2 de novembro de 2016

Creio na Comunhão dos santos... na Ressurreição da carne e na vida eterna!

A Igreja dedica o mês de novembro às almas, iniciando com a “Solenidade de Todos os Santos” no dia 1º e comemorando no dia 2 os fiéis falecidos. Quando o dia 1º ocorre durante a semana, a celebração é transferida para o próximo domingo, facilitando assim às pessoas a participação na Santa Missa. Já o chamado “Finados” é sempre celebrado no dia 2, pois também é um feriado civil.


É muito significativo que estas duas celebrações estejam próximas, pois são intimamente ligadas entre si no que se refere à “comunhão dos santos”; e juntas remetem a um tema de suma importância da nossa fé: a ressurreição e a vida eterna.


Sabe-se que desde os tempos apostólicos, a Igreja sempre ofereceu orações - principalmente a Santa Missa - em sufrágio pelos falecidos, ou pediu a intercessão daqueles já considerados santos, pois cremos que “a Igreja do Céu, a Igreja da Terra e a Igreja do Purgatório estão misteriosamente unidas” (B. João Paulo II - Reconciliatio et poenitentia, 12) formando em Cristo uma única Igreja.


Crer que “todos os crentes formam um só Corpo em Cristo (Rm 12, 5), e que o bem de uns é comunicado aos outros” (Sto. Tomás) faz parte da fé e confiança que devemos ter na força da oração do próprio Cristo: “que todos sejam um, assim como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti, para que também eles estejam em Nós... quero que, onde Eu estou, estejam comigo aqueles que Me deste, para que vejam a Minha glória que Me concedeste” (Jo 17, 21.24).


A adesão a Jesus pela fé, nos garante que, através da comunhão com Ele - que é a Cabeça do Corpo Místico da Igreja - alcançaremos também aquilo que Ele conquistou para nós: a ressurreição e a vida eterna! E é esta nossa fé que nos difere de diversas expressões religiosas.


A crença na ressurreição engloba o que há de mais intrínseco em nossa fé: é impossível se dizer cristão quem nega a ressurreição, favorecendo uma doutrina oposta. A esse respeito lê-se na Palavra de Deus: “A passagem de uma sombra: eis a nossa vida, e nenhum reinício é possível uma vez chegado o fim, porque o selo lhe é aposto e ninguém volta” (Sab 2, 5), “como está determinado que os homens morram uma só vez” (Hb 9, 27).


Jesus vincula a fé na ressurreição à Sua própria Pessoa, dizendo: “Eu Sou a Ressurreição e a Vida!” (Jo 11, 25). Ele não é um mestre de vida espiritual, ou um ser iluminado que chegou ao mais alto grau de evolução espiritual... Ele é o Filho de Deus e Deus mesmo; “sofreu livremente a morte por nós em uma submissão total e livre à vontade de Deus, Seu Pai. E por Sua morte venceu a morte, abrindo, assim, a todos os homens a possibilidade da salvação” (Cat. 1019).


São Paulo exortava: “Como podem alguns dentre vós dizer que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou! E, se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia é também a vossa fé. Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que adormeceram” (I Cor 15, 12 - 14. 20). E assim “cremos firmemente que, da mesma forma que Cristo ressuscitou verdadeiramente dos mortos e vive para sempre, assim também, depois da morte, os justos viverão para sempre com Cristo ressuscitado e que Ele os ressuscitará no último dia” (Cat. 989).


O Catecismo da Igreja Católica afirma claramente no parágrafo 1013: “A morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de graça e de misericórdia que Deus lhe oferece para realizar sua vida terrestre segundo o projeto divino e para decidir seu destino último. Quando tiver terminado o único curso de nossa vida terrestre, não voltaremos mais a outras vidas terrestres. Os homens devem morrer uma só vez (Hb 9, 27). Não existe reencarnação depois da morte”.


Assim, para nós, cristãos, é incompatível a crença de que precisamos passar por várias vidas em corpos diferentes para ir nos purificando até chegar a um grau perfeito de evolução. Ninguém se purifica a si mesmo, ou se salva por si mesmo; a santificação e a salvação “deriva da iniciativa de amor de Deus para conosco” (Cat 620), alcançado para nós por Cristo, que - por causa de nossos pecados - morreu, para nos alcançar a salvação. É claro que a salvação, sendo um Dom gratuito de Deus, não nos tira a responsabilidade, é preciso a nossa colaboração e aceitação do Projeto de Deus. Aí entra nossa liberdade de acolher a vida como um dom de Deus, e saber que cada minuto de nossa existência nesta nossa “única vida terrena” é uma escolha decisiva para a vida eterna.



Que as celebrações destes dias aumente em nós a gratidão e alegria pelo Dom da vida que Deus nos deu, e pela Graça da salvação que Cristo nos alcançou. Tenhamos a certeza de que a morte não tem a palavra final, pois Jesus afirmou: “Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6, 40).

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