar que José era justo (1), mas é exatamente o silêncio das Escrituras a respeito dele, e o único qualificativo que lhe diz respeito ‘era um homem justo’ (Mt 1, 19), que nos revela o verdadeiro ‘tratado de dignidade e santidade’ deste Glorioso Santo.

O conceito de justo ao qual a Bíblia se refere é: “aquele que tem o coração puro e reto nas suas intenções, que em sua conduta observa todas as coisas prescritas a respeito de DEUS, o próximo e de si mesmo(2) , o que quer dizer: José não era somente cumpridor da lei civil, mas um homem santo, sem pecado. “Que a virtude e santidade de São José foram extraordinárias, vemos pela grande missão que DEUS lhe confiou. Segundo a Doutrina de Santo Tomás, DEUS confere as graças e privilégios à medida da dignidade e da elevação do estado a que destina o indivíduo”(1).


De fato, quão grandes virtudes deveria ter aquele que, entre tantos outros, foi o ‘escolhido’, ao qual foram confiados as maiores preciosidades de DEUS, a saber: A Santíssima Virgem Maria e seu Filho JESUS! Quem poderia ter merecido mais alto encargo: ser esposo da Imaculada Mãe de DEUS e pai nutrício do Filho Eterno do PAI e próprio DEUS encarnado?!

Mas, longe de se gabar orgulhosamente disso, ele considerava-se o último. Tanto em Nazaré como em Belém, vemo-lo simples, trabalhando na madeira, ou em algum outro serviço humilde. Talvez, por seu espírito manso, tenha sido muitas vezes injustiçado pelos que não lhe queriam pagar o devido preço do serviço prestado; mas ele não se revoltava, tentava sempre entrar em acordo, fazendo sempre o bem de sua parte, pois sabia em Quem confiar: nAquele que era sua Esperança e Fortaleza!

Toda sua vida, a passou abismado na contemplação da Misericórdia de DEUS que o escolheu. Quantas vezes não deve ter perguntado a si mesmo: ‘Mas por que a mim e não outro? Quem sou eu para ter recebido este encargo Divino do qual não sou digno?’ Seu Coração Castíssimo estava sempre mergulhado e inflamado de amor, no silêncio dos humildes, na gratidão dos agraciados. Pode-se dizer que nasceu para servir. Seus dias foram consumidos em uma completa dedicação a JESUS e a Maria. Não existiu, nem existirá santo mais devoto e fiel a JESUS e Maria que São José, que tenha mais perfeitamente penetrado no tesouro escondido dos dois Sacratíssimos Corações, e que por isso mesmo, com mais poderoso auxílio, nos pode levar até Eles.

José (Youssef, em hebraico) quer dizer: ‘DEUS acrescentará’. Assim, “na vida dos que cumprem a vontade divina, DEUS acrescenta dimensões inesperadas, ou seja, na vida santa de São José, DEUS acrescentou a vida da Virgem Maria e de JESUS(2). Se nós também formos fiéis àquilo que DEUS nos pede e confia, Ele acrescentará à nossa vida muitas graças e bênçãos.

Santa Teresa d’Ávila, dizia: “Tomei a São José por meu advogado e protetor e não me lembro de ter-lhe pedido algo que não me atendesse. É de pasmar a enormidade de graças que Deus me tem concedido por sua intercessão e o número de perigos da alma e do corpo de que tem me livrado. Quisera persuadir o mundo inteiro a ser devoto deste Glorioso Santo pela grande experiência que tenho dos bens que ele concede. Contento-me, porém, em pedir, pelo amor de Deus, que o experimente quem nele crer e verá por si mesmo, que imensos bens é recomendar-se o cristão ao glorioso Patriarca e ser seu devoto”.

Bem no meio do Tempo Quaresmal, DEUS permitiu que celebrássemos a Solenidade de São José!(3) E isto, não em vão, mas para que busquemos imitar o exemplo de suas virtudes: fé, humildade, pureza, silêncio, fidelidade, caridade, trabalho e honestidade; e ainda, que confiemos em sua proteção e intercessão junto a JESUS e Maria.

Glorioso São José, Casto Esposo e Guardião da Virgem Mãe de Deus; Pai Nutrício, Educador e Protetor do Filho de Deus; Chefe da Sagrada Família; Modelo dos operários; Sustentáculo e Honra das famílias; Esperança dos doentes e Alívio dos agonizantes; Terror dos demônios; Protetor das virgens; Protetor da Santa Igreja - rogai por nós!
___________________________________________
(1) Fonte: http://dominusvobis.blogspot.com/2009/03/sao-jose-esposo-da-virgem-maria.html
(2) Do livro: Falar com DEUS - Francisco Fernàndez Carvajal - Vol. 06.
(3) 19 de março

9 de fevereiro de 2014

Doar de si sem pensar em si

Quando se fala em Quaresma, logo se lembra: tempo de fazer penitência, sacrifício, viver a caridade, buscar a mudança de vida, a conversão. Alguns pensam em ajudar mais intensamente os pobres, ou em visitar um hospital, um asilo, o presídio..., ou mesmo ficar sem fumar, beber, sem comer carne, etc.. E fazem inúmeros projetos! Mas, será que realmente isto está sendo feito da maneira certa?

É possível verificar nesta época que algumas pessoas ao se empenharem em fazer grandes sacrifícios e obras caritativas, nem percebem que suas ações não tiveram nenhum valor, nem darão fruto espiritual, simplesmente porque não passam de ato exterior, um ‘chamar a atenção para si’, o que na verdade revela um interesse próprio, pois não mudam de vida.

Pode até ser que não sejam movidas por um interesse pessoal, mas, inconscientemente, por um sentimentalismo, ou mesmo por costume, tradição – o que infelizmente não muda muita coisa.

É claro que existem também pessoas que realmente fazem grandes ou mesmo pequenas caridades e sacrifícios, e que possuem uma reta intenção em seus corações. Sendo assim, mesmo pequenos, estes atos têm um grande mérito espiritual.

Precisamos examinar se nossas atitudes dão realmente bons frutos para a vida dos nossos irmãos, e frutos de conversão para a nossa, ou se duram só um período, não proporcionando uma verdadeira mudança - pois isso é o essencial no exercício de uma caridade ou sacrifício.

Se uma boa ação não for movida pelo amor, não tem valor diante de Deus, pois a verdadeira caridade, consiste em fazer o bem ao próximo por amor a Deus e por amor ao próximo, ainda que nos custe! Então, se uma pessoa dá uma esmola, mas somente como um ato exterior, e com um interesse egoísta de tirar deste ato um proveito para si – seja de vaidade, sucesso, poder, etc. – isto não pode ser chamado de caridade, pois a verdadeira caridade não busca os próprios interesses.

Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário não tereis recompensa junto de vosso Pai que está nos céu. Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade Eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que faz a direita. Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á.” (Mt 6, 1 - 4)

Já dizia Santa Teresinha do Menino Jesus: “O mérito não consiste em fazer nem em dar muito, mas antes, em receber e amar muito”. ‘Receber’ de Deus, pois Ele é o Amor pleno, o Dom perfeito; e ‘amar muito’ como resposta a esse amor que Ele nos concedeu, assim como Cristo, que Se doou sem olhar para Sua dor, pois o que Lhe movia era o Amor“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.” (Jo 15, 13)

O problema é preocupar-se muito em fazer grandes coisas exteriores, e no entanto não se esforçar por ter uma mudança interior. É por isso que a reta intenção é o que mais agrada o Coração de Deus, pois Ele sabe que somos pequenos e pecadores, e que sem o auxílio de Sua Graça, nada conseguiremos.

Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade de nada valeria.” (I Cor 13, 3). Disso, pode-se concluir: o que adianta dar esmola se fujo do diálogo com meus pais e irmãos, ou se vivo no adultério? Que adianta fazer um sacrifício, se perco tão facilmente a paciência com os que são de casa? Foi por isso que Cristo afirmou: “Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia, e não o sacrifício.” (Mt 9, 13). No rodapé desta passagem, na Bíblia “Ave Maria”, há uma pertinente explicação: “A misericórdia é preferível aos atos exteriores do culto, principalmente se são praticados com indiferença”, pois certas atitudes podem chegar a ponto de hipocrisia.

Se São Pedro diz que “a caridade cobre uma multidão de pecados” (I Pd 4, 7), sem dúvida, isto inclui um jejum acompanhado de esmola, uma penitência, um sacrifício, mas muito mais se refere a vivência cristã, ao apelo de Cristo: “Amar o próximo como a si mesmo” (Mc 12, 33), “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amo” (Jo 15, 12).

Bom exemplo nos dá Santa Teresinha: “Ah! Compreendo, agora, que a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros e em não se admirar de suas fraquezas... Pratica-se muito a caridade prestando obséquios a quem nos é menos simpático.” Assim, procuremos viver a caridade não somente neste tempo, mas sempre! Não esquecendo que a vida sacramental (confissão e eucaristia) e a vida de oração, são o alicerce de tudo, pois só em Deus está nossa força.

Que a intenção do seu coração seja sempre, acima de tudo, fazer a vontade de Deus, por amor a Ele e ao próximo. Ó Imaculada Virgem Maria, a Senhora que foi o mais perfeito exemplo do cumprimento ao mandamento que Cristo nos deixou, ajudai-nos a viver a caridade. Amém!