1 de dezembro de 2015

A espera na Fé

O santo padre, papa Bento XVI, iniciou sua Carta Apostólica “Porta Fidei” afirmando que “a porta da fé está sempre aberta para nós”!

Estamos entrando no período que antecede o Natal; que não é ainda o momento das festas, mas de preparação e vigilância; e mais do que nunca, neste “Ano da Fé”, um tempo que nos convida a entrar pelas portas deste mistério: a espera na fé.

Para o cristão, o Ano Novo inicia-se no Primeiro Domingo do Advento, e no decorrer das semanas somos conduzidos ao encontro com o Emanuel. O Salvador que desce até nós e Se faz um de nós... mas para quê? Não para se prender conosco nos horizontes deste mundo, mas para elevar-nos, conduzir-nos para o alto!

É por isso que advento significa a espera por algo ou alguém importante que está para chegar! Assim, não só nos aponta para a vinda de Jesus Menino no Natal, mas também para a segunda vinda de Cristo, Glorioso, que virá rodeado de Seus Anjos; é o que vemos no Primeiro Domingo do Advento. Interessante como a Santa Igreja preparou os textos para cada domingo formando-nos neste caminho de fé.

No segundo domingo, é nos mostrada a figura de São João Batista, que nos alerta para termos atitudes firmes de penitência e conversão. E com a alegria do perdão, abre-se a terceira semana proclamando: “Alegrai-vos!” É o domingo da alegria: Gaudete; porque nos anuncia a proximidade da chegada do Senhor. E por fim, conclui-se este período preparatório com a doce presença da Virgem, modelo vivo de fé. Ninguém melhor do que Maria para ensinar-nos e preparar-nos para a chegada de seu filho Jesus.

Devemos ter consciência de que esta espera não pode ser apenas ritual, pois tudo na vida cristã tem um sentido bem profundo! Deus ao vir até nós, abriu-nos novamente a porta que o pecado havia fechado. Ele Se rebaixou-Se até nós, nos tocou. Cabe-nos agora responder, abrindo nossa porta a Ele, com a adesão à Sua proposta.

São Paulo escreveu que “a fé deve operar pela caridade” (Gal 5, 6b), e São Tiago que “sem obras ela é morta” (Tg 2, 17); portanto a fé está ligada ao assentimento do intelecto e da vontade. Ela não é algo subjetivo, mas bem concreto, e somos nós que decidimos, se aceitamos ou não!Abrir a porta à Cristo, esperando na fé, é preparar nossa casa, nossa família, nosso coração, nossa vida para a chegada de Alguém muito importante que quer morar conosco e conduzir-nos com Ele para um lugar muito melhor, e que Ele já preparou para nós!

Se ficarmos só no exterior das festas, comidas e presentes, deixaremos passar pela nossa porta o Cristo que veio humilde e simples, como uma criança, e não O conseguiremos identificar. E passadas as festividades, as preocupações e sofrimentos do dia a dia nos serão muito pesadas. É preciso que o encontro com Jesus Menino no Natal realmente produza no mais profundo do nosso ser a certeza de que não estamos sozinhos nem abandonados, mas há Alguém que cuida de nós, que nos ama, em Quem podemos confiar com segurança. É preciso apoiarmos n'Ele. Para isso é imprescindível que a preparação para a Sua vinda também seja bem feita, através dos Sacramentos, em especial a confissão e a Eucaristia, mas também uma vida de oração verdadeira.

Assim, a espera na fé, será fonte de alegria, como nos afirma São Pedro: “Isto é motivo de alegria para vós, embora seja necessário que agora fiqueis por algum tempo aflitos, por causa de várias provações. Deste modo, a vossa fé será provada como sendo verdadeira, mais preciosa que o ouro perecível, que é provado no fogo e alcançará louvor, honra e glória, no dia da manifestação de Jesus Cristo. Sem ter visto o Senhor, vós o amais. Sem O ver ainda, n'Ele acreditais. Isso será para vós fonte de alegria indizível e gloriosa, pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação” (I Pd 1, 6-9).
Publicado no Informativo da Comunidade Sol de DEUS - dez 2012.

Venite Adoremus


 “E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós, e vimos Sua glória...” (Jo 1, 14). Assim João Evangelista resumiu o maior acontecimento da história. De fato, a humanidade, mesmo os que não creem, se moldaram ao ‘Antes e Depois de CRISTO’.

Não se sabe o dia exato que nasceu JESUS, apenas que, no século II, no dia 25 de dezembro, havia a ‘Festa do sol’, quando - no hemisfério norte - em meio ao inverno gelado, o sol voltava a aparecer, e com sua luz e calor vencia as trevas e o frio da neve. A Igreja encontrou nesta data, ótima ocasião para evangelizar e educar os povos pagãos, colocando novo sentido para esta festa; pois sendo CRISTO verdadeiramente o Sol de DEUS, veio iluminar o mundo que jazia nas trevas do pecado, e o abrasar com o Seu amor Misericordioso.

Mas hoje, a perda do ‘sentido do sagrado’ e da verdadeira piedade, está fazendo com que esta Festa Cristã seja substituída pela pagã, e o que devia ser guiado pelo ‘espírito do sagrado’, está sendo conduzido pelo ‘espírito do comércio’, que aliás, a inaugura bem antes, para alcançar mais lucro. A figura do ‘Papai Noel’ está sufocando a imagem do verdadeiro aniversariante: o Menino JESUS; principalmente na cabeça e no coraçãozinho das crianças. DEUS nos ajude para que daqui há algum tempo as crianças não passem a acreditar que quem nasceu no Natal foi o ‘Papai Noel’!

A figura do ‘bom velhinho’, surgiu na Alemanha em 1886, por um cartunista chamado Thomas Nast, foi espalhada pelo mundo inteiro em 1931, em uma campanha publicitária de refrigerante. Mas talvez poucos sabem que a inspiração deste personagem foi São Nicolau, um Bispo católico, nascido por volta do ano 280 d.C., na Turquia. O Bispo, caridoso, costumava ajudar as pessoas pobres, deixando saquinhos com moedas nas portas ou chaminés das casas.

Mas longe de querer tirar o sentido dos "tradicionais" símbolos natalinos, como ‘Papai Noel’, Árvore de Natal, Panetones, Luzinhas pisca-pisca, etc., não podemos deixar de frisar que há um símbolo muito mais belo, e com muito mais sentido: o Presépio.

Conta-se que em 1223, em Greccio, Itália, foi montado o primeiro presépio da história, por São Francisco de Assis. Seu objetivo era explicar às pessoas mais simples como foi o nascimento de JESUS. Verdadeiramente o Presépio nos faz compreender que só em torno do Menino, o mundo pode encontrar a paz, a alegria, a luz, o sentido, a salvação.

“Existe um ser humano mais frágil do que um bebê recém-nascido? Uma habitação mais pobre do que uma gruta? Um bercinho mais simples do que uma manjedoura?”(2) No entanto, este pequenino indefeso, que repousa entre as palhas, é o Criador do Universo, o próprio DEUS, que veio habitar entre os homens; para viver como eles (exceto no pecado), e enfim, morrer no lugar deles, para salvá-los.

Em cada Natal temos a oportunidade de reviver este acontecimento singular, pois “não se trata apenas de uma recordação de fatos que pertencem ao passado; mas de uma realidade muito mais profunda, é antes o próprio CRISTO que vive sempre na Sua Igreja e que prossegue o caminho de imensa misericórdia por Ele iniciado, piedosamente, nesta vida mortal, quando passou fazendo o bem...” (1)

“Se hoje, não vemos diretamente, como os pastores o Divino Menino repousando nas palhas(2), entre Maria e José, entre o boi, o burro e as ovelhas, “contemplamo-Lo com os olhos da Fé, na Pequenina, Frágil, Imaculada Hóstia, que o sacerdote apresenta para a adoração dos fiéis; não ouvimos a voz dos Anjos entoando o Glória, mas chega a nós o convite da Santa Igreja: ‘Vinde, adoremos!’ Se grande foi a fé daqueles homens simples de crerem que aquele Pequenino, era o próprio DEUS, nossa fé pode alcançar grau mais elevado se considerarmos o mesmo DEUS, escondido na Eucaristia”.(2)

Que no esplendor desta Noite Santa, possamos verdadeiramente abrir nosso coração para que nele nasça o Menino DEUS, acolhendo-O com amor, apresentando nossas ofertas do ouro da caridade, o incenso da fé e a mirra da humildade. ‘Venite adoremus!’

1 Pio XII, Mediator DEI, n. 150.
2 Clara Izabel Morazzani Arráiz, Revista Arautos do Evagelho.