Deveríamos ficar admirados ao contemplar a Cruz, vendo até que ponto chegou o Amor de Deus por nós. “Deus prova Seu Amor para conosco, em que Cristo morreu por nós.” (Rom 5, 8)
A religiosa polonesa, Santa Faustina Kowalska (25/08/1905 - 05/10/1938), que teve visões e revelações de Jesus, afirmou: "Jesus, amo-Vos mais vendo-Vos assim ferido e aniquilado, do que se Vos visse em majestade... A grande majestade atemoriza-me a mim pequenina, o nada que sou, mas as Vossas Chagas atraem-me ao Vosso Coração e falam-me do Vosso grande Amor para comigo." (Diário, 252)
Deus quis que Jesus se tornasse frágil como nós, para que nós sentíssemos mais próximos Dele, e não tivéssemos medo como Moisés; que abaixou o rosto para não ver à Deus, pois teve medo. (Ex 3, 6)
Mesmo que a Cruz nos lembre sofrimento e aparentemente sugira a derrota, ela deve juntamente com Jesus, tomar o centro de nossas vidas.
A Cruz, poderia antes, até ser sinal de loucura e escândalo (ICor 1, 22-24), mas depois que Cristo ‘quis passar’ por ela, tornou-se sinal de vida, fortaleza, esperança e salvação, tornou-se o sinal verdadeiro do amor e misericórdia de Deus.
A Cruz é a arma contra o inimigo; ele tem pavor dela; pois foi nela que Jesus venceu e derrotou o pecado. E a prova maravilhosa disto é a Ressurreição de Jesus! Jesus não foi derrotado pela Cruz, mas nela, venceu!
Repare o quanto Deus dá valor à Cruz, pois mesmo depois que Jesus Cristo ressuscitou, permaneceu Nele, somente as Santas Chagas das mãos, dos pés e do lado: Chagas que Jesus recebeu na Cruz.
Jesus quis passar por tudo isso somente por Amor à nós. Ao contemplarmos a Cruz, deve então transbordar do nosso coração os mais vivos sentimentos de gratidão e de amor à Jesus. A Cruz deve ser para nós, alegria.
Se analisarmos bem, podemos chegar à conclusão, que não seria necessário Jesus ter feito milagres, curas, prodígios, ou mesmo ter ensinado todas as coisas que ensinou para que fossemos redimidos do pecado e salvos, tendo direito à vida eterna; bastaria Ele ser Crucificado. Ou como Santa Faustina diz em seu Diário: “Um suspiro de Cristo satisfaria a Vossa justiça; mas Vós ó Jesus, empreendestes uma tão terrível paixão por nós unicamente por amor.” (Diário, 1747)
Deus poderia ter escolhido qualquer homem para isso: (milagres, curas, prodígios e ensinamentos). O que fizeram os profetas, os homens do Antigo Testamento? Também eles não curaram? Por meio deles não ocorreram prodígios? Não se pregou sábias palavras?!! Ora, está claro que isso não vinha deles, mas unicamente de Deus, que lhes dava tal poder e sabedoria. Mas somente uma coisa não poderia ser substituída: a morte de Cruz de Nosso Senhor!
Mesmo que outros homens tenham sido crucificados, eles não sofreram o mesmo que Jesus. E o maior sofrimento que um homem pudesse ter, não se assemelharia nunca ao de Jesus (pois Ele encarnou o sofrimento de toda a humanidade), nem serviria para nossa salvação, pois não teria o Valor do sacrifício de Jesus (que é infinito, sendo Ele Deus).
Não seria por causa do mesmo Amor (Amor este que é Eterno e Verdadeiro). Não seria pela mesma Misericórdia (Misericórdia que é sem medida).
E muito menos, não seria por todos, incluindo até os inimigos, (pois Jesus morreu por TODOS, inclusive pelos que O crucificaram e por todos os pecadores de ontem, de hoje, e de sempre).
Quem perdoaria todos como Jesus e ainda se ofereceria para morrer por eles, pagando seus pecados?!! (Ver Lc 23, 34)
Então digamos: Glórias e Louvores à Deus, por Cristo crucificado, nosso Redentor. Bendito seja Deus pela Cruz de Cristo, sinal de nossa salvação. E ainda mais: Aleluia! Porque Jesus quis sofrer por nós, Ele não quis apenas um suspiro, mas quis passar pelos maiores sofrimentos, para nos salvar. E além de querer ser crucificado, Jesus quis fazer, Ele mesmo: milagres, curas, prodígios; e ensinar-nos com Suas Palavras de Vida Eterna (Jo 6, 68); para assim estar mais perto de nós; viver a nossa vida, experimentar nossos sofrimentos e necessidades; tudo isso Jesus experimentou, menos o pecado. (II Cor 5, 21).
A vida não é só alegria e gozo, pois nós somos pecadores! Não basta Jesus ter morrido por nós e ter passado pelo Caminho da Cruz para nos salvar, se nós (que somos pecadores e merecemos sofrer; o que Ele não merecia) não quisermos aceitar, conviver e amar esta Cruz; e aceitar e crer em Jesus assim: Aquele que morreu crucificado... mas Ressuscitou! Assim se revela a Misericórdia de Deus!
Essa vida é muito curta e cheia de tribulações. E isso não é de se estranhar, pois aqui na terra estamos todos como que ‘exilados num vale de lágrimas’. O nosso verdadeiro lar, nossa verdadeira pátria é o Céu. Fomos criados para a eternidade! E nossa família, não são cinco, seis, sete pessoas, mas todos os filhos de Deus!
O que seriam as cruzes desta vida? Poderia se dizer: sofrimento, doença, morte, injúria, incompreensão, injustiça, falta de amor, de paciência dos outros... e por aí vai.
Devemos procurar desapegar-nos completamente de nossas vontades, necessidades e até de nós mesmos e abandonarmo-nos inteiramente à Vontade e Providência de Deus. Sentiremos então a Verdadeira Paz e Felicidade, não paz e felicidade do mundo, mas de Deus; que se sente na alma. Ganharemos uma força capaz de suportar tudo, sem nos abalar e desanimar, pois nosso suporte, descanso, paz e alegria será o próprio Deus.
Então, almejemos a eternidade ao lado de Deus! Mas é lógico, que não podemos viver apenas sonhando com o Céu, sem olharmos a dura realidade ao nosso redor, portanto; pés firmes no chão, caminhando na nossa ‘Via Crucis de cada dia’. Mãos para servir aos irmãos; cabeça para criar soluções para os problemas; boca para anunciar a Verdade à todos; e coração voltado para Deus, em união com Ele, aprendendo Dele a amar verdadeiramente todos os irmãos.
Enquanto estamos nesta vida, suportemos as cruzes e amemos a Cruz de Cristo, para gozarmos da Eterna Felicidade: aquela sem mistura de tristeza.
Existe uma música do ‘Pe. Antônio Maria’ assim: “...não há cruz sem Cristo, nem Cristo sem cruz...” Portanto, nunca estaremos sozinhos ao carregar nossa cruz, Jesus estará sempre conosco nos ajudando a levá-la, pois onde há cruz, há Cristo; mas não devemos esquecer que onde há Cristo, há cruz.
Ao Tomé perguntar a Jesus, qual era o caminho para a salvação, Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho...”, disse também: “Vós conheceis o caminho para onde Eu vou.” (Jo 14,4-6).
Qual foi o caminho por onde Jesus passou? Devemos seguir as pegadas de nosso Pai! Não há outro caminho mais seguro que não seja o Caminho da Cruz: o caminho do Calvário, por onde Jesus passou. (Ver Imitação de Cristo; livro 2, cap. 12, 3).
Mas não se entristeça, este caminho não termina no Calvário; lá é o nascimento para a VIDA. Santa Teresinha do Menino Jesus, quando estava prestes a morrer, escreveu uma carta a um sacerdote amigo, o Pe. Maurício Bellière, que dizia: “Irei em breve, oferecer o vosso amor a todos os vossos amigos do Céu... Gostaria de dizer-vos mil coisas que compreendo estando às portas da eternidade, mas não morro, entro na Vida... até breve, até logo no Céu!”
Na eternidade poderemos então contemplar Cristo Glorioso, quem sem dúvida terá nas mãos Sua Cruz: o sinal glorioso de Sua Vitória.
Sinal este que se verá no Céu quando Cristo vier novamente. Assim diz o livro ‘Imitação de Cristo’: “O sinal da Cruz aparecerá no Céu quando o Senhor vier para julgar. Então todos os servos da Cruz, que durante a vida se conformaram com o crucificado, se aproximarão com grande confiança de Cristo juiz.” (Imitação de Cristo; livro 2, cap. 12, 1).
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Santa Teresinha disse: “Agradeço-Vos, ó meu Deus todas graças que me concedestes, de modo particular a de me terdes feito passar pelo cadinho do sofrimento. É com alegria que Vos contemplarei no último dia, a empunhar o Cetro da Cruz...”
Foi através do sacrifício da Cruz, que Cristo nos deu a Vida; foi pelo caminho do desprezo, incompreensão, abandono e sofrimento que Ele quis passar.
Nesta vida, o amor e a consolação não podem se separar do sofrimento. Santa Faustina Kowalska disse: “Conheci que cada alma gostaria de ter consolos divinos, mas de forma alguma quer abandonar os consolos humanos. Só que essas duas coisas, de forma alguma, podem ser conciliadas.” (Diário, 1443)
Não nos deixemos enganar pela aparência triste da Cruz, nem pelos espinhos do Caminho da Cruz, pois a rosa que encontraremos no final é doce, suave, bela e perfumada: a presença e o Amor de Deus. "Fora da Cruz não existe outra escada por onde subir ao Céu." (Santa Rosa de Lima)
A presença e o Amor de Deus, é a recompensa que vale todo sofrimento suportado, vale toda a Cruz aceita por amor a Deus, e vale até mais que isso, ou melhor, não tem valor que se pague à pois tem valor infinito!
Devemos então oferecer com nossa vida, Jesus crucificado, Ele tem o Valor Infinito, é o único preço que pode ser pago e que vale a Eterna Salvação. Amém!
* Por R. Maria - 14 agosto de 1998
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