31 de dezembro de 2017

A Sagrada Família e o Filho único

Não se trata aqui do polêmico assunto, sempre levantado por parte dos protestantes, se Maria permaneceu virgem ou não depois do nascimento de JESUS, até porque esta é uma dúvida deles, e não nossa, católicos; nós temos certeza, pela Sagrada Tradição, e até pela Sagrada Escritura, garantida pelo Sagrado Magistério, da Virgindade perpétua de Maria - que inclusive é um Dogma de Fé.

Mas aqui abordaremos o seguinte aspecto: Se desde a religião judaica, e também a própria moral católica incentiva que a família tenha muitos filhos, porque então, DEUS quis que a Sagrada Família tivesse apenas um filho? O fato de que Maria teve apenas um filho biológico, vai muito mais além do aspecto físico e humano. 

- Em primeiro lugar, sabemos que JESUS poderia ter "aparecido" de qualquer maneira, mesmo já adulto, sobre a Terra... mas DEUS PAI quis que ELE nascesse em uma família, para assim mostrar o valor da família! E assim como JESUS foi 'o centro e o tudo' de Maria e José, assim, Ele deve ser também o centro (o mais importante) de cada pessoa, de cada família, seja esta do tamanho que for.

Pois, apesar de que é da vontade de DEUS que a família seja numerosa (Cf. Gen 1,28; Gen 9,1.7; Sal 126,3 e Jer 29,6), não significa que um casal que só conseguiu ter um filho, ou mesmo que não conseguiu ter filhos, não seja família. Muitos casais desejariam ter muitos filhos, mas por algum motivo: saúde, acidente, etc., não puderam ter mais que um, ou nem mesmo puderam ter um; e nem por isso deixam de ser família no Coração de DEUS. Estas pessoas são chamadas a se doarem como "pais" de outra maneira, seja 'adotando' filhos diretamente, ou engajando em projetos humanitários e caritativos em suas Comunidades Paroquiais, em seu bairro, etc., e tendo muitos 'filhos espirituais'.

- Outro aspecto importante a se considerar é que quando o Anjo São Gabriel apresentou-se a Maria com a proposta de DEUS, ela já era noiva comprometida de São José, e mesmo assim ela perguntou (não duvidando, mas querendo entender): "Como se fará isso, se não conheço homem?" (Lc 1,34). Ora, se ela pretendesse viver uma vida matrimonial comum como todas as mulheres judias, poderia ter deduzido que isto se daria obviamente após a consumação normal do matrimônio! Mas sua pergunta nos revela que ela pretendia manter-se virgem, vivendo uma espécie de Consagração para DEUS - e isto, com o consentimento de São José - e queria entender como poderia acontecer isto sem ela violar este "voto" que ambos haviam feito a DEUS, de viverem como irmãos, exclusivamente para DEUS. E o fato conclusivo disto é que DEUS respeitou esta escolha deles; e Maria Santíssima foi Mãe e permaneceu Virgem!

Assim, o fato de que Nossa Senhora e São José não tiveram outros filhos, não representou de modo algum, uma atitude egoísta de um casal que não queria ter mais filhos para não ter "problemas" (como infelizmente acontece hoje em dia com muitos casais, que vêem os filhos como: noites mal dormidas + problemas + gastos + plano de saúde + escola + faculdade, etc.), mas porque eles eram chamados a serem modelos e exaltação das duas vocações: a vocação matrimonial e a vocação ao celibato e à virgindade.

- JESUS é tido como Filho Unigênito do PAI (Jo 3,16) e primogênito de Maria (Lc 2,7). Sabemos que JESUS foi "filho único" tanto do PAI Eterno, quanto de Maria Santíssima, e embora, a palavra 'unigênito' significa 'único', e 'primogênito' significa 'o primeiro', em que sentido podemos entender estas duas palavras: "Unigênito" e "Primogênito"?

Como disse antes, não questionamos aqui em nenhum momento a Virgindade de Maria, e nem vamos entrar neste assunto.

Sabemos que JESUS afirmou: "Todo aquele que faz a vontade de Meu PAI que está nos céus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe." (Mt 12,50). JESUS já deixava bem claro aqui a importância da família espiritual. Em outro lugar Ele também afirmou: "Na ressurreição, os homens não terão mulheres nem as mulheres, maridos; mas serão como os Anjos de DEUS no céu" (Mt 22,30).

Assim, se aqui na Terra, muitos consideram por família somente os parente de laços sanguíneos e adotivos, na eternidade isso será alargado e estendido a todos os bem-aventurados: seremos uma só e grande família de irmãos e irmãs, e amaremos a todos - até mesmo aqueles que nunca tínhamos visto nesta Terra - assim como amamos nossos pais e irmãos que conhecemos.


- JESUS não cresceu uma criança solitária, brincando sozinho... Aqui entra em cena os parentes e primos de JESUS, que cresceram brincando com ELE, nas ruas de Nazaré, onde após voltar do exílio do Egito, São José e Maria se instalaram. Por isso mesmo, eles eram chamados de 'irmãos de JESUS', pois conviveram com ELE em Sua infância, sob os olhares atentos e amorosos de Maria, sua prima  mais velha ou parente próxima.

- Um outro detalhe que não poderíamos deixar de falar é sobre a paternidade de São José. Ele não foi pai biológico de JESUS, mas foi 'pai adotivo', com todos os direitos e deveres civis e religiosos de pai. DEUS nos quer ensinar como Lhe agrada a adoção. Aqui também aqueles que são filhos adotivos encontram seu exemplo e consolo: JESUS também teve um pai adotivo.

- E ainda a respeito da frase que diz que JESUS é o Filho Primogênito de Maria, nos remetemos agora ao doloroso episódio da Crucificação. Lá, vemos Maria, de pé, junto da Cruz de seu Filho, e ao lado dela, o discípulo amado.

JESUS, antes de expirar deixa o Seu Testamento: "Mulher, eis o teu filho... Filho, eis a tua Mãe". E a passagem ainda nos diz que: "dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa" (Jo 19,27).

Se a Santíssima Virgem, que nasceu toda pura e sem mancha, não levou consigo a maldição do Gênesis sobre o parto com dores (Gen 3,16) quando nasceu JESUS (pois o parto de JESUS foi miraculoso, assim como a concepção), vemos algo bem diferente aos pés da Cruz. Nós, seus filhos pecadores, fomos gerados sob as lancinantes dores místicas que ela sofreu aos pés da Cruz, como profetizou Simeão (cf. Lc 2,35b).

Assim, podemos afirmar que Maria tem muitos filhos sim: nós! E que JESUS não foi filho único. Nós somos Seus irmãos, gerados em Maria, aos pés da Cruz. Pois "Jesus é o Primogênito de toda criação" (Col 1,15). O PAI Eterno mesmo que nos "predestinou para sermos conformes à imagem de Seu Filho, a fim de que ELE seja o Primogênito entre uma multidão de irmãos" (cf. Rom 8,29).

E só para ilustrar poeticamente esta última parte, queremos concluir este artigo, com o Salmo 86, que fala da nova Jerusalém, ou Sião, comparando-a com a Santíssima Virgem:

"O SENHOR ama a cidade
que fundou no Monte Santo
ama as portas de Sião
mais que as casas de Jacó.

Dizem coisas gloriosas
da Cidade do SENHOR:
Lembro o Egito e Babilônia
entre os meus veneradores.

Na Filisteia ou em Tiro, ou no país da Etiópia,
este ou aquele ali nasceu.
De Sião, porém se diz:
Nasceu nela todo homem:
DEUS é sua segurança.

DEUS anota no Seu livro,
onde inscreve os povos todos:
Foi ali que estes nasceram.
E por isso todos juntos
a cantar se alegrarão;
e, dançando, exclamarão:
'Estão em ti as nossas fontes!'"

Indicamos ainda a leitura deste excelente artigo do padre Paulo Ricardo: https://padrepauloricardo.org/blog/o-presepio-dos-egoistas

25 de dezembro de 2017

Santo e Feliz Natal

Vamos até Belém!!!

Lá veremos, entre a boa Mãe Maria e o bom pai José,
Aquele que é o Senhor do Céu e da Terra...
mas que quis descer de Sua Majestade e Se fazer pobre,
para nascer entre nós e nos salvar!




Hoje, cada Igreja é uma nova Belém,
cada Capela é uma nova Gruta,
e cada Sacrário é uma nova Manjedoura.

Natal é JESUS!
Ele nasceu para nós!
Venite adoremus!
Venite ad Eucharistiam!
Vamos adorá-Lo na Eucaristia!




Vede, Ele está de braços abertos,
e quer fazer morada
em teu coração e em tua família.



A todos os leitores assíduos,
e aos visitantes do Blog,
desejamos um Santo e Feliz Natal!
A você e à sua família!

* * *
Na imagenzinha acima, os dois corações vermelhos grandes representam Maria e José, e a ovelhinha com o pequeno coraçãozinho representa você, que foi visitar o Menino Jesus!

3 de dezembro de 2017

O Advento vivido por Maria


Como o cristão deve viver o Tempo do Advento? Que exemplo devemos tomar de Nossa Senhora? Bem, a palavra Advento (advenire - no latim) indica que "algo, ou alguém, está para chegar".

Mas no Tempo do Advento não vivemos apenas as 4 semanas de espera da chegada do Menino Jesus no Natal, mas também refletimos sobre a Sua Parusia, sua volta no 'Fim dos Tempos'. Além disso, devemos meditar no 'fim da nossa vida', que pode ser daqui há muitos anos, mas também pode ser amanhã, ou hoje mesmo...


Existem ainda outros Adventos a viver e outras Parusias a nos preparar... e estes são a cada dia, como por exemplo: a preparação que devemos fazer para receber Jesus que vai chegar até nós na Eucaristia diária... ou a cada momento em que Ele Se apresentar à nós, com Sua Cruz, ou de uma oportunidade de conversão e santificação, de uma Graça, etc.

Devemos, pois, estar sempre a postos, vigilantes, aguardando o Senhor, como o vigia que aguarda ansioso a chegada da Aurora (cf. Sal 129,6).

Mas existe uma atitude muito importante que é necessária cultivar durante este Tempo de Advento, além da oração, claro!, e que infelizmente tem se perdido: o silêncio, o recolhimento, e a sobriedade nos alimentos! Sim, porque - abrindo um pequeno parêntesis - muitos cristãos e católicos, levados pela loucura do comércio e do consumismo, esquecem que estão no Advento, tempo de preparação, e já se entregam às comilanças de panetones e doces; seria muito bom se nos controlássemos um pouco mais, e deixássemos estas coisas para o Tempo do Natal... mas isso é algo que tratarei em outra postagem do Blog.

Para a reflexão do silêncio e recolhimento, vamos pensar em Nossa Senhora. A Santíssima Virgem foi a primeira a viver o Advento. E esse tempo de espera, até o Menino Jesus nascer, não durou 4 semanas, como são as 4 semanas do Advento para nós, mas durou os 9 meses de sua gravidez.

Depois da Anunciação, Maria viveu um tempo de profundo silêncio interior e exterior, que não foi separado da 'santa ansiedade' da espera.

Sabemos que a Santíssima Virgem ficou perturbada com as palavras do Arcanjo Gabriel: "Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação" (Lc 1,29), e quis entender melhor o que deveria fazer para corresponder àquele convite de Deus: "Como se fará isso, pois não conheço homem?" (Lc 1,34). Depois da explicação de São Gabriel, Nossa Senhora apenas disse o seu 'sim': "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.", e não questionou nada. Ela aceitou e confiou.

É claro que Nossa Senhora compreendeu todas as consequências humanas, da lei judaica, que poderiam cair sobre ela, de se achar grávida antes da consumação do matrimônio com São José... ainda mais que, para os judeus, o noivado já representava um compromisso definitivo; assim, além de que seria considerada uma mulher prostituída, seria considerada adúltera, o que ocasionaria na pena de morte por apedrejamento.

Mas ela não pensou em levantar a voz para se defender ou se justificar, não contou a ninguém a Concepção Milagrosa, nem a São José... Ela teve fé o suficiente para viver tudo isso, sem se desesperar ou duvidar em um só momento na Providência de Deus... Entretanto, isso não significa que ela não sofreu toda a angústia da espera, no silêncio do seu coração!

Logo depois da Concepção milagrosa, a Escritura diz que Maria levantou-se e foi às pressas às montanhas, para socorrer Isabel, sua prima idosa que já estava no 6º mês de gestação. Quando ela chegou lá, Isabel teve a grande graça de ficar cheia do Espírito Santo, apenas com a saudação de Maria: "Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo..." (leia: Lc 1,41-45).

Assim, o primeiro ato da Santíssima Virgem no Advento, foi levar o Amor de Jesus a quem precisava, ou seja, o Espírito Santo - que é o Amor do Pai e do Filho. Foi necessária apenas uma saudação de Maria para que Isabel ficasse cheia do Espírito Santo, porque dos lábios de Maria só saiam palavras cheias de Deus... E como são as palavras que saem da nossa boca? São Paulo nos diz que da nossa boca devem sair somente palavras que vão edificar os outros (cf. Ef 4,29).

Depois das palavras de Santa Isabel, a Santíssima Virgem entoou o Magnificat, que foi uma oração dirigida toda para Deus. Assim, ela não se apropriou do elogio de sua prima, mas mergulhou ainda mais profundamente no diálogo com Deus, em uma exultante oração de Ação de Graças.

Com certeza, neste período da sua gravidez, deste Advento até o Nascimento do Menino, a Santíssima Virgem falou o mínimo possível com as pessoas, apenas o essencial... pois como seria possível que ela se distraísse com outras coisas, quando Jesus estava dentro dela?

Assim, cada vez que formos para a Santa Missa, preparemo-nos para a Celebração como num pequeno advento, pois daí uns instantes iremos receber, dentro de nós, Aquele mesmo que a Virgem Maria recebeu em seu seio no momento da Anunciação.

E quando O recebermos em comunhão, que possamos fazer um digno tempo de Ação de Graças, não só após a Santa Comunhão, mas também após a Santa Missa, permanecendo em silêncio e oração. Ocupados e entretidos com Jesus, que fica no nosso Coração com toda a Sua potência e presença real de corpo, alma e divindade, assim como ficou no ventre de Maria.

Estes dias, participei de uma formação com um sacerdote que dizia que: na hora de recebermos a Eucaristia, o sacerdote é como o Anjo Gabriel, e nós somos como Nossa Senhora, que vamos receber dentro de nós, Jesus.

Assim, na Santa Comunhão, devemos também mergulhar neste silêncio profundo de Maria no momento da Anunciação, e rezar juntamente com ela: "Ecce ancilla domini fiat mihi secundum verbum tuum." (cf. Lc 1,38).

Vários santos foram unânimes em afirmar que Jesus permanece dentro de nós, verdadeiramente, ao menos uns 15 minutos, ou enquanto durar a espécie da Hóstia consagrada em nosso organismo. Como é triste ver tantos que logo após receber Jesus, apenas o engolem, e já começam a conversar no banco da igreja, a olhar para os lados, ou pior ainda, olhar no celular!!! Quando deveriam estar recolhidos, de olhos fechados, de joelhos, se a saúde o permitir... conversando com Aquele que é o nosso único Salvador, o nosso Deus, o nosso Tudo. E um dos requisitos mais importantes para este momento é de novo o silêncio e o recolhimento.
Um outro aspecto interessante para refletir e entender a necessidade do silêncio neste Tempo Litúrgico é que, se estamos aguardando a chegado do Menino Deus, que é o Verbo Encarnado (ou seja, a Palavra Eterna do Pai) assim, o Advento deve ser tempo de silêncio também porque o Verbo, a Palavra, ainda não nasceu! E por isso, toda a criação deve permanecer em silêncio, até que o Verbo Se faça Carne: "Toda criatura esteja em silêncio diante do Senhor: ei-Lo que surge de Sua santa morada" (Zac 2,17).

Vamos enumerar brevemente agora todas as vezes que aparece, nos Evangelhos, alguma palavra da Santíssima Virgem:

1) Na Anunciação, Maria dialoga com o Anjo Gabriel. O fato de que São Lucas narra: "Entrando, o Anjo disse...", e depois: "O Anjo afastou-se dela", significa que a Santíssima Virgem estava sempre acostumada com a presença dos Santos Anjo, que naturalmente 'entravam e saiam'; até porque ela não se assustou com a presença do Anjo, mas com o conteúdo da saudação. Mas, um detalhe interessante: a palavra "afastar-se" sugere que o Anjo foi afastando-se respeitosamente, ou seja, sem virar as costas para Nossa Senhora. Deixando Nossa Senhora ali com Deus, naquele momento único e íntimo... na solidão e no silêncio.

2) Depois, a Santíssima Virgem levou Jesus (em seu ventre), até Santa Isabel e São João Batista. Lá, ela abriu seus lábios não para gloriar-se de si mesma, mas para ser portadora do Espírito Santo e para glorificar a Deus. Quantas vezes nós, ao contrário, abrimos nossa boca para gloriar-nos a nós mesmos, contanto alguma vantagem, ou para nos justificar diante de uma acusação, humilhação ou mal entendido? (Cf. Tg 3,5-9.10b). Mas "bom é esperar em silêncio o socorro do Senhor." (Lam 3,26).

3) Em Lucas 2,48, vemos novamente as palavras de Maria quando Jesus tinha 12 anos: "Quando eles O viram, ficaram admirados. E Sua Mãe disse-Lhe: Meu filho, que nos fizeste?! Eis que Teu pai e eu andávamos à Tua procura, cheios de aflição." Esse episódio demostra claramente o que consideramos acima, que, mesmo com a grande fé da qual Nossa Senhora era portadora - de saber a Providência de Deus tudo resolve - ela não ficou livre de passar por sofrimentos e aflições, e que não foi fácil para ela essa espera... mas ela a viveu tudo com fé e amor.

Mas também podemos refletir o seguinte: quando a Santíssima Virgem ficou grávida, e ainda não sabia qual seria a reação de São José, e como tudo ocorreria, o Evangelista não fala nada se ela ficou aflita... mas quando ela perde Jesus, aí sim, ele narra! O que revela que este momento da perda de Jesus talvez tenha sido bem mais difícil para ela do que foi quando ficou grávida, sob o risco de ser apedrejada; e por quê? Simples! Porque ela tinha perdido Jesus!!!

Na Anunciação, o Anjo estava presente, e desde que ela aceitou o convite de Deus, Jesus entrou em seu seio, e ela ficou unida a Ele!... Mas neste episódio, ela perde Jesus! Isto nos ensina que nosso único  temor e o único motivo de nossa aflição deve ser perder Jesus! Quando estamos com Jesus, temos muito mais força para passar por qualquer sofrimento e angústia. Assim, não devemos ter medo de sofrimentos, mas do pecado!

Depois da resposta de Jesus, Maria mergulhou novamente no silêncio, meditando tudo em seu coração: "Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração." (Lc 2,51). 

4) Enquanto, no Templo, aos 12 anos de Jesus, Maria parece querer reter Jesus quanto ao início de Sua missão, nas Bodas de Caná já ocorre o contrário, Ela vê que é chegada a hora de Jesus Se revelar. A resposta de Jesus até parece demostrar que Ele ainda quer esperar um pouco mais, mas Ele fez isso propositalmente, porque queria provocar nela uma súplica... esta súplica que fez dela a nossa intercessora junto d'Ele. Ele mesmo quis que seu primeiro milagre, e o primeiro sinal de sua messianidade, brotasse daqueles lábios puros e silenciosos, que só se abriam em momentos oportunos, com toda a sabedoria, e assim arrebatavam o Coração de Deus: "Quem ama a pureza do coração, pela graça dos seus lábios, é amigo do Rei". (Prov 22,11)

Assim, com toda a sabedoria, ela responde aos servos que obedeça o que Jesus lhes mandar fazer. Quando Maria diz aos servos: "Fazei o que Ele vos disser!" Ela de certo modo, deixou em aberto, Ela não sabia se Jesus faria ou não o milagre, mas confiou... intercedeu, aconselhou e silenciou.

E Jesus não resistindo ao pedido de Sua Mãe, inicia ali os sinais que O revelaria diante dos discípulos como o Messias: "Este foi o primeiro milagre de Jesus; realizou-o em Caná da Galiléia. Manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele." (Jo 2,11).

De fato, estas foram as últimas palavras da Santíssima Virgem registradas na Sagrada Escritura, assim constituem o seu Testamento espiritual.

É claro que a Santíssima Virgem falou muitas outras coisas durante a sua vida, e não somente o que está registrado nos Evangelhos - isso porque os Evangelistas não pretendiam escrever uma Biografia de Jesus, de sua família e dos Apóstolos - embora os Evangelhos contenham muitos dados biográficos -, mas eles queriam essencialmente anunciar a Boa Nova, a mensagem da Salvação... E as palavras colocadas ali foram cuidadosamente escolhidas, ou melhor, inspiradas pelo Espírito Santo.

Depois que Jesus morreu, Maria ficou com São João, e claro, acompanhou como Mãe sábia e silenciosa, a Igreja nascente. Foi uma Mãe sempre presente, solícita, cuidadosa e amorosa; assim, como é até hoje. Ela nunca nos abandonou! Mesmo depois de sua Assunção ao Céu, quantas vezes ela já 'desceu' à terra, para nos confortar e educar, a nós, seus filhos, através de suas inúmeras Aparições!



Cada Tempo da Igreja tem sua importância, mas a Quaresma e o Advento, como Tempos de Preparação, têm esse aspecto principal, de fazer com que levantemos nossos olhos da agitação e do barulho das coisas temporais, e os elevemos para o Céu, para o que vamos viver não durante 60, 80 ou 100 anos, mas eternamente.

Na verdade, essa deveria ser a ocupação constante do nosso pensamento: de que os segundos estão passando, e a cada momento, a cada dia, a cada Advento... Esse deveria ser o anseio constante de nossas almas: estamos mais perto da vida eterna, do nosso encontro com Deus. Que alegria! Porque as pessoas tem medo deste dia, do dia do encontro com Aquele que nos criou, que nos ama, que nos libertou do pecado, e que nos quer fazer felizes eternamente? Na vida eterna "o Senhor Deus enxugará todas as lágrimas, e não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque todas estas coisas passarão" (cf. Apoc 21,4), lá veremos maravilhas, "como está escrito: Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam". (I Cor 2,9).

E é no silêncio de cada Comunhão Eucarística,
de cada Ação de Graças bem feita,
de cada Passio Domini,
de cada momento de Adoração,
de cada momento de leitura e meditação da Bíblia,
de cada oração pessoal,
de cada olhar para uma imagem de Maria
- que nos traz Jesus e nos aponta Céu -,
que temos a oportunidade de nos desapegar do que nos prende à terra, para deixar que Deus seja tudo em nós (cf. I Cor 15,28), e nos encher com o que Ele quer; porque nós devemos desejar ser santos, santos de altares! É claro que isso não significa ter pensamentos de vaidade, mas para sermos como nosso Pai Celeste quer que sejamos (cf. Mt 5,48; I Pd 1,16). Sim! Deus deseja isto de todos os seus filhos, não só de alguns! A santidade é para todos, é para isto que nascemos, para sermos santos: Ele nos escolheu "antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, diante de seus olhos". (Ef 1,4)

A santidade poderia se resumir nisto: alcançarmos ainda nesta terra, aquela meta, aquele estado de vida e alma, que Deus sonhou para nós quando nos criou.

Que a santidade seja nosso maior objetivo nesta terra, como dizia São Domingos Sávio: "Se não for santo, não terei feito nada de importante nesta terra!... Antes morrer, do que pecar!"

Que Maria Santíssima, aquela que no silêncio e no escondimento de sua vida, soube escutar a vontade de Deus, meditá-la em seu coração e vivê-la, nos acompanhe neste caminho do Advento... de esperar e receber Jesus... na comunhão eucarística, na vida, no Natal, na vida eterna. Amen.

2 de dezembro de 2017

Advento não é Natal

Cada vez mais as pessoas, influenciadas pela onda da mídia e do comércio, estão perdendo o sentido das Festas Cristãs. Nem bem começou o mês de novembro e as lojas já começam a vender os enfeites Natalinos; assim como no mês de fevereiro e março já começam a vender produtos relacionados à Páscoa, e por aí vai...

Mas o problema não é o comércio em si, até porque hoje em dia, sabemos que a sociedade não é mais movida por valores cristãos... O problema está em que os próprios fieis católicos - ou ao menos, que se dizem católicos - se deixarem levar por esta cultura mundana.

Todos nós sabemos que o Tempo do Advento é um tempo de preparação para o Natal, de aguardar o Natal chegar, no silêncio, na oração e na sobriedade.

Não devemos "passar o carro na frente dos bois" como se diz aqui no Brasil. Ou seja, cada coisa no seu lugar e no seu tempo. Portanto: panetones, doces, guloseimas, enfeites, cantos festivos... tudo isso deve aguardar o momento certo, ou seja, para quando chegar o Natal!

Mas o que tem acontecido é justamente o contrário! No Tempo do Advento, movidos pelo comércio e pela mídia pagã, as pessoas fazem muitas compras e comilanças, fora a questão do 'Papai Noel'... porque infelizmente, hoje em dia, creio que muitas crianças acreditam que o Natal é o dia em que se comemora o 'Papai Noel' e não o "Menino JESUS" que veio para nos salvar!

E... continuando... o que tem acontecido? Quando chega o Dia do Natal, tudo fica esquecido... pois o comércio já não se importa mais, a televisão e as mídias já não falam tanto, e assim, os próprios cristãos pensam que o Natal já acabou. Mas, ao contrário, agora que o Natal começou!

O Natal não é só um dia e pronto! O Natal começa com o nascimento do Menino JESUS e ainda, este mesmo dia, é festejado durante 8 dias, a chamada "Oitava de Natal". Ou seja, durante 8 dias é como se fosse o mesmo dia, o dia do Natal. Depois, inicia-se o Tempo do Natal, que dura até a Festa do Batismo do SENHOR!

Como seria maravilhoso e educativo para nossas crianças, se durante o Tempo do Advento, fossemos enfeitando nossas casas gradualmente.

Primeiro, colocaria como enfeite na casa, somente a "Coroa do Advento" com as quatro velas: as 3 velas roxas e 1 vela rosa. Esta última, para acender no Domingo 'Gaudete'; e não colocar essas Coroas do Advento que temos visto por aí, com velas todas coloridas... sigamos as cores litúrgicas, isto é importante!

E uma bela sugestão, que vi em um Santuário aqui na minha cidade: fica muito sugestivo e bonito, colocar uma "Imagem de Nossa Senhora grávida" no centro do prato onde estiver a Coroa do Advento. E quando chegar o dia do Natal, substituir esta imagem de Nossa Senhora grávida pela imagem do Menino JESUS, sem as velas do Advento roxas, podendo trocá-las por vermelhas ou brancas, se desejar.

No Domingo 'Gaudete' poderia montar também o Presépio, colocando uma imagem de "Nossa Senhora e São José do Advento" (São José conduzindo Nossa Senhora grávida, que está sentada no burrinho), em vez de uma imagem de Nossa Senhora e São José com a manjedoura vazia, como temos visto atualmente... Essas, poderiam ficar para o dia 24. 

Assim, a cada dia poderia colocar a imagem de Nossa Senhora do Advento mais perto da casinha do Presépio, para realmente dar esta ideia de que estão caminhando até Belém... até que no dia 24 substituíssemos esta pelas imagens de Nossa Senhora e de São José ajoelhados no Presépio, mas sem o Menino JESUS. E no dia 25, colocaria a imagem do Menino JESUS.

Algo que não se deve esquecer também é a Novena de Natal. Seria muito edificante conseguir resgatar a tradição da Novena entre os membros da família ou entre os vizinhos. Poderia, juntamente com as orações, levar uma imagem de "Nossa Senhora grávida", ou uma Imagem de "Nossa Senhora e São José do Advento", ou mesmo, na falta destas, embrulhar a imagem do Menino JESUS com um pano branco bem bonito, e amarrar com um laço azul, de modo que ficasse todo escondido, representando que ainda não nasceu, mas está no ventre de Nossa Senhora.

Estes pequenos ritos são muito importantes, principalmente na atualidade em que está se confundindo e se perdendo os verdadeiros valores e a beleza dos ritos tradicionais que são tão piedosos e educativos para nossas crianças. Vamos resgatar estas coisas maravilhosas. Comece em sua casa e conte também aos seus parentes e amigos.

1 de dezembro de 2017

Os Doze Graus do Silêncio


O chamado "Doze Graus do silêncio" foi uma revelação recebida por uma Carmelita francesa do século 19, falecida em odor de santidade em 04 de maio de 1874.

Dorothée Quoniam nasceu em 14 de janeiro de 1839. Entrou para o Carmelo de Paris em 27 de agosto de 1859, recebendo posteriormente o nome de Sœur Marie-Aimée de Jésus (Irmã Maria Amada de Jesus).

Neste link você pode conhecer mais sobre a vida dela.

A vida interior poderia consistir nesta única palavra: SILÊNCIO. É o silêncio que prepara os santos. Ele os começa, continua, acaba. Deus, que é eterno, diz apenas uma Palavra: Seu Verbo. Do mesmo modo, seria desejável que todas as nossas palavras exprimissem - Jesus - direta ou indiretamente. Silêncio! Que bela palavra!

§ PRIMEIRO GRAU: Falar pouco com as criaturas e muito com Deus

Eis o primeiro passo, mas indispensável, nas vias solitárias do silêncio. Na escola do silêncio ensinam-se os elementos que dispõem à união com Deus. Aí a alma estuda essa virtude no espírito do Evangelho. Aprofunda-a no espírito da Regra que abraçou, respeitando os lugares consagrados, as pessoas, e, sobretudo, a língua... Nela, tantas vezes, repousa o Verbo ou a Palavra de Deus, o Verbo feito carne… Silêncio em relação ao mundo... silêncio sobre as notícias... silêncio com as almas mais santas... a voz dum Anjo pertubou Maria...

§ SEGUNDO GRAU: Silêncio no trabalho, silêncio nos movimentos

Silêncio no andar, no se portar. Silêncio dos olhos, dos ouvidos, da voz. Silêncio de todo o exterior, preparando a alma a unir-se a Deus. Por esses primeiros esforços, a alma merece, tanto quanto depende dela, ouvir a voz do Senhor. Como esse primeiro passo é bem recompensado! Deus atrai a alma ao deserto. Assim, nesse segundo estado, a alma afasta tudo o que possa distraí-la. Afasta-se do ruído. Foge só, para Aquele que É o Só. Ali ela saboreará as primícias da união divina e o zelo de seu Deus. É o silêncio do recolhimento ou o recolhimento no silêncio.

§ TERCEIRO GRAU: Silêncio da imaginação

Esta faculdade é a primeira que vai bater à porta fechada do jardim do Esposo: emoções estranhas, vagas impressões, tristezas… Aí no seu retiro, a alma dará ao Dileto provas de seu amor. Apresentará à imaginação, que não pode ser aniquilada, os encantos de seu Senhor, as cenas do Calvário, as perfeições de Deus, as belezas do Céu. Permanecerá então, no silêncio, serva silenciosa do Amor Divino.

§ QUARTO GRAU: Silêncio da Memória

Silêncio sobre o passado... esquecimento. É preciso saturar essa faculdade da lembrança das misericórdias de Deus. É o reconhecimento no silêncio. É o silêncio da ação de graças.

§ QUINTO GRAU: Silêncio com as criaturas

Como a nossa condição presente é cheia de miséria! A alma surpreender-se-á muitas vezes conversando interiormente com as criaturas! Até os santos lamentam-se dessa humilhação! Essa alma deve, pois, retirar-se nas profundezas mais íntimas desse lugar oculto, onde repousa a Majestade inacessível do Santo dos Santos. Então, Jesus, seu Consolador e seu Deus, se descobrirá a ela, revelar-lhe-á seus segredos e fá-la-á experimentar a bem-aventurança futura. Jesus lhe tornará insípido tudo o que não é Ele. Pouco a pouco as coisas da terra cessarão de distraí-la.

§ SEXTO GRAU: Silêncio do coração

Se a língua se cala, se os sentidos se acalmam, se a imaginação, a memória, as criaturas se calam, a solidão se faz, senão em volta, ao menos no íntimo dessa alma de esposa; haverá então pouco ruído no coração. Silêncio das afeições, das antipatias; silêncio dos desejos demasiado ardentes; silêncio dum zelo indiscreto; silêncio dum fervor exagerado, silêncio até nos suspiros!… Silêncio do amor, no que há de exaltado. Não dessa exaltação de que Deus é autor. Mas daquela produzida pela natureza. O silêncio do amor, é o amor no silêncio. É o silêncio diante de Deus. Deus, a beleza, a bondade, a perfeição. Silêncio que nada tem de forçado. Silêncio que não prejudica a ternura nem a intensidade do amor, assim como a confissão das faltas não prejudica o silêncio da humanidade. O "Fiat" não prejudicou o silêncio do Getsêmani. O "Sanctus" eterno não prejudica o silêncio dos serafins!… Um coração silencioso é um coração de virgem. É melodia para o coração de Deus. Silenciosa consome-se a lamparina diante do tabernáculo... Até o trono de Deus sobe, silenciosamente, a fumaça do incenso... Eis o silêncio do amor. Nos graus precedentes, o silêncio era ainda queixa da terra. No silêncio do amor, por causa de sua pureza, a alma começa a aprender a primeira nota do cântico sagrado, o canto do Céu.

§ SÉTIMO GRAU: Silêncio da natureza, do amor próprio

Silêncio à vista da própria corrupção e incapacidade. Silêncio da alma que se compraz em sua baixeza. Silêncio ante os louvores e a estima. Silêncio diante do desprezo, das preferências, das murmurações. Eis o silêncio da mansidão e da humildade. Silêncio da natureza ante a alegria e o prazer. A flor desabrocha em silêncio. Seu perfume louva em silêncio o Criador. Assim deve fazer a alma. Silêncio da natureza no sofrimento e na contradição. Silêncio sobre os jejuns e vigílias. Silêncio sobre o cansaço, o frio, o calor. Silêncio na saúde, na doença, na privação total. É o silêncio eloqüente da verdadeira pobreza e da penitência! Amável silêncio da morte a todo criado e humano. E o silêncio do "eu" humano perdendo-se no querer Divino. As reclamações da natureza não o perturbam, porque esse silêncio está acima da natureza.

§ OITAVO GRAU: O silêncio do espírito

Afastar os pensamentos inúteis, agradáveis, muito humanos. Só eles perturbam o silêncio do espírito. Porque o pensamento, em si mesmo, não pode deixar de existir. Nosso espírito quer a verdade. E nós lhe damos a mentira! Ora, a verdade essencial é Deus! Deus se basta. E Ele não bastaria à pobre inteligência humana?! Pensar continuamente em Deus é, certamente, impossível à fraqueza humana, salvo puro dom de sua bondade. O silêncio do espírito, em matéria de fé, é contentar-se com as obscuridades da fé. Silêncio, pois, de argumentos sutis, que enfraquecem a vontade e diminuem o amor. Silêncio na intenção: pureza, simplicidade. Silêncio nas buscas pessoais. Na meditação: silêncio da curiosidade. Na contemplação, silêncio das potências da alma, que travam a Obra de Deus. Silêncio do orgulho. Este se insinua por toda a parte e sempre, procurando subir no conceito das criaturas. Cale-se o orgulho. Far-se-á o silêncio da simplicidade, da retidão, do despojamento total. Um espírito que combate tais inimigos é semelhante aos anjos que vêem sempre a Face de Deus. Deus eleva até Si essa inteligência sempre no silêncio.

§ NONO GRAU: Silêncio do julgamento

Silêncio quanto às pessoas e às coisas. Não julgar. Não deixa transparecer sua opinião. Fazer como se não se tem opinião, isto é, ceder simplesmente, salvo se a caridade ou a prudência se opuser. É o bem-aventurado silêncio da infância espiritual. É o silêncio dos perfeitos. É o silêncio dos anjos e arcanjos, quando executam as ordens de Deus. É o silêncio do Verbo encarnado.

§ DÉCIMO GRAU: Silêncio da vontade

O silêncio ante uma ordem, o silêncio diante das santas leis da Regra, não é bastante. O Senhor tem algo de mais profundo e mais difícil a ensinar-nos: o silêncio do escravo sob os açoites do seu senhor. _ Mas, feliz escravo! Seu Senhor é Deus! É o silêncio da vítima sobre o altar. É o silêncio do cordeiro que se tosquia. É o silêncio nas trevas... Silêncio no qual nem se pede a luz… que lhe alegra. É o silêncio nas angústias do coração e nas dores da alma. É o silêncio de uma alma favorecida por Deus, que, sentindo-se repelida, não pronuncia estas palavras: "Por quê? Até quando?" É o silêncio do abandono... Silêncio ante a severidade do olhar de Deus... Silêncio sob o peso da Mão Divina. Silêncio cuja única queixa é a do amor. É o silêncio da crucifixão. É o silêncio dos mártires. É o silêncio da agonia de Jesus. Sim. Esse silêncio é o Divino Silêncio. Nada se compara à Sua Voz! Nada resiste à sua prece! Nada mais digno de Deus... essa espécie de louvor no sofrimento... "Fiat" no lugar; silêncio no trabalho da morte… Enquanto essa vontade humilde e livre, verdadeiro holocausto de amor, procura aniquilar-se para glorificar o Nome de Deus, Deus a transforma em Sua Vontade. Que falta ainda à perfeição dessa alma? Que lhe falta para a união? Que é necessário para completar sua transformação no Cristo? Expirar no ósculo do Senhor... Divina, inefável recompensa.

§ DÉCIMO PRIMEIRO GRAU: Silêncio consigo mesma

Não monologar interiormente. Não se escutar. Não se queixar, nem consolar-se. Em uma palavra: calar-se interiormente; não pensar em si; isolar-se, ficar a sós com Deus. Eis o silêncio mais difícil. É, entretanto, necessário para unir-se a Deus tão perfeitamente quanto possível a uma pobre criatura. Com a graça de Deus, ela chega freqüentemente até aí. Detém-se, contudo, nesse grau. Não o compreende. Muito menos o pratica. É o silêncio do nada, mais heroico que o silêncio da morte.

§ DÉCIMO SEGUNDO GRAU: Silêncio com Deus

No começo, Deus dizia à alma: "Fala pouco com as criaturas e muito Comigo." Agora, Ele lhe diz: "Não Me fales mais." Silêncio com Deus. Consiste em aderir a Ele; apresentar-se, expor-se, oferecer-se a Ele. É ouvi-Lo, amá-Lo, adorá-Lo, repousar Nele. É o silêncio da eternidade. É a união da alma com Deus!

16 de outubro de 2017

Nova Entrevista com Dom Athanasius Schneider

Nova entrevista com Dom Athanasius Schneider, ORC.

Áudio em italiano, legenda em espanhol. Está fácil de entender. 
Não deixe de assistir. Ele aborda vários temas atuais e urgentes!


Do site: Adelante la Fe







26 de setembro de 2017

Novena de Santa Faustina*

* Para uso privado

Hoje, dia 26 de setembro, começa-se a Novena de preparação à Festa de Santa Faustina Kowalska, que é celebrado no dia 5 de outubro.

Pode-se fazer esta novena às 15:00 - hora que é consagrada à Divina Misericórdia, pois Jesus disse à Santa Faustina: “Às três horas da tarde implora à Minha Misericórdia especialmente para os pecadores, e ao menos por um breve tempo reflete sobre Minha paixão, especialmente sobre o abandono em que me encontrei no momento da agonia. Esta é a hora de grande Misericórdia para o mundo inteiro, Nesta hora não negarei nada à alma que pedir pela Minha paixão..." (Diário § 1320)

Oração inicial para todos os dias
"Lembra-te, Faustina!"

Lembra-te, ó Santa Faustina - vós que fostes escolhida como apóstola da Misericórdia Divina - de como o Salvador lhe pedia com tanta veemência para que distribuísse Sua Misericórdia, orando e se oferecendo pelos pecadores e necessitados de Sua Misericórdia Infinita. Esta seria sua missão na terra e no Céu, e para isto fizestes o Ato de Oferecimento. 

Suplico-vos, então, intercedei junto ao Coração Misericordioso de JESUS para que eu alcance as Graças que tanto necessito:
= A conversão e a Graça de viver com fé, humildade, contrição e amor o Sacramento da Confissão; e (pede-se uma graça espiritual) do qual tanto preciso, e depende minha salvação.
= E a graça... (peça por suas necessidades temporais)

Se no entanto, algo que pedi não for do agrado de JESUS, peço-vos que junto à Santíssima Virgem Maria mude meu pensamento, para que eu queira somente o que for de acordo com a Vontade de JESUS e para a glorificação de Sua Misericórdia.

Seja como for, suplico-vos, atendei-me e por fim guiai-me pelo Caminho de santidade pelo qual percorreste: Fé e Confiança no Amor e na Misericórdia Divina, Humildade e Caridade para com os irmãos, Pureza e Fidelidade; que eu me converta inteiramente e para sempre a Jesus, vivendo somente conforme Suas Vontades.

Que não haja em mim: orgulho, amor próprio e respeito humano; nem auto piedade, falsidade e inveja; nem vaidade, impureza e infidelidade; nem incredulidade e ilusão. Que o pecado não me contamine e o mal não me desvirtue. Que enfim, seja eu também apóstolo(a) da Misericórdia Divina. Santa Faustina, rogai por nós, fracos e pecadores que recorremos a vós. Amém!


1º Dia

- Rezar a Oração: "Lembra-te, Faustina!"
Ramalhete: "Lembro-te, Minha filha, que todas as vezes que ouvires o relógio bater três horas da tarde, deves mergulhar toda na Minha Misericórdia, adorando-a e glorificando-a. Invoca a Sua onipotência em favor do mundo inteiro, e especialmente dos pobres pecadores, porque nesse momento estará largamente aberta para cada alma. Nessa hora conseguirás tudo para ti e para os outros. Nessa hora o mundo inteiro recebeu um grande graça: a Misericórdia venceu a justiça...” (Diário, § 1572)
- Rezar o Terço da Misericórdia.
- Rezar a Oração final para todos os dias.


Oração final para todos os dias


“Ó Deus de grande Misericórdia, Bondade infinita, eis que hoje a humanidade toda clama do abismo da sua miséria à Vossa Misericórdia, à Vossa Compaixão, ó Deus, e clama com sua potente voz de miséria: Deus clemente, não rejeiteis a oração dos exilados desta terra.

Senhor, Bondade inconcebível, que conheceis profundamente a nossa miséria e sabeis que com nossas próprias forças não temos condições de nos elevar até Vós, por isso Vos suplicamos, adiantai-Vos ao nosso pedido com a Vossa Graça e multiplicai em nós sem cessar a Vossa Misericórdia, para que possamos cumprir fielmente a Vossa santa vontade durante toda a nossa vida e na hora da morte.

Que o poder da Vossa Misericórdia nos defenda dos ataques dos inimigos da nossa salvação, para que aguardemos com confiança, como Vossos filhos, a Vossa vinda última, dia que somente Vós conheceis, e confiemos que alcançaremos tudo que nos foi prometido por Cristo, apesar de toda a nossa miséria, porque Cristo é a nossa confiança; pelo Seu Coração Misericordioso, como por uma porta aberta, entramos no Céu.” (Diário § 1570)


2º Dia

- Rezar a Oração: "Lembra-te, Faustina!"
Ramalhete: Santa Faustina Kowalska escreveu em seu Diário: "Em certa ocasião, uma pessoa me pediu orações; quando me encontrei com o SENHOR, disse-Lhe estas palavras: 'JESUS, amo especialmente aquelas almas que Vós amais', e JESUS me respondeu com estas palavras: 'E Eu concedo Graças especiais àquelas almas pelas quais intercedes diante de Mim'." (Diário § 599)
- Rezar o Terço da Misericórdia.
- Rezar a Oração final para todos os dias.


3º Dia


- Rezar a Oração: "Lembra-te, Faustina!"
- Ramalhete: Santa Faustina escreveu em seu Diário: “Sinto bem que a minha missão não termina com a morte, mas começará com ela. Ó almas vacilantes, eu vos descortinarei o véu dos céus para vos convencer da Bondade de Deus, para que não machuqueis mais com a dúvida o dulcíssimo Coração de Jesus. Deus é Amor e Misericórdia.”  (Diário § 281)
- Rezar o Terço da Misericórdia.
- Rezar a Oração final para todos os dias.


4º Dia


- Rezar a Oração: "Lembra-te, Faustina!"
- Ramalhete: "1934 – Quinta-feira Santa. Disse-me Jesus: Desejo que faças o sacrifício de ti mesma pelos pecadores, especialmente por aquelas almas que perderam a esperança na Misericórdia Divina.(Diário § 308)
- Rezar o Terço da Misericórdia.
- Rezar a Oração final para todos os dias.


5º Dia


- Rezar a Oração: "Lembra-te, Faustina!"
- Ramalhete: Ato de oferecimento de Santa Faustina. "Diante do Céu e da terra, diante de todos os Coros de anjos, diante da Santíssima Virgem Maria, diante de todas as Potências celestes, declaro a Deus Uno e Trino que hoje, em união com Jesus Cristo, Salvador das almas, faço espontaneamente o sacrifício de mim mesma pela conversão dos pecadores, especialmente por aquelas almas que perderam a esperança na Misericórdia Divina..." (Diário § 309)
- Rezar o Terço da Misericórdia.
- Rezar a Oração final para todos os dias.


6º Dia


- Rezar a Oração: "Lembra-te, Faustina!"
Ramalhete: Ato de oferecimento de Santa Faustina. "...Esse sacrifício consiste em eu aceitar, com total submissão à Vontade Divina, todos os sofrimentos e receios e temores que oprimem os pecadores, e em troca entrego-lhes todos os consolos que tenho na alma, que decorrem da convivência com Deus. Numa palavra, ofereço por eles, tudo: Santas Missas, Comunhões, penitências, mortificações e orações." (Diário § 309) 
- Rezar o Terço da Misericórdia.
- Rezar a Oração final para todos os dias.


7º Dia


- Rezar a Oração: "Lembra-te, Faustina!"
Ramalhete: Ato de oferecimento de Santa Faustina. "...Não tenho medo dos golpes da Justiça Divina, porque estou em união com Jesus. Ó Deus, desejo dessa maneira desagravar-Vos por aquelas almas que não confiam em Vossa Bondade. Confio plenamente no oceano da Vossa Misericórdia.” (Diário § 309)
- Rezar o Terço da Misericórdia.
- Rezar a Oração final para todos os dias.


8º Dia


- Rezar a Oração: "Lembra-te, Faustina!"
Ramalhete: Ato de oferecimento de Santa Faustina. "...Meu Deus e meu Senhor, meu quinhão pelos séculos, não baseio esse Ato de Oferecimento em minhas próprias forças, mas na força que decorre dos méritos de Jesus Cristo. Repetirei diariamente este Ato de Oferecimento com a oração seguinte, que Vós mesmo me ensinastes, Jesus. Ó Sangue e Água que então jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de Misericórdia para nós, eu confio em Vós. Ir. Maria Faustina do Santíssimo Sacramento. Quinta-feira Santa, durante a Santa Missa, 29-03-1934." (Diário § 309)
- Rezar o Terço da Misericórdia.
- Rezar a Oração final para todos os dias.


9º Dia


- Rezar a Oração: "Lembra-te, Faustina!"
Ramalhete: Sua missão também era rezar para que as almas não tivessem medo de se aproximar do Sacramento da Confissão: “Hoje ouvi estas palavras: Reza por essas almas, para que não temam aproximar-se do tribunal da Minha Misericórdia. Não te canses de rezar pelos pecadores. Tu sabes quanto suas almas pesam em Meu Coração. Alivia a Minha tristeza mortal, distribui a Minha Misericórdia.” (Diário, § 975)
- Rezar o Terço da Misericórdia.
- Rezar a Oração final para todos os dias.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


= DIÁRIO da Serva de Deus Ir. Maria Faustina Kowalska, professa perpétua da Congregação de Nossa Senhora da Misericórdia. - Edição de 1982, da Congregação dos padre Marianos, Curitiba - Paraná.

* Todos os Direitos da oração "Lembra-te, Faustina!" são reservados a R. Maria (desde 27/09/1999).